quarta-feira, setembro 09, 2009

Antologia Improvável #397 - Onésimo Silveira

RAINHA


Lulucha só dançou um carnaval...
Má um carnaval de tal manêra
Que nem na Djacô
Nem na nhô Zé de Canda
Nem na nhô Jom Tolentino
Havia lembrança dum carnaval assim!

Seu primeiro -- seu último carnaval
No sobrado de nha Dublinha
Com música de Morgadim
E marcha de B. Léza
-- Quando é que tinha havido um carnaval assim
Com menininhas ricas de fantasias
E ela sempre à janela
Para lhe verem de fora a sua vestimenta de rainha
Luzir ao sol de petromax?

Seu primeiro carnaval
Gozando a sabura da noite
Nos braços de Djósa, sê cretcheu;
Girando que nem uma serpentina
Ah, nunca tinha havido um carnaval assim!

Seu primeiro -- seu último carnaval
Numa Terça-Feira de Carnaval
No peito de Djósa

Na boca de Djósa
No corpo de Djósa
Ah, carnaval assim nunca tinha havido!
Nunca tinha havido um carnaval assim
A bailar na concha dos seus olhos
A sorver-lhe todos os sorrisos, todas as esperanças
Todas as noites
Depois da sua primeira -- da sua última noite de carnaval!



Hora Grande / No Reino de Caliban I
(edição de Manuel Ferreira)

3 comentários:

Teresa Santos disse...

Passo "a correr" apenas para comunicar que tens mais uma seguidora, EU!
Consequência do prémio "este blog é viciante".

Abraço.

Ricardo António Alves disse...

Encantado e desvanecido, Teresa
(tenho de descobrir a culpada!) :|
Até breve.

Teresa Santos disse...

Já vi que me descobris-te. Obrigada pela visita!

Dou-te uma ajudinha relativamente à "culpada". É a amiga do Bichocarpinteiro, óbvio.

É óptimo que os "bons" e os "muito bons" nos vão sendo referidos. Neste IMENSO mundo da blogosfera, por vezes é difícil encontrar a "nata".

Ter-me-ás sempre por aqui.
Abraço.