BAILUNDOS
Por esses longos caminhos
os desertos povoando
passam negras comitivas
de bailundos...
Descalços como Jesus,
e os seus corpos mal cobertos,
são negras sombras na sombra
que se eleva escuramente,
sem um carinho de luz.
A noite é um borrão de tinta preta!
Mas a triste comitiva
pisando bem o caminho,
-- estreito por ser tão longo
como a vida de quem sofre,
como a vida dessas gentes,
vai seguindo o seu destino
cantarolando nocturnos
de baladas inocentes.
E quando o Sol acordar
em seu berço oriental,
as comitivas andando
por carpetes de capim,
que eu não sei onde vão dar,
que eu não sei se têm fim,
vencendo altivamente, a luta forte
desta vida de ilusão,
procuram, inutilmente,
mais longe, sempre mais longe,
a Terra da Promissão.
...Ó mensageiros tristes da saudade
que trago dentro de mim:
Esse caminho é eterno
E a minha dor não tem fim!
Haveis de caminhar, sempre caminhar,
que nunca terá fim o vosso inferno!
-- Não existe humanidade,
e o mundo foi sempre assim!
Tatuagem / No Reino de Caliban II
(edição de Manuel Ferreira)
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