ROMANCE DE TOMASINHO-CARA-FEIA
Farto de sol e de areia,
que é o mais que a terra dá,
Tomasinho-Cara-Feia,
vai prà pesca da baleia.
Quem sabe se tornará?
Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe,
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.
Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta;
deixou para sempre a horta,
que a longa seca matou.
Tomasinho-Cara-Feia,
(outro nome, quem lho dá?)
farto de sal e de areia,
foi prà pesca da baleia.
-- E nunca mais voltará.
A Ilha e a Solidão / No Reino de Calibã I
(edição de Manuel Ferreira)
quarta-feira, setembro 16, 2009
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4 comentários:
E quantos "Tomasinho-Cara-Feia" ainda existem, ainda vivem sobrevivendo?
Noutras pescarias...
Belo poema, tão cantante... e sério.
Obrigada, RAA. Não conhecia o autor.
Danial Filipe, o poeta d'A Invenção do Amor.
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