quarta-feira, setembro 18, 2024

tempo de romance - Júlio Dinis

«Como homem de família, não havia também que pôr a boca em José das Dornas. Em perfeita e exemplar harmonia com sua mulher, e então, como depois que viuvara, manifestou sempre pelos filhos uma solicitude, não revelada por meiguices -- que lhe não estavam no génio -- mas que, nas ocasiões, se denunciava por sacrifícios de fazerem hesitar os mais extremosos.» Júlio Dinis, As Pupilas do Senhor Reitor (1867) 

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«Afoito, furtando-se à tentação da Zefa, o Brás ia seu caminho, em direitura aos almargeais. O cemitério ficava-lhe à esquerda, e ele, sem olhar para lá, com que não acreditasse em almas do outro mundo, benzeu-se e rezou um padre-nosso pelo descanso dos fiéis defuntos, e outro pelo de seu pai, que morreu a comer o caldo, com noventa anos feros. Os longes esfarelavam-se num luaceiro grisalho, como de moinha ao vento; mas, a todo o largo da mirada, a terra descobria-se com os mouchões das leiras a reluzir prateados ao luar e os regos coalhados de tinta negra.»
Aquilino Ribeiro, "Terras do Demo". Romance. (1919)