sexta-feira, março 11, 2022

a língua de pau soviética choca com o instinto da terra (passando pela Goldman Sachs e o congressista cuja boca foge para a verdade: tenta-se no fim encontrar uma explicação para a história da maternidade) (ucranianas XLII)

Do grotesco. A Goldman Sachs encerrou os seus serviços na Rússia. Não sei como vai o povo russo viver agora... (Ninguém lhes atira com uma bomba de fósforo?)

O sovietismo tardio, de Putin a Lavrov, passando por funcionários menores de não chamar guerra à tal operação militar especial. Se os ucranianos lhe tivessem caído nos braços, ainda podia passar; com o vender cara a pele quando o solo é invadido, não vale a pena continuar com a comédia. Mas também percebo que não fique bem chamar tabuleiro à Ucrânia e peões dos americanos aos dirigentes do país, que é o que eles foram nesta história, que andou muito depressa: quanto mais destruição menos o argumento NATO fará sentido, e o que era uma acção preventiva justificada pela geoestratégia russa torna-se numa brutal acção bélica, de que os russos terão muita dificuldade em libertar-se. Como digo desde o príncípio, o tempo corre contra Putin, e cada vez mais aceleradamente, não em termos militares (hoje, na rádio, ouvia o major-general Carlos Branco dizer que no que respeita a confronto efectivo, ainda só aconteceram escaramuças), mas nos custos políticos internos e externos.

Um congressista ou senador, não me recordo, americano, a propósito de uma pendência com os russos, que o conflito em curso torna de difícil resolução, deixa escapar um "agora estamos em guerra". Já se sabia.

Se os russos tomaram uma maternidade como alvo, temos de fazê-los recuar aos tempos de Átila o Huno. Como para caricatura já me basta aquilo em que tropeço hora a hora, só vejo duas hipóteses: ou um erro que lhes custou mais uma avalanche de propaganda hostil; ou, muito provavelmente, pois é uma táctica das forças mais fracas em teatro de operações, os ucranianos ali instalaram material militar, com o  objectivo de suscitar essa propaganda, pela resposta de fogo que a tropa russa inevitavelmente daria. Oiçam os militares, que eles explicam como estas coisas se processam -- não é nada de novo. Ser acusado de chacinar crianças, destruir maternidade, etc., é altamente desmoralizador para quem o sofre; e quem é mais fraco tem de fazer das fraquezas forças. A guerra está cheia de maquiavelismos macabros.


4 comentários:

Unknown disse...

Ouvir aqui Pepe Escobar, jornalista e analista internacional, neste momento e desde há quase 2 meses sedeado em Istambul :


https://youtu.be/9sHn3BMXqjA

R. disse...

Obrigado, vou espreitar.

Sara Fonseca Ferreira disse...

Excelente. Obrigada pela partilha que eu vou também passar a quem tem possibilidade de compreender.

R. disse...

Eu é que agradeço, Sara.