sexta-feira, julho 27, 2018

«Com os remos a chapejarem surdamente, cautelosos como os dos ladrões, nas proas um ruído fino, menor ainda que os dos botos cortando a tona da água, as canoas meteram a terra.» Ferreira de Castro, O Instinto Supremo (1968)

«E a chuva começa, o ruído doce da chuva que faz sonhar em tantas coisas idas e tristes!» Raul Brandão, Os Pobres (1906)

«Era em Julho, um domingo; fazia um grande calor; as duas janelas estavam cerradas, mas sentia-se fora o sol faiscar nas vidraças, escaldar a pedra da varanda; havia o silêncio recolhido e sonolento de manhã de missa; uma vaga quebreira amolentava, trazia desejos de sestas, ou de sombras fofas debaixo de arvoredos, no campo, ao pé da água; nas duas gaiolas, entre bambinelas de cretone azulado, os canários dormiam; um zumbido monótono de moscas arrastava-se por cima da mesa, pousava no fundo das chávenas sobre o açúcar mal derretido, enchia toda a sala de um rumor dormente.» Eça de Queirós, O Primo Basílio (1878)

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