segunda-feira, julho 10, 2017

improbabilidades

Fora eu secretário de estado, ou coisa assim, e recebesse o convite da Galp para uma futebolada em que participasse a selecção portuguesa num campeonato europeu ou mundial, bilhetes pagos, viagens pagas (presumo), a primeira coisa que faria seria pedir à minha secretária para inquirir junto do gentil conselho de administração sobre o número de colaboradores (parece mal dizer 'trabalhadores' ou 'funcionários') -- quantos, portanto, colaboradores, a começar pelos gasolineiros e seus empregados, haviam sido gentilmente distinguidos com idêntica benesse. Claro que depois recusaria, agradecendo, pois é mesmo foleiro um membro do governo aproveitar-se destas migalhas de que, por interesses outros ou bajulações várias, os dinheirosos lançam mão.

Estou já a ouvir a enxúndia opinativa dos mercenários de serviço: demagogia, pá!, demagogia. A conversa fiada e bem remunerada do costume. Direi, contudo, que este episódio canhestro, nada é, aparentemente, comparado com a gatunagem (outra palavra talvez demagógica) que tem assaltado o estado em governos tantos, e anda por aí, boa parte dela, a viver acima das nossas possibilidades.

6 comentários:

Jaime Santos disse...

Mais uma vez, completamente de acordo. É preciso ser-se néscio e também vaidoso para se pensar que um tal convite não vem com água no bico. Os ex-governantes até podem nada ter feito de ilegal, mas os servidores do Estado são como a mulher de César, não lhes basta ser honestos, têm que estar acima de qualquer suspeita. O que se pede que se utilize, sim senhor, é a bitola que se utiliza nos países nórdicos. Quem faz asneira, vai para o olho da rua... E que bom que é pensar que fruto da pressão me(r)diática e popular, essa bitola é cada vez mais a nossa...

R. disse...

Veja lá se ainda o acusam de demagogo...)

sincera-mente disse...

OU IMPROBIDADES?...

Gostei dessa da enxúndia. Desde a minha avó que não ouvia/via tão calórico vocábulo!

Jaime Santos disse...

:-) . Normalmente sou bastante cuidadoso em relação ao julgamento moral e político daqueles que exercem cargos públicos. Mas trata-se aqui de algo muito simples, a saber, que os agora ex-governantes foram estúpidos ao aceitar tal convite. E a estupidez tem um custo em política...

M,Franco disse...

Tem toda a razão!
Boa noite.

R. disse...

Fernando, um vocábulo muito brandoniano :|

Jaime: até chateia.

Maria: ambas as duas :)