sábado, agosto 13, 2005

Correspondências #9 - José da Cunha Brochado a destinatário não identificado

Meu Senhor.
Estimo muito as boas novas que Vossa Mercê me dá de se haver recolhido com saúde a sua casa, onde ficará logrando o descanso que por cá lhe faltava.
V. M., que sempre foi injusto venerador das Cortes estrangeiras, me diz que se acha muito só na nossa Corte; porém, nela melhor que nas outras viverá V. M., ainda que em menos concurso com menos concorrentes. A nossa comédia tem menos aparato, mas diverte a menos custo; a nossa praça terá menos passeio, mas tem menos atenções. As damas, que lá são menos expostas, são , por isso, mais dignas do privilégio com que as criou a natureza. As Tulherias, [por] que V. M. suspira tanto, não têm de grande mais que a novidade com que V. M. as via; mas é escusado persuadir este conhecimento a um fidalgo português, cujo génio foi sempre pagar-se mais do pouco, sendo-lhe singular, que do grande, sendo-lhe comum.
Veja V. M. se no meu pouco préstimo pode achar a honra de servi-lo.
Deus guarde a V. M. muitos anos.
25 de Agosto de 1697.
Cartas
(edição de António Álvaro Dória)

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