segunda-feira, junho 17, 2024

caracteres móveis IX - MARIA ADELAIDE

«Maria Adelaide completara dezasseis anos quando lhe colhi as primícias, e, à semelhança do que sucede com frequência na terra onde habitávamos, os pais, que eram pobres, consentiam em que mantivéssemos relações coram populo, indo eu todas as noites dormir na sua companhia.» M. Teixeira-Gomes, Maria Adelaide (1938)

«Das duas uma: ou as pessoas se fazem ao nome que lhes puseram no baptismo, ou ele tem de seu o bastante para marcar a cada um.» José de Almada Negreiros, Nome de Guerra (1938) - I. «As pessoas põem nomes a tudo e a si próprias também».

«15 de Fevereiro de 1893. É justo. Visto como o Destino houve por bem -- e por meu mal! -- atravessar-te no desfecho desse meu acto de loucura, justo é que conheças bem do fundo e bem na essência a história que o motivou.» Abel Botelho, O Livro de Alda (1898)  

«A taberna do Pescada ficava mesmo em frente ao cemitério dos Prazeres, e era frequentada pela gente do sítio, especialmente de noite, à hora em que os cabouqueiros e os britadores abandonam os seus trabalhos e entram na cidade, em ruído.» Fialho de Almeida, A Ruiva (1878)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«Do mesmo modo, quanto mais se lêem os sonetos e restantes líricas, mais perfume de beleza se exala daqueles ritmos de ouro e cristal. Mas os seus estos de amargor, esperança e desesperança, pessimismo e reconforto, languidez e agilidade, desencanto, enternecimento e frescura do coração só se compreendem com um homem profundamente infeliz, espezinhado da vida desde o berço, sobre quem se encanzinou a morfina. Não se cinture o pobre grande homem em precintas de múmia vendidas no bazar da virtude comum. Acabava por não interessar ninguém.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões-Fabuloso*Verdadeiro. "Introdução". Ensaio (1950)