É fácil dizer que isto está podre (eu próprio sou um dos que). Podre, o sistema político, não sei se já estará -- afinal, uma imprensa mais ou menos livre ainda comete estragos, viva o Correio da Manhã (!), mas que está doentíssimo, creio ser uma evidência.
De há muito que os partidos do sistema (PS, PSD, CDS) são cliques de interesses particulares, e os elementos saudáveis que por lá ainda andam não têm força para que aquilo se auto-regenere -- são, de resto, os primeiros a levar um encosto. O resto: o PCP, partido de nicho, cada vez mais, tem pelo menos o mérito de ser a consciência crítica do regime; o Bloco de Esquerda anseia por ser sistémico; a Iniciativa Liberal poderia ser uma boa ideia de refrescamento do espectro partidário, noutro enquadramento jurídico-político; um aborto como o Chega não passa de um sintoma do estado da questão.
Ninguém acredita que o sistema tenha em si os anticorpos que lhe permita sair desta mistela de políticos profissionais saídos das juventudes -- de Costa a Passos Coelho --, deste conúbio execrável entre profissionais da política, escritórios de advogados e jornalismo de maus costumes, que deu nisto.
É pena, pois em nome da democracia e da comunidade (do povo, da nação o que quiserem), o melhor seria fechar esta III República e inaugurar a IV, expurgando o que nos últimos quase 50 anos concorreu para que, por exemplo, existam este casículos de técnicas de despedimentos alçadas a secretárias de estado com indemnizações milionárias -- tudo na estrita legalidade orquestrada pelos escritórios de advogados que gerem o país -- pagas pela mesma empresa, em falência, em que a dita senhora cortava vencimentos. Já para não falar em todas as outras embrulhadas, do secretário de estado de Caminha aos pés-pelas-mãos do ministro Cravinho, que tem muito o que se explicar.
Sem comentários:
Enviar um comentário