quarta-feira, janeiro 29, 2020

as caralhadas do Ventura

Quando este chico-esperto foi eleito, uma certa esquerda epidérmica começou logo a falar em "fascismo" e outras parvoíces, como qualquer jornalista analfabeto que mistura alhos com bugalhos. Não, este espertalhão de fascista não tem nada; mais próximo está o pnr, e mesmo assim. O bom povo não gosta de radicalismos, gosta de aparente senso comum. E como é do mais elementar bom senso as gentes quererem sentir segurança (mesmo que o sentimento de falta desta seja extrapolado pelas cloacas mediáticas), ou sentirem aversão por violadores ou pedófilos, como qualquer pessoa bem formada, toca de explorar o filão. Não é o único a fazê-lo, diga-se, mas o Ventura utiliza um linguajar de taberna que cala fundo em qualquer pobre diabo. Foi o caso do comentário a propósito de Joacine Katar Moreira e a proposta do Livre para a devolução de bens culturais às ex-colónias patentes em museus portugueses, que não li mas com cujo princípio geral concordo, devendo, contudo, cada caso ser ponderado e estudado, peça a peça.
Ao deputado Ventura só o grau zero da política e da civilidade, não se importando com a utilização soez de determinados conceitos. Dizer que uma pessoa, qualquer que seja deva ser 'devolvida' à terra onde nasceu, o que quer dizer 'deportada', é muitíssimo mais grave que um qualquer deputado, em nome da decência, da higiene pública, da desinfecção viral se levantar no hemiciclo e dirigir-se-lhe nestes termos: "Proponho a vossa excelência a ida para a cona da mãe de vossa excelência", que no fundo é o que os deputados farão se for votada a proposta de repúdio do Bloco de Esquerda, devendo deixar-se bem claro que em relação a este espertalhaço nem é a 'ideia' que veicula que está em causa, por absurda; é mesmo o oportunismo e a ausência de vergonha que manifesta, além, insisto, de uma questão de higiene pública.   

12 comentários:

Maria Eu disse...

Ora, nem mais!
Um espertalhaço demagógico.

Boa tarde, Ricardo :)

R. disse...

Boas, Maria :|

Jaime Santos disse...

Não meta, meu caro, a mãe de Ventura nesta discussão, por favor. Se calhar ela é uma excelente pessoa que sente vergonha do filho que tem.

Lembro-lhe que ele em tempos escreveu uma tese de doutoramento em que defendia pontos de vista próximos do BE, o que justifica agora com a diferença entre Ciência, o que escreveu na altura, e Opinião, a que diz ter agora e então.

Sou capaz de apostar que a dita senhora se deve ter sentido orgulhosa do grau do filho e do conteúdo da Tese.

Como Ventura é demasiado inteligente e culto para não ter ouvido falar da Episteme e Doxa gregas e da diferença entre as duas, claramente ele é, como você diz, um oportunista que diz o que é preciso, o que faz dele o pior tipo de extremista. Se for preciso puxar do Fascismo, garanto-lhe que o fará a seu tempo.

Eu também acho que se deve devolver o Professor de Direito à proveniência, isto é, à cloaca, que é o lugar no qual ele e as ideias dele medram...

R. disse...

Nada de literalidades, meu caro. Nunca a senhora estve aqui em causa...

Jaime Santos disse...

Mandar alguém para a mãe que o gerou é um insulto para o próprio, não para a progenitora, evidentemente.

Só que com a tendência que Ventura e os seus têm para se fazerem de 'snowflakes', o tipo de linguagem que se usa é muito importante. Se ao insulto racista, respondemos com o insulto, colocamos a discussão exatamente onde esta gente a quer, ou seja, ao nível da cloaca.

Estas provocações servem para promover o preconceito nas hostes de Ventura e para irritarem os adversários e fazê-los, de preferência, baixar o seu nível do discurso. 'Vejam como eles são ainda piores do que nós, afinal!'

Uma vez calei um anti-semita que me enchia as medidas com insultos dirigidos às mais diversas personalidades, lembrando-lhe que aquele comportamento não era o mais próprio de alguém que dizia defender a civilização cristã europeia, porque não era particularmente cristão. Também lhe fiz reparar que era algo hipócrita um antigo emigrante como ele defender restrições à imigração.

Não sou nada defensor do 'when they go low, you go high', não funciona, mas também sei que 'you don't wrestle with a pig. You get dirty and the pig enjoys it'.

R. disse...

Concordo consigo, no espaço público, mediático e institucional, embora uma demonstração de nojo também seja profiláctica; também sou adepto das bengaladas oitocentistas, agora substituídas pelos banais pontapés no cu.
Mas aqui não é o caso, meu caro; apesar de público, um blogue é uma espécie de diário, e ai de mim se me vigiasse totalmente.

Jaime Santos disse...

O blogue é seu evidentemente, escreve o que quiser. Mas como escrevi uma vez sobre algo que disse de Gina Miller, não subestime o número de pessoas que o leem. E se há coisa que os floquinhos de neve castanhos (cor das camisas das SA, caso haja dúvida sobre aquilo de que estou a falar) gostam de fazer, é passar-se por vítimas. Não lhes dê a oportunidade.

Vivemos numa era bastante mais igualitária do que o tempo de Eça de Queirós, em que era possível a um cavalheiro despachar um mal-educado qualquer de condição inferior à sua com umas boas bengaladas (aos iguais estava reservada a espada ou a pistola a 20 passos, ou lá o que era).

Felizmente, embora claro, nem tudo seja perfeito, como no caso presente.

R. disse...

Se há algo que eles ainda não conseguem é passar-se por tal.
(Tive de ir à procura, já não me lembrava. Sabe então que sou um caso perdido...)

Sim, lembro-me sempre do caso do Voltaire que se atreveu a desafiar um nobre para um duelo...

Jaime Santos disse...

Não ligue, eu tenho uma memória prodigiosa para os detalhes inúteis. Para o que é útil, incluindo por vezes o trabalho, sou um desastre :) ...

Pois, Voltaire foi surrado pelos jagunços do cavalheiro, não é verdade? Isto muito embora privasse com Reis e Imperatrizes...

Quanto aos meninos, o que é característico desta era é a sua capacidade para se sentirem ofendidos, coitadinhos, deve ser muito difícil ser-se branco, homem e heterossexual nos dias de hoje.

Embora, com aquele tipo de atitude, gostava de saber qual a mulher que lhes pega...

E, se calhar, o problema começa por aí. Alguém disse a propósito de Enoch Powell, deputado conservador xenófobo e com queda para o Fascismo que se não existissem tantos eunucos em Inglaterra, ele não teria tido os votos que teve...

R. disse...

Tanto quanto julgo lembrar-me, o próprio responde-lhe com um pontapé no traseiro.
Está a sobrestimar a sensibilidade dos castanhos, meu caro; aliás, o sentirem-se ofendidos elevá-los-ia à categoria de seres sencientes, como os touros de lide; acho que a deles estará mais ao nível do isco da pesca desportiva -- já que estamos a falar em ludismos animais...
Pois o Enoch Powell, o nome não me é estraho, mas não me diz nada.

Jaime Santos disse...

Powell fez um famoso discurso sobre os 'rios de sangue' no final dos anos 60, em que previa violência se o RU continuasse a aceitar imigrantes (tratava-se na altura, creio de imigrantes vindos das Índias Ocidentais e outras antigas colónias).

Os Farages, os Johnsons, os Goves são todos, de uma maneira ou de outra, discípulos do nacionalismo inglês xenófobo de Powell. Até Thatcher bebia do fino, pelos vistos...

Curiosamente as únicas pessoas apesar de tudo minimamente decentes foram Major e May, que falharam. A lesma Cameron não conta :-) ...

É trágico que um País onde a maioria vota consistentemente à Esquerda ou nos Liberais (que são um Partido verdadeiramente centrista) tenha tido sucessivos governos conservadores por causa do sistema de votação arcaico que ainda elege os deputados para Westminster...

R. disse...

Desconhecia o discurso. Claro que agora vai ficar tudo resolvido, imigrantes é coisa que eles vão deixar de ter...