Relido Os Cus de Judas 28 anos depois (!) da primeira vez. Esta, por exemplo: «A mulher dos amendoins, a que faltava o cotovelo esquerdo, montava a sua indústria de alcofas nos baixos da nossa varanda, e narrava à minha avó, em discursos verticais, de baixo para cima, as bebedeiras do marido, através de cuja violência explodiam capítulos de Máximo Gorki da Editorial Minerva.»* Quem se estreava a escrever desta maneira teria, forçosamente, de marcar a paisagem literária nas décadas seguintes.
António Lobo Antunes, Os Cus de Judas, 9.ª edição, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1993, p. 13.
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