sexta-feira, setembro 24, 2010

Antologia Improvável #451 - Cecília Meireles (8)

MÁQUINA BREVE


O pequeno vaga-lume
com sua verde lanterna
que passava pela sombra
inquietando a flor e a treva
-- meteoro da noite, humilde,
dos horizontes da relva;
o pequeno vaga-lume,
queimada a sua lanterna,
jaz carbonizado e triste
e qualquer brisa o carrega:
mortalha de exíguas franjas
que foi seu corpo de festa.


Parecia uma esmeralda
e é um ponto negro na pedra.
Foi luz alada, pequena
estrela em rápida seta.


Quebrou-se a máquina breve
na precipitada queda.
E o maior sábio do mundo
sabe que não a conserta.

Antologia Poética

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