quarta-feira, outubro 07, 2009

JornaL

Na entrevista a Luís Ricardo Duarte, no JL de hoje, António Lobo Antunes diz algo que todos os verdadeiros escritores sabem: «Não podemos ser complacentes connosco enquanto fazedores de livros. Se não for para ser o melhor, não vale a pena escrever. Se não for para dizer coisas que nunca foram ditas, não vale a pena escrever.» E, mais à frente, outra verdade consabida: «Escrever é muito difícil. E custa muito. Põe-se tempo e saúde, mas ao cabo e ao resto são os livros que são importantes.»
É duro, mas verdadeiro; e só para alguns, muito poucos.

5 comentários:

Teresa Santos disse...

Sabes? Sou suspeita relativamente a tudo o possa dizer sobre Lobo Antunes. E isto, porque sou uma admiradora incondicional do Homem.
É dos escritores portugueses que me dá mais gozo ler, (atenção, sem falsos pretensiosismos) porque me dá um enorme prazer intelectual. Não é de fácil leitura? Não, não é! Mas o prazer reside, precisamente, aí. No descobrir a "mecânica" da escrita, no "adivinhar" entre linhas, no acompanhar um racíocinio que não é óbvio.
Tenho toda obra dele (e lida!), por isso tenho acompanhado o percurso evolutivo da sua escrita. Para além da técnica redaccional, é esse querer fazer sempre melhor, é esse querer dizer novas coisas que fazem dele, sem qualquer sombra de dúvida, o escritor que faz a diferença.
Abraço.

Ricardo António Alves disse...

Obrigado pelo seu comentário, Teresa. O último que li dele foi o «Auto dos danados» (tenho de me actualizar...) e já aí se via essa boa oficina que, ao que tenho visto, não cessou de se aprimorar. De qualquer modo, o que ele diz é aplicável a todos os grandes: a banalidade, o lugar-comum são pechas em que incorrem os escribas menores; por outro lado, é difícil fazer uma obra sem que o autor se lhe entregue de forma obsidiante. Algo que exige uma força interior e acarreta custos difíceis de suportar para a maioria das pessoas.

Teresa Santos disse...

Claro RAA,

Estamos perante um trabalho que dá "muito trabalho".
E redundante mas é verdade! Ao bom escritor é exigido um grande sacrifício, uma grande capacidade de se organizar, uma grande entrega.
Amigo. Se queremos ser bons, no que quer que seja temos que ter espírito de sacrificio, sob opena de não passarmos do medíocre.
Abraço.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Sim , é verdade o que diz , mas neste falhou .., Admiro-o , relativamente , acho-o redutor e grosseiro na apreciação de outros pares , com mais valor do que ele , às vezes .
A Agustina é irremediavelmente melhor ...
De resto , percebo e venho acompanhando a forma como se mistifica , a página em branco , as sucessivas reescritas , uma frase durante dias de escrita , dá-me são disso exemplos ....
Neste livro a montanha pariu um rato , comecei a ler , e desisti na 51 ª página .
Sobreavalia-se muito ....
cordialmente
__________________ JRMARTO

Ricardo António Alves disse...

Como disse à Teresa, desde o «Auto dos Danados» que não leio nada dele, por nenhuma razão em especial...
A competição com os seus pares irrita-me bastante. Mas enfim, a grandeza de espírito também não é para todos.
Saudações cordiais.