quinta-feira, agosto 26, 2021

Afeganistão: os aliados de calças na mão e sem tempo para pensar -- ou a não-discriminação selectiva

 O que se assiste no Afeganistão é inominável. Não que houvesse grande ilusões, quanto ao desfecho, mas à forma como os Estados Unidos deixaram os seus aliados, para não falar com os afegãos, com as calças na mão. As declarações do G7 são patéticas, ridículas e só demonstram medo e impotência. É bem feito para estes mesmos aliados que, como diz Putin, muitas vezes com razão, se comportam menos como aliados e mais como vassalos, a começar por Portugal (veja-se como fomos obrigados a reconhecer a "independência" -- piada amarga -- do Kosovo).

Vamos tentar resgatar cento e poucas pessoas, a cinco dias do prazo que os talibãs deram aos Estados Unidos e aliados. (Se não estamos no domínio do improviso, do remendo, do desenrasca, de que tanto gostamos, o que vem a a ser isto?).

Fez-me confusão saber que no caso português estão contempladas as mulheres dos colaboradores dos portugueses, mas apenas uma; quando houver mais -- porque no islão, um homem pode ter mais de uma mulher -- alguma terá de ficar para trás. E como será? Tira-se à sorte? E os filhos de cada uma? Então não é este governo tão defensor de direitos básicos e essenciais de não discriminação? E anuncia que se desemerdem os afegão que trabalharam para nós que têm o azar de ter uma família composta por mais de uma mulher? Como é?, a não descriminação é só para os que têm os nossos padrões? 

Sem comentários: