sexta-feira, novembro 15, 2013

quando a protestadeirice passa das marcas ou a histeria em torno da homenagem a João César Monteiro

Espero que muitos dos que assinaram esta carta-aberta imbecil não tenham lido o seu conteúdo. A razão que assistia aos familiares por ninguém lhes ter dado cavaco sobre a homenagem que o festival de cinema de Paulo Branco iria prestar a João César Monteiro (leitura de textos por diversas pessoas, entre as quais o ministro Poiares Maduro) -- essa razão desvaneceu-se com a idiotice dos termos utilizados no protesto.
Acresce que não devem invocar os protestatários o suposto "intuito subjacente de branquear, neutralizar, festivalar o furor interventivo, manifestamente Anti-Sistema [com maiúsculas e tudo, caralho!], do cineasta, assim posto à mercê de tais canibais homenageantes", porque quem histericamente leva o protesto para a questão política devia saber que quem invoca o nome de João César Monteiro não tem autoridade moral para a invocar, pois JCM só filmou porque um negregado político (democraticamente mandatado, note-se, embora para alguns protestateiros tal possa ser coisa de somenos) despachou favoravelmente os subsidiozinhos para que JCM estendeu a mão (não a dele, é claro, que a gente não se suja com essas coisas, mas a do pedinte então de serviço, um produtor...). Houve gente, antes e depois do 25 de Abril, que nunca aceitou subsídios do Estado. Tenho exemplos. Não assim JCM no Portugal democrático (não sei se o que fez durante a Ditadura mereceu espórtula estatal; quero crer que não) e, quanto a mim, muito bem; muito mal este destempero protestadeiramente grotesco e, além do mais ridículo: daqui a cinquenta anos, se alguém se lembrar de ler poemas de JCM num certame destes, ninguém se vai dar ao trabalho de atestar a santidade Anti-Sistémica (para usar também maiúsculas, foda-se!) do preclaro realizador.

4 comentários:

Manuel Margarido disse...

Magnífico.

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, apesar do português canhestro, mas foi despachado na fúria do momento...

Ricardo António Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo António Alves disse...

Obrigado, apesar do português canhestro, mas foi despachado na fúria do momento...