«O exército ocupa tudo, tomou conta de tudo, instalou-se por toda a parte. É ele quem domina, porque é ele, afinal, quem terá de arrancar das mãos dos alemães a terra sagrada que eles violaram e que há quase três anos geme sob a sua pata selvagem.» Adelino Mendes, «A cidade d'Albert» (A Capital, 29-III-1917), Repórteres e Reportagens de Primeira Página (s.d.)
«É o que eu digo do grosseiro pilriteiro campónio, o dos espinhos hirsutos, que, destinado a não ter filhos, provavelmente adoptou as deliciosas flores de que se veste. / Elas são bem singulares, na verdade!» Olhando-as, por vezes, sinto que uma reminiscência longínqua me turba, acordada não sei como, e vinda não sei donde, a qual se esgarça em brumas de legenda, reminiscência dalguém que amei num tempo, sob outra forma, noutras idades, países...» Fialho de Almeida, «Pelos campos», O País das Uvas (1893)
«Proletários de todos os países, perdoai-nos!, lia-se na faixa conduzida pelos moscovitas na Praça Vermelha durante o desfile de um 7 de Novembro recente. / O que parecia definitivo se desintegra, deixa simplesmente de existir. A História acontece diante de nós, nos vídeos de televisão, transformações espantosas, mudanças inimagináveis, num ritmo tão rápido, tão absurdamente rápido que um dia vale anos, a semana tem a medida de um século.» Jorge Amado, Navegação de Cabotagem (1992)
1 comentário:
«É generoso amar o passado, ter o sentimento das forças atávicas, mas nunca de joelhos. Ajoelhar é sempre nirvânico, e prender-se de alma ao pretérito é alguma coisa o medo de quem teme a rota.»
Paris, inverno de 908-910.
Aquilino Ribeiro, in Alma Nacional, n° 19 de 16/VI/1910.
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