quinta-feira, novembro 30, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006
Caracteres móveis - Jean-Jacques Rousseau
[...] se não gosto de viver entre os homens, a culpa é menos minha do que deles.
Confissões
(tradução de Fernando Lopes-Graça)
segunda-feira, novembro 27, 2006
Antologia Improvável #182 - Isabel de Sá
JÁ ERA QUASE NOITE
De novo o calor da lareira
e ouvindo uma sonata de Beethoven
a memória impõe-me cenas
que não posso rasurar.
A perigosa linguagem do teu corpo,
a beleza das mãos sobre a página
de um livro onde aprendias
o ofício, a fascinante química
dos produtos que ajudam a viver.
Depois já era quase noite
e tarde demais para recuar.
Tudo estava perdido; a nossa honra,
o dia de estudo, o conceito de amor.
Erosão de Sentimentos / Repetir o Poema
De novo o calor da lareira
e ouvindo uma sonata de Beethoven
a memória impõe-me cenas
que não posso rasurar.
A perigosa linguagem do teu corpo,
a beleza das mãos sobre a página
de um livro onde aprendias
o ofício, a fascinante química
dos produtos que ajudam a viver.
Depois já era quase noite
e tarde demais para recuar.
Tudo estava perdido; a nossa honra,
o dia de estudo, o conceito de amor.
Erosão de Sentimentos / Repetir o Poema
domingo, novembro 26, 2006
Correspondências #69 - Domício da Gama a Jaime Batalha Reis
Bruxelas, 1.º de Março de 1902
7, rue Zinner
Meu caro Batalha
Você não respondeu à minha carta pedindo-lhe conta dos seus fornecimentos à Gazeta, sem dúvida por não ter tido tempo de descobri-la entre a sua imensa papelada. Não suponho que a sua conferência sobre V. H.* lhe tenha tomado mais tempo do que o necessário para escrevê-la (tive um [?] que facilitava assim estas coisas da escrita). Pela notícia demasiado resumida do Daily Chronicle vi que V. coloca o maior lírico dos tempos todos acima de Shakespeare e de Goethe. Hombre!... Não imagina o gosto que tive em vê-lo assim diante de Ingleses como aos vinte anos diante da Opinião. Se vivesse o nosso pobre Queiroz escrevia-lhe decerto uma carta de quarenta páginas, à pena solta.
Sabe que só agora li o Ramires? E com que ternura acompanhei a formação daquela figura e o processo da escrita, descobri movendo-se por entre as almas tipos, a alma do nosso saudoso amigo. Notou V. como nos seus últimos livros entra a paisagem como elemento de emoção, a paisagem como fisionomia e expressão? Foi depois que ele inventou os adjectivos abstractivos e morais, subjectivos, para as coisas sem alma, a que ele emprestava a sua imaginativa. Dez anos mais e saúde, e o Queiroz romperia as barreiras da língua portuguesa, poeta de peregrina inspiração, ainda mais do que artista, que era o que ele queria ser...
Tinha muita coisa para lhe dizer e de repente secou-se-me tudo. Interrompi-me para receber uma visita, que me ensurdeceu. Fica para outra vez.
Escreva-me. Dê as minhas saudades aos seus e receba um abraço do seu amigo do coração
Domício
In Beatriz Berrini, Brasil e Portugal: a Geração de 70
*Victor Hugo
sábado, novembro 25, 2006
sexta-feira, novembro 24, 2006
Antologia Improvável #181 - Joseia de Matos Mira
RELÂMPAGO
Parir um poema,
máscara nas ventas,
anestesia nas veias,
arfando...
Parir um poema
como pari meus filhos...
Alucinação dos sentidos...
Criar sem saber
estar criando.
Parir sem saber
que estou parindo.
Lugar Solitário
Parir um poema,
máscara nas ventas,
anestesia nas veias,
arfando...
Parir um poema
como pari meus filhos...
Alucinação dos sentidos...
Criar sem saber
estar criando.
Parir sem saber
que estou parindo.
Lugar Solitário
quinta-feira, novembro 23, 2006
Figuras de estilo - Campos Monteiro
Qual o esfomeado, por cujas mãos passem vitualhas, que tenha a hombridade bastante para lhes não cravar os dentes?
Saúde e Fraternidade
quarta-feira, novembro 22, 2006
E
E de elegante
E de elaborado
E de espasmódico, de efluente, de ejaculatório, de electrizante e de electromagneto, de entusiamante e de espectaculoso
E de eia!
E de edificante, de egrégio, de emérito, de engrandecido
E de egipciano e de eleusínico
E do espanto
E de de enobrecido, de efes-e-erres, de elanguescente, de envolvente e estiloso
E de escol
E de esmerilhado e também de elemental, de escandido e de escorrente
E de etnológico, de ebanítico, de eldorado, de escarlate, de ele e de ella
E de ecuménico
E de espalhado
E de estuário
E de edénico, de espiritual e de espiritoso, de enigmático, de evanescente
E de eficaz, de estremecido e de excelente
E de «Duke»
E de Ellington
foto
E de elaborado
E de espasmódico, de efluente, de ejaculatório, de electrizante e de electromagneto, de entusiamante e de espectaculoso
E de eia!
E de edificante, de egrégio, de emérito, de engrandecido
E de egipciano e de eleusínico
E do espanto
E de de enobrecido, de efes-e-erres, de elanguescente, de envolvente e estiloso
E de escol
E de esmerilhado e também de elemental, de escandido e de escorrente
E de etnológico, de ebanítico, de eldorado, de escarlate, de ele e de ella
E de ecuménico
E de espalhado
E de estuário
E de edénico, de espiritual e de espiritoso, de enigmático, de evanescente
E de eficaz, de estremecido e de excelente
E de «Duke»
E de Ellington
foto
terça-feira, novembro 21, 2006
Antologia Improvável #180 - Luís Quintais
BÉTULA
Serás a humílima árvore.
A árvore a tinta
da china desenhada.
A árvore de papel.
Serás a bétula do Nepal.
A que não existe
senão na linguagem.
Serás a que sonha os dias,
as noites, as lembranças.
A que protege
da ira inclemente.
A que protege
do sopro do tempo.
A da sombra feliz.
Angst
Serás a humílima árvore.
A árvore a tinta
da china desenhada.
A árvore de papel.
Serás a bétula do Nepal.
A que não existe
senão na linguagem.
Serás a que sonha os dias,
as noites, as lembranças.
A que protege
da ira inclemente.
A que protege
do sopro do tempo.
A da sombra feliz.
Angst
segunda-feira, novembro 20, 2006
domingo, novembro 19, 2006
Correspondências #68 - António Nobre a Oliveira Martins
Segunda-feira, 27-XI-1893.
18-- rue de la Sorbonne -- Paris
Ex.mo Senhor,
Há já alguns dias que cheguei a Paris e, se agora só venho ao pé de V. Ex.ª dar-lhe parte da minha chegada, é por só agora me achar restabelecido da minha dolorosa viagem. Levado pelo meu imprudente e herdado amor pelo mar, segui num pequeno vapor do Porto para o Havre, e no Canal da Mancha estive quase a ir ao fundo com uma tempestade do século XVI, como os seus olhos de historiador tantas têm visto. Sofri imenso. Hoje, tranquilo, venho dar a V. Ex.ª a minha adresse, como me disse da última vez que o visitei para pedir a V. Ex.ª a sua intervenção junto do Dr. Eduardo Prado: pedido que tomei a liberdade de lhe fazer sem que as nossas relações mo consentissem, é verdade, mas tendo apenas o estímulo da amizade que V. Ex.ª tem aos meus versos, o que me comove excepcionalmente por vir dum espírito que amo do coração e a que devo tanto. Espero me desculpará.
O Sr. Oliveira Martins, desse querido Portugal, disponha de mim, se dalguma coisa posso ser-lhe agradável neste País, agora tão lúgubre, sob a neve que está a cair.
Sou de V. Ex.ª, com a maior simpatia, muito admirador e dedicado criado,
António Nobre
In F. A. Oliveira Martins, Oliveira Martins e os Seus Contemporâneos
sábado, novembro 18, 2006
Antologia Improvável #179 - Isabel Meyrelles
Como sempre,
passas inexorável e distante
em me veres.
Como sempre,
olho aquele ponto vago
acima do teu rosto
e, como sempre,
penso: amanhã... talvez amanhã
e olho as tuas costas que se afastam
como sempre.
Em Voz Baixa / Poesia
passas inexorável e distante
em me veres.
Como sempre,
olho aquele ponto vago
acima do teu rosto
e, como sempre,
penso: amanhã... talvez amanhã
e olho as tuas costas que se afastam
como sempre.
Em Voz Baixa / Poesia
sexta-feira, novembro 17, 2006
Rip Kirby
Uma visita ao regabofe veio lembrar-me o good old Rip Kirby, fleumático detective auxiliado pelo não menos circunspecto mordomo Desmond, criaturas ambas duma divindade chamada Alex Raymond. Kirby (que entre nós também deu pelo nome de Luís Euripo) é a minha personagem preferida dentre todas as que lhe saíram dos aparos (Agente Secreto X-9, Flash Gordon, Jim da Selva) -- porventura mais conspícuos, mas decerto menos palpáveis.
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Alex Raymond,
blogosfera
cantadura
vejo na 6.ª do DN que os X-Ray Spex chegaram finalmente aos CDs
(e também vejo que os Who ainda não os largaram)
(e também vejo que os Who ainda não os largaram)
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da música,
The Who,
X-Ray Spex
provérbio
mais vale uma maria josé nogueira pinto sem pelouros que um executivo psd no poder
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da pólis,
Maria José Nogueira Pinto
quinta-feira, novembro 16, 2006
Novas mutilações
Adelino Faria (João)
Adelino Maltez (José)
César das Neves (João)
César Monteiro (João)
Deus Pinheiro (João de)
Fátima Bonifácio (Maria de)
Filipe Vieira (Luís)
Filomena Mónica (Maria)
João Jardim (Alberto)
Lúcio de Azevedo (João)
Luís Goucha (Manuel)
Miguel Júdice (José)
Óscar Fragoso Carmona (António)
Paulo Cotrim (João)
Pedro Aguiar Branco (José)
Pedro Gomes (José)
Raul dos Santos (José)
Rita Lopes (Teresa)
Adelino Maltez (José)
César das Neves (João)
César Monteiro (João)
Deus Pinheiro (João de)
Fátima Bonifácio (Maria de)
Filipe Vieira (Luís)
Filomena Mónica (Maria)
João Jardim (Alberto)
Lúcio de Azevedo (João)
Luís Goucha (Manuel)
Miguel Júdice (José)
Óscar Fragoso Carmona (António)
Paulo Cotrim (João)
Pedro Aguiar Branco (José)
Pedro Gomes (José)
Raul dos Santos (José)
Rita Lopes (Teresa)
António Alves (Ricardo)
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da impaciência,
do indizível
quarta-feira, novembro 15, 2006
Figuras de estilo - Júlio Dantas
Uma mulher bonita a dizer insolências
É a coisa mais galante e mais deliciosa
Que pode imaginar-se. É como se uma rosa
Soltasse imprecações, vermelha e melindrada,
Contra as asas de sol duma abelha doirada...
A Ceia dos Cardeais
É a coisa mais galante e mais deliciosa
Que pode imaginar-se. É como se uma rosa
Soltasse imprecações, vermelha e melindrada,
Contra as asas de sol duma abelha doirada...
A Ceia dos Cardeais
terça-feira, novembro 14, 2006
Antologia Improvável #178 - João Pedro Mésseder (2)
A alma das casas agiganta-se na razão inversa do corpo, que definha.
Abrasivas
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João Pedro Mésseder
segunda-feira, novembro 13, 2006
domingo, novembro 12, 2006
Correspondências #67 - Joaquim Bensaúde a Joaquim de Carvalho
76 Rua do Possolo
27 de Março. 924
Exmo Sr.
Para quem vive como eu uma vida intensa em epocas longinquas do passado, tem sido uma surpreza e um prazer ver a orientação nova e fecunda que nos ultimos tempos tem produzido entre nós um grande numero de benemeritos trabalhadores. É uma esperança n'este chaos politico tragico e lugubre em que vivêmos. Serão as andorinhas annunciadoras de tempos de primavera? Se assim é, bem poderei morrer em paz e contentamento.
Ponho aqui a VEx. as ideas e a impressão de surpreza que tive q.do recebi o bello livro de VEx. sobre Leão Hebreo.
Passaram-me tantos autores judaicos pelas mãos durante as minhas longas pesquizas da historia da mathematica e astronomia da Peninsula que agora só tenho verdadeiro prazer quando pesco algum mathematico ou astrologo christão desconhecido e ignorado.
As decantadas trevas peninsulares na edade media apregoadas por esse mundo fora por quem quis expoliar a cultura peninsular, foram uma lenda cujo alcance ainda se não pode medir. Estou hoje profundamente convencido de que as trevas na Peninsula começaram com os desmandos inquisitoriaes -- e que nas queimas de livros dos autos de fé, não foi só a sciencia judaica que desappareceu mas tanta ou quasi tanta sciencia christã.
Em mathematica e astronomia, em medicina, e em philosophia ha uma grande obra a fazer para por em evidencia o que foi a herança scientifica dos Arabes na Penísula e o que foi este grande centro irradiador que assimilava e divulgava pela Europa o que os invasores aqui deixaram.
Agradeço a VEx. o seu primoroso trabalho que como pode fazer idea vou ler com o mais vivo interesse.
De VEx.
mt. admirador e grato
Joaquim Bensaude
A Historiografia dos Descobrimentos -- Através da Correspondência Entre Alguns dos Seus Vultos
(edição de João Marinho dos Santos e José Manuel Azevedo e Silva)
sábado, novembro 11, 2006
Caracteres móveis - Jorge de Sena
A melhor poesia tem sempre um tom de conversa intelectual, que é inimigo da brilhante e má retórica.
Régio, Casais, a «presença» e Outros Afins
sexta-feira, novembro 10, 2006
Antologia Improvável #177 - Eugénio de Andrade
NOCTURNO
Noite,
noite velha
nos caminhos.
A lua no alto
fingindo-se cega.
Estrelas. Algumas
caíram ao rio.
As rãs
e as águas
estremecem de frio.
Primeiros Poemas
Noite,
noite velha
nos caminhos.
A lua no alto
fingindo-se cega.
Estrelas. Algumas
caíram ao rio.
As rãs
e as águas
estremecem de frio.
Primeiros Poemas
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Eugénio de Andrade
quinta-feira, novembro 09, 2006
A Turquia no verbo estar
As fronteiras da Europa devem estar nas fronteiras da Europa e não dentro das fronteiras da Europa. Logo, a Turquia, que por enquanto não é cindível, deverá estar do lado de cá, porque está no lado de cá. E o que está no lado de lá -- que está do lado sudeste da Geórgia --, faz parte do território fronteiriço da Europa. Como, por outras palavras já disse, a propósito desta conveniência de estar.
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Geórgia,
Turquia,
União Europeia
quarta-feira, novembro 08, 2006
Caracteres móveis - Fernando Pessoa
A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
apud Eugénio Lisboa, O Segundo Modernismo em Portugal
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Eugénio Lisboa,
Fernando Pessoa
terça-feira, novembro 07, 2006
Antologia Improvável #176 - Carlos Matias
Explodem lugares santos. Explodem profetas,
crentes. Explodem mãos, olhos dementes.
Um oriente de luzes. Sangue na face da
lua. Altos ventos de loucura. A ira
vence amargura. Esquece. Voa
para casa boa.
Luz Triste
crentes. Explodem mãos, olhos dementes.
Um oriente de luzes. Sangue na face da
lua. Altos ventos de loucura. A ira
vence amargura. Esquece. Voa
para casa boa.
Luz Triste
segunda-feira, novembro 06, 2006
Beat crazy
chamavam-lhe o Tintin do rock
era altamente energético
incarnava o espírito new wave: rock rápido, bem esgalhado, sem as rouquidões do punk
muito reggae à mistura
evoluiu para compassos mais jazzísticos
tem a coragem de recusar fazer videoclips
acompanhava-o um dos melhores baixistas que já ouvi: Graham Maby
Joe Jackson, vi-o em Cascais no já distante ano de 1980, curiosamente decepcionante (para mim)
apeteceu-me ouvi-lo agora, estava com saudades dele
foto
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Joe Jackson
domingo, novembro 05, 2006
Correspondências #66 - Ferreira de Castro a Mário Sacramento
De:
F. de Castro
Rua Misericódia, 68
Lisboa
Il.mo Sr.
Dr. Mário Sacramento
Rua Tenente Resende, 8
Aveiro
Lisboa, 21 Set. 57
Meu prezado amigo:
Gostei muito de saber, pela sua carta, que se vai realizar um congresso republicano em Aveiro. E gostei porque estou certo de que nele se exprimirão as nossas aspirações de justiça e liberdade entre os homens -- duas conquistas sem as quais a vida é bem triste.
O meu actual trabalho -- um trabalho muito longo realizado com uma saúde bastante precária -- não me permite escrever a Tese que me pede. Envio-lhe, porém, uma entrevista que dei ao "Diário de Lisboa" sobre a censura, quando em 1945 houve uma ligeira concessão de liberdade entre nós.; e ainda uma mensagem que enviei a uma reunião efectuada na Voz do Operário, onde examino também a situação do nosso pensamento algemado. Se lhe interessar ler ou que alguém leia alguns trechos desses dois documentos pode fazê-lo, pois o que escrevi então continua válido e não tenho que lhe alterar uma só vírgula.
Com as minhas saudações aos congressistas e com a minha fé na liberdade, no progresso humano e na justiça dos dias vindouros, mando-lhe um grande abraço. Seu amigo e admirador
Ferreira de Castro
P.S. Pedia-lhe o favor de me devolver, depois, os dois documentos, pois não tenho outros exemplares.
In Centenário do Nascimento de Ferreira de Castro
(edição de Pedro Calheiros)
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Mário Sacramento,
Pedro Calheiros
sábado, novembro 04, 2006
Figuras de estilo - João Grave
Então, outros vieram, queimou-se no lume impuro que a abrasou, andou de mão em mão como uma flor a que se houvesse aspirado todo o aroma.
«Maria Madelena», Almas Inquietas
sexta-feira, novembro 03, 2006
Antologia Improvável #175 - Vasco Graça Moura (2)
SONETO DO JAZZBAND
era noite, era noite, marcámos de mãos dadas
um ritmo interior dos corações, saía
do trombone em surdina quase uma voz humana,
uma voz rouca em scat, ah!, pulsações do banjo,
trompete, clarinete, estrídulo woody allen,
puro prazer do ritmo, convite a dançar blues,
e em tantos contrapontos eu só sabia amar-te,
na sombra a tua face vibrava repentina,
e o piano e os drums e o contrabaixo, e aquelas
batidas do swing, o jazzband em pleno,
luzinhas na plateia e os beijos que te dei,
na onda esfuziavas e eu vi-me nos teus olhos
e ouvimos dixieland, e ouvimos new orleans
e eu amo-te, i love you, eu amo-te for ever.
in JL, n. 938,
13 de Setembro de 2006
era noite, era noite, marcámos de mãos dadas
um ritmo interior dos corações, saía
do trombone em surdina quase uma voz humana,
uma voz rouca em scat, ah!, pulsações do banjo,
trompete, clarinete, estrídulo woody allen,
puro prazer do ritmo, convite a dançar blues,
e em tantos contrapontos eu só sabia amar-te,
na sombra a tua face vibrava repentina,
e o piano e os drums e o contrabaixo, e aquelas
batidas do swing, o jazzband em pleno,
luzinhas na plateia e os beijos que te dei,
na onda esfuziavas e eu vi-me nos teus olhos
e ouvimos dixieland, e ouvimos new orleans
e eu amo-te, i love you, eu amo-te for ever.
in JL, n. 938,
13 de Setembro de 2006
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Vasco Graça Moura,
Woody Allen
quinta-feira, novembro 02, 2006
Com Lost in Transaltion, Sofia Coppola já me dera um dos grande filmes dos últimos anos. Marie Antoinette, que vi ontem, ficará como um dos filmes mais impressivos que guardarei na memória.
Kirsten Dunst está admirável, não repisarei mais o que já outros disseram; ela é a Maria Antonieta que gostávamos tivesse de facto existido.
A atenção da realizadora aos pormenores de conforto e luxo é primorosa e um dos aspectos mais bem conseguidos do filme: do mobiliário e da indumentária às iguarias, desembocando nos ceremoniais e nas festividades, tudo concorrendo para dar de Versalhes o brilho da corte de «grande estrondo» -- nas palavras do diplomata português José da Cunha Brochado, que representara o nosso país junto de Luís XIV.
Gostei particularmente da abordagem de Sofia Coppola ao cerimonial de corte, divertidíssima -- embora, ao contrário do que se possa pensar, todas aquelas regras de precedência de que se compunham as normas de etiqueta fossem mais do que um mecanismo sofisticado dum expediente de futilidade. Antes se tratava de uma construção ideológica de que a coroa francesa lançou mão para controlar a nobreza que, noutros momentos da história de França exacerbara o seu poder à custa da fraqueza do poder real. O que sobressai, contudo, é a acumulação de tensões provocada pelos estritos preceitos comportamentais que não deixam ninguém incólume, nem o próprio rei -- como se verifica nos episódios protagonizados pela du Barry, amante de Luís XV, cuja aceitação nem ela nem o soberano conseguem lograr.
Uma palavra ainda para a transgressão de Sofia Coppola, que traz o selo dos criadores de raça: uma banda sonora que mistura Vivaldi e os Strokes, exemplarmente. (O mesmo sucede com os cartazes, cujo grafismo remete irresistivelmente para o Never Mind the Bollocks, dos Sex Pistols.)
E um pormenor: só reconheci Marianne Faithfull (a imperatriz Maria Teresa de Áustria) pela voz...
Li algures que, ainda no outro dia rodado, Marie Antoinette já é um filme de culto. Não tenho a esse respeito muitas dúvidas.
quarta-feira, novembro 01, 2006
Figuras de estilo - José Régio
Um romance escreve-se lentamente, dá-se como silenciosamente ao público... e ao futuro.
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