segunda-feira, outubro 31, 2022

Lula

 O discurso de vitória de Lula, elevado, consistente, político na melhor acepção da palavra, sem esconder as feridas -- "quiseram enterrar-me vivo"-- as feridas do golpismo alarve, que pôs um imbecil no poder.

A superioridade da esquerda democrática ante o golpismo revanchista e bronco liderado pelo gripezinha. Lula, o verdadeiro imbrochável.

(A passo de corrida, ausente no país profundo.)

sábado, outubro 29, 2022

quinta-feira, outubro 27, 2022

quarta-feira, outubro 26, 2022

terça-feira, outubro 25, 2022

"verdades essenciais"

 

Noutros tempos, quando o país era eminentemente rural, um almanaque era, depois do missal, o breviário que encontrava guarida em todos os lares, concentrando numa mesma publicação tudo quanto era necessário à travessia do ano sem percalços, da meteorologia aos dias santos a guardar. Eça de Queirós, que escreveu sobre o assunto como ninguém, na apresentação do Almanaque Enciclopédico para 1896, falava de como estes livrinhos singelos mas profusos guardavam as «verdades essenciais que a humanidade necessita saber, e constantemente rememorar».

André Oliveira (Lisboa, 1982) – um dos mais prolíficos argumentistas da BD portuguesa –, ao escolher para esta colectânea o título Almanaque, teve, por certo, a intenção de espelhar a diversidade de que o volume se compõe. São 24 «curtas de BD», algumas inéditas, outras publicadas na revista Cais, em parceria com outros tantos desenhadores: André Diniz, Rui Lacas, Phermad, Bernardo Majer, Pedro Serpa, João Lam, Nuno Frias, Afonso Ferreira, João Vasco Leal, Luís Louro, Patrícia Furtado, Miguel Andrade, Daniela Viçoso, Tiago Lobo Pimentel, Selma Pimentel, Filipe Andrade, Darsy Fernandes, Catarina Paulo, João Sequeira, David Cerqueira, Susana Resende, Susa Monteiro e Marta Teives. Parte destas narrativas caracterizam-se pelo humor, cujos melhores exemplos serão o nonsense garoto do díptico «Coisas que o t-rex não consegue fazer» e «Coisas que o dentes-de-sabre não consegue fazer», com desenhos de Pedro Serpa; ou ainda «Se Janeiro deixar» (com João Sequeira), a lembrar os Gato Fedorento.

Mas o melhor André Oliveira surge, quanto a nós, naqueles relatos em que perpassa uma melancolia fina, uma angústia existencial insistente, em confronto com o sentimento trágico da vida, a sua fragilidade, e que por isso mesmo procura valorizar o que é verdadeiramente importante para si, denunciando um romantismo que não vai bem com a modernidade suicidária que vivemos: a constância no amor, os vínculos familiares, a fidelidade a si próprio, a memória da inocência, quantas vezes ao sabor dos caprichos do acaso – outras verdades essenciais que Eça estava longe de desconhecer, mas que não tinham a primazia para o público, numa época que ainda não voltara costas ao campo e se orientava pela regularidade das estações. «Mesmo assim, abandonei-te» (com desenhos de Rui Lacas), «No meu lugar» (Filipe Andrade), «Saudade» (Darsy Fernandes), «Nina» (Catarina Paulo) ou «Narciso» (Susa Monteiro, também autora da capa), são alguns dos momentos inexcedíveis deste livro.


Almanaque

Argumentos: André Oliveira.

Desenhos: vários autores.

Bicho Carpinteiro, Lisboa, 2018

(2019)

segunda-feira, outubro 24, 2022

«Delicadeza»

de acordo com o Sarkollande (ucranianas CXXXVII)

 A lei do mais forte não deve prevalecer, disse Macron em Roma.  Ferpeitamente! No entanto, este sonso sarkollande em segunda mão não se referia ao óbvio -- a circunstância de as forças armadas americanas serem. só por si, maiores e mais poderosas que as de todos os outros países juntos. É por isso que, conhecendo-lhes o cadastro, dou sempre de mãos postas graças a deus por haver pelo menos um país no mundo que os obriga a pensar várias vezes antes de cada golpada.  

bombas sujas, propagandas sujas - coisas de bandalhos (ucranianas CXXXVI)

 Dizem os Estados Unidos, a Inglaterra e a França que a Ucrânia não vai usar nenhuma bomba suja, como a Rússia denunciou. E dizem muito bem por duas razões:

1. A propaganda suja não é só feita do lado de cá; do outro lado também o fazem (e nós, o papel de rebanho, como sempre);

2. Com candura de microfone ou altifalante, televisões, rádios, etc. dizem que os Estados Unidos (com a Inglaterra e a França) negam que tal seja verdade. Os Estados Unidos negam, porque -- e di-lo-ei até à exaustão -- usam a Ucrânia como território seu, os ucranianos como cobaias, com a cumplicidade dos dirigentes lá da terra.

Mais uma vez: muita paciência tiveram os russos com a Nato a ladrar-lhe à porta (palavras do papa Francisco). Estão lá, não saem de lá -- afinal aquilo é terra russa, e não uma invenção soviética reciclada pelos americanos. E suspeito que ainda não recuperaram tudo o que lhes pertence, como, por exemplo Odessa -- o que será muito bem feito, para americanos e bandalhos adjacentes, para aprenderem a não ser salientes.


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domingo, outubro 23, 2022

o urso, a raposa, os chihahuas & outros rafeiros (ucranianasCXXXV)

1. Para começar: os russos estão na Ucrânia e disporão dela do modo que quiserem. A paciência que têm demonstrado tem sido enorme. A raiva para com os americanos é cada vez maior, o desprezo para com todos os borréis provoca vergonha alheia, a insignificância com que tratam a cúpula ucraniana é mais do que merecida. 

2. Os chihahuas dos americanos, como a Estónia e a Letónia, membros da Nato e da UE, decretaram a Rússia, sua vizinha, como estado terrorista. Bravo! Estão a ir pelo melhor caminho. O medo transforma países em bases militares Destes, bem como da Polónia -- uma raposa nesta história, potência regional e arqui-inimiga da Rússia --, há que estar sempre à espera de qualquer provocação.

3. Provocação: fazer com que algum destes países Nato possam alegar ter sido atacados. Não tenho dúvidas de que há alucinados em Washington que crêem poder defrontar militarmente a Rússia -- ou seja, brincar com o fogo,

4. Porque o que quer que pensemos sobre a guerra da Ucrânia, há um facto indesmentível: nenhum país Nato foi atacado militarmente, embora muitos estejam a imiscuir-se na guerra. Por exemplo: o Canadá treina soldados ucranianos em território polaco. Esplêndido. Melhor seria entrar já, oficialmente, porque oficiosamente andam lá em combate, e a fazer de nós parvos. O medo que inculcam nas opiniões públicas europeias está, por enquanto, a pagar

5.  O galheteiro da UE (von der Leyen, Michel e Borrell) em aparente roda livre, na passividade dos governos europeus com peso. Uma miséria intelectual e moral: como sempre tenho dito, a Europa deveria poder afirmar-se por si neste conflito, mas é liderada por rafeiros, os freaks ingleses & outros macrons, 

6. Se a estratégia americana vingasse -- minar o regime e fazê-lo cair por dentro, no que duvido bastante --, tal só aconteceria depois de uma hecatombe social nos países da União Europeia. Como disse a única analista de mercados que pude ouvir sem bocejar (infelizmente esqueci-me do nome), por cada sanção que a UE desfere contra a Rússia, ela retorna a triplicar.

 

«Big Red Moon»

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sexta-feira, outubro 21, 2022

«Before You Know It»

"Anarquismo, Insubmissão, Inconformismo"

      


Estudos sobre Raul Brandão, A Batalha  e Raul Brandão, Campos Lima, Manuel Ribeiro, Neno Vasco, Ângelo Jorge, Jaime de Magalhães Lima, António Gonçalves Correia, Jaime Cortesão e Eça de Queirós, Pinto Quartim, Assis Esperança, Ferreira de Castro, Jorge Teixeira, Mário Domingues, José Régio, João Pedro de Andrade, Roberto Nobre, Alves Redol e os anarquista e anarco-sindicalistas, revista Pensamento
Apresentação por António Baião, Museu Ferreira de Castro, 22 de Outubro de 2022, 15 horas

 

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quinta-feira, outubro 20, 2022

quem deu gás aos aiatolas? (adivinha

antiamericana primária, secundária e terciária): pois quem houvera de ser? Sempre os mesmos. E porquê? (pergunta incrédula: o Grande Satã?...): porque um primeiro-ministro iraniano achava que os proventos do petróleo, também ele iraniano, deveriam reverter para o... Irão -- e não para a Anglo-Persian Oil Company. E o que faz a CIA, mancomunada com os ingleses? Instiga a revolta junto do clero xiita com ascendente sobre o povo ignaro (Mossadegh era um jurista laico, intelectual e cosmopolita, além de patriota). E a partir daí foi sempre em crescendo de miséria política até à revolução islâmica de 1979, em que por justiça poética, o fantoche que ocupava o trono (filho, aliás, de um usurpador militar que se autoproclamou xá) foi atirado borda fora pelos mesmo aiatolas que, no início do seu ridículo reinado, tudo haviam feito para derrubar o verdeiro estadista.

quarta-feira, outubro 19, 2022

terça-feira, outubro 18, 2022

235 paus para ver o papa

 Esta conversa lembra-me as digressões de gurus manhosos que se fazem pagar bem por cada arenga aos perdidos da vida, ou então a iurd.

Eu até gosto deste papa e distingo o muito de positivo que a Igreja tem originado ao longo da História (da arte à filosofia) e o negativo também (Cruzadas, Inquisição, perseguições de toda a ordem), assim como no presente, do mais elevado, como a Teologia da Libertação, ao repugnante dos abusos sexuais e a sua ocultação -- entre mais uma miríade de coisas boas e péssimas.

Mas onde ficam os jovens pobres no meio deste arraial?

«The Wild Rover»

segunda-feira, outubro 17, 2022

a grande rebaldaria


The Katzenjammer Kids / Os Sobrinhos do Capitão surgem em 1897 no New York Journal. William Randolph Hearst, magnata da imprensa – o homem que inspirou o «Citizen Kane» de Orson Welles –, confiara a Rudolph Dirks (1877-1968) a criação de uma série inspirada no livro de infantil de Wilhelm Bush, Max und Moritz (1865). Quando mais tarde Dirks se passa para o grupo do rival Joseph Pulitzer, levando as personagens consigo, Hearst contratou o excelente Harold Knerr (1883-1949) como substituto. E assim, dois jornais concorrentes publicavam com o mesmo título as tropelias das mesmas personagens, mas com autores diferentes – uma proeza digna de Hans e Fritz, os dois sobrinhos... Em tribunal, o juiz permitiu que ambas continuassem, mas obrigou Dirks a mudar o nome, e The Captain and the Kids ficou.

«Uma verdadeira saga de destruição», escreveu o crítico brasileiro Marco Aurélio Lucchetti na introdução a este livro de páginas dominicais saídas entre 1957 e 1960, da autoria de Joe Musial (1905-1977), um dos vários émulos e sucessores de Dirks e Knerr. Cada página com Hans e Fritz, Dona Chucrutz, a mãe, o Capitão e o Inspector é um atentado à tranquilidade dos últimos, dois aposentados, com doses equilibradas de estupidez e maldade. Bem sucedidos muitas vezes, noutras os rapazes não se livram de uma tareia à antiga. O êxito deve-se ainda ao exotismo do cenário – palmeiras e coqueiros são omnipresentes –, situado numa colónia alemã da África Oriental, onde não faltava um régulo sabido e, no original, um inglês arrevesado com alemão, que exponencia o cómico das situações. Com ingredientes politicamente letais, a série perdeu espaço na América de hoje, terminando em 2006.

Os Sobrinhos do Capitão

texto e desenhos: Joe Musial

Editora Opera Graphica, São Paulo, s.d.

(Agosto, 2019)

«Puta»

sábado, outubro 15, 2022

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quinta-feira, outubro 13, 2022

caracteres móveis

 «Quando no homem fala o instinto, a inteligência cala-se.»

João Gaspar Simões, Crítica II -- Poetas Contemporâneos (1938-1961)

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quarta-feira, outubro 12, 2022

terça-feira, outubro 11, 2022

quadrinhos


 

alvos civis & crimes de guerra, tudo serve para manter a manada em estado bovino (ucranianas CXXXIII)

Ouvi ontem dois militares credíveis, o coronel Mendes Dias, primeiro, e depois o major-general Carlos Branco, dizerem que a Rússia enviara duzentos ou mais projécteis para a Ucrânia (e não os cerca de oitenta anunciados). A Ucrânia informou ter abatido cerca de quarenta, pelo que restam à volta de cento e sessenta. Se as informações ucranianas estão certas -- embora não sendo de fiar --, morreram dezanove pessoas, está-se mesmo a ver a lengalenga para enganar os incautos e conduzir a manada à aceitação acrítica das consequências da guerra que eles próprios fomentam. 

Cento e sessenta mísseis e dezanove mortos? Ou os ucranianos têm o guarda-chuva de Nosso Senhor, porque caíram no caldeirão de água-benta em pequeninos (embora o patriarca de Moscovo reze pelos seus), ou os russos visam mesmo alvos legítimos, estando nós diante de mais uma trafulhice em que esta guerra é fértil, com a passividade batráquia da generalidade dos líderes europeus, impotentes para lidar com a pressão americana, e os peões de brega do Pentágono na Europa -- do aborto do n.º 10 à tríade da UE, já para não falar de uma boa parte do comentariado, do Serafim Saudade às descabeladas que andam desde Fevereiro a dizer que "já estamos em guerra", insuportáveis tontas. 

O título ontem de manhã, no inserçor da inefável sic notícias era mais ou menos assim: Rússia bombardeia um parque infantil; claro que como a caricatura era demasiada, até para aqueles toscos, a voz off lá dizia estar o espaço de lazer (pelas imagens, parece tratar-se de um parque urbano com um equipamento para crianças) na área onde se situam os serviços secretos ucranianos. Ao lado, na tvi/cnn, sempre se dizia que um dos ataques fora feito nas imediações do tal parque. 

Os pobres pivôs caem que nem patos, e têm de ouvir os militares, com contida ironia, dizer que nenhum país, se outras razões não houvesse, desperdiça um míssil que custa largos milhares a atacar parques infantis ou centros comerciais; e que para intimidação basta senti-los passar por cima das cabeças, não é preciso estragar o baloiço do parque ao lado. Claro que o perito lá tem de explicar que por acção bem sucedida de uma antiaérea, os destroços do míssil entretanto neutralizado vão cair onde calha.

Em tempo: acabo de ler que outro clown, o Stoltenberg:"Se Putin ganhar ficamos todos em perigo". Só faltou  um Eia! para a manada. O perfunctório norueguês que o vá dizer aos iraquianos que há vinte anos foram abençoados pelas descargas da verdadeira democracy, com o incentivo do senil que está agora em Washington, mas que há duas décadas era só um poltrão.


segunda-feira, outubro 10, 2022

«Burning Tree»

piadolas II (ucranianas CXXXII)

Não sei que vídeo colocará agora o infeliz embaixador ucraniano na ONU. A guerra estimula-lhes os humor, parece.

Zelensky, esse, deixou-se de graças, passando ao registo habitual, que é o de quere a toda a força que nós vamos para lá morrermos pelos americanos, e já agora também por eles, armados em pimpões, com as costas quentes do ceo Biden.

E por falar em ceo, a ursa da União Europeia o quasímodo catalão pela mão anda cheia de vontade de ser prestável. Eu sei que não é possível dar-lhe um chuto antes de terminar o mandato; mas que tal pôr no lugar esta ex-ministra da defesa alemã, cujo governo diligenciou tão bem com o tal regime de Putin? Ou o hobby  dos governos nacionais é continuar a enganar o povo quanto à guerra?

E um trapo no focinho de quem vier falar no Direito Internacional, num continente em que em tempos existiu uma federação iugoslava. Direito Internacional, que boa piada.


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piadolas (ucranianas CXXXI)

 Depois do ataques à ponte do Estreito de Kerch, Zelensky, nas suas conversas em família, aludiu ao bom tempo em todo o país, excepto nuvens pairantes na Crimeia. O actor cómico veio ao de cima; já o embaixador na ONU, qual youtuber, postou algures uma montagem da imagem da ponte a arder e a pobre Marylin drunfada a cantar os parabéns não ao Kennedy, mas a Putin. O nível é este. 

Não sei se estão preparados e continuarão a fazer humor quando a Rússia responder. Pode ser até que a especulação do major-general Carlos Branco faça algum sentido: o de tratar-se de uma provocação dos ucranio-americanos com o propósito de levar a uma resposta brutal que leve o senil do Biden e o novo aborto britânico a, finalmente!, intervir. 

Que ele, Zelensky, anda a querer levar a carta a Garcia, lá isso não restam dúvidas. Mas se o nosso oficial especula a propósito, os russos já fizeram o mesmo. No entanto, receio que a resposta não vá ser nada meiga. E que o senil, o neoaborto britânico, a Úrsula não se enxerguem, tal como não se enxergam os américo-ucranianos. 

Veremos o que nos reserva a manhã.

sábado, outubro 08, 2022

o Nobel da Paz - Bialiatski, muito bem, mas esqueceram-se do Assange

Confio na boa-fé do Comité Nobel para a Paz, e não é por nem sempre ter acertado que perde importância. Tem-se falado do falhanço de Barack Obama quanto à politica externa; sim, mas também não: Cuba e Irão fizeram jus ao galardão, do meu ponto de vista. Poderia falar de muitos casos, mas o antigo presidente norte-americano chega.

Quanto aos que foram atribuídos ontem: começo já por dizer que não estou suficientemente informado sobre as duas associações da sociedade civil, portanto remeto-me à tal confiança no dito Comité.

Quanto a Ales Bialiatski, de quem nunca ouvira falar, só posso louvar a decisão. Prisioneiro político, assim designado pela sempre credível Amnistia Internacional, tenho por estas pessoas a maior admiração e consideração e simétrico desprezo pelo poder ou poderes que combatem. Tenho pena que a Nobel tenha esquecido Assange -- não sei se por medo de polémica, que parece não ter, ou Snowden, felizmente ao abrigo de retaliações.

A anedota merdiática: não faltou quem mencionasse Zelensky, uma marionete do Pentágono ou do Navalny, alcandorado a democrata pelos patifes dos americanos, e que desconfio não passar de um agente da CIA (quem vem do partido nacionalista-populista do Jirinovsky, o crédito que tem é zero).

»Vias de Extinção»

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quinta-feira, outubro 06, 2022

«The Evil Has Landed»

a pila pequena do Kim Jong-un

Os potenciais cabelos brancos de Xi Ji-ping deveriam explicar ao rapazinho que agora não podemos brincar, que as pessoas crescidas, ele, o Putin, o Biden, o Modhi (não o Nódi), em breve o Lula, andam muito ocupados a tratar do Mundo e não lhe podem dar atenção.

"sintonia franciscana" - os Franciscanos sabem

 


Lula  recebe o apoio dos Franciscanos
(ou o catolicismo de rosto humano)


quarta-feira, outubro 05, 2022

miúdas iranianas oferecem arnaldos aos aiatolas


Uma alegria de se ver.
E é tão espontânea a revolta contra estes masturbadores obcecados com o sexo, como sucede com todos os padrecas de qualquer religião, que o propalado aproveitamento pelos patifes dos americanos é pouco verosímil; mas neste caso é para o lado que durmo melhor. 

 

«Over Again»

terça-feira, outubro 04, 2022

a teatrice do Biden de dedinho em riste, no dia da anexação -- e ainda Edward Snowden, para embrulharem (ucranianas CXXX)

Putin pode ser muitas coisas, mas não é parvo. Como também não é louco, é óbvio que nunca, mas nunca, atacará um país Nato, pois sabe que a resposta seria imediata e, pelo menos, proporcional.

Esta possibilidade insana tem sido vendida à opinião pública ocidental, demasiado imbecilizada para ler por detrás das palavras e facilmente manipulável. Só isso justifica que países como a Suécia e a Finlândia, que aguentaram firmes a pressão soviética -- ao pé da qual a chamada Operação Militar Especial não passa disso mesmo, uma guerra dir-se-ia envergonhada --, se vissem forçadas pelo medo a renunciar à neutralidade.

À estratégia inicial, desgastar a Rússia usando a mão-de-obra ucraniana pobre -- porque os ricos puseram-se ao fresco, como podemos testemunhar diariamente e ao vivo --, somam-se os réditos da venda de armas que compensará certamente os milhares de milhões de dólares da ajuda  americana ao suicídio ucraniano (para não falar dos grandes contratos para a reconstrução em perspectiva).

Escrevi aqui, no início da guerra, que os americanos iriam defrontar a Rússia até ao último ucraniano; é o que estão a fazer, com razoável insucesso -- apesar de a propaganda mostrar a conquista de cada aldeola como uma nova batalha de Stalingrado.

À anexação dos antigos territórios da Ucrânia, Biden, teatral, esticou o dedinho e "avisou" Putin que defenderia cada centímetro do território dos países Nato. 

Como este patife sabe que a Rússia não é suicidária, a propaganda pateta feita para patetas tem como finalidade única a de prolongar a guerra. Para já, os cúmplices declarados, além dos britânicos e do governo ucraniano, são os polacos, os estados bálticos e a Comissão Europeia, essencialmente. Mas não admira nada que a cumplicidade se alargue, quando forem ainda melhor sucedidos em arrastar-nos para esta guerra de merda. E não faltarão pascácios, desgrenhadas ou belicistas de sofá -- citando o general Carlos Branco, este e alguns mais que deveriam ser ouvidos por quem quer aprender qualquer coisa -- a pretenderem atirar-nos para dentro do caldeirão, em nome dos nossos valores.

Por falar nesta piadola farsante designada por nossos valores -- os dos filhos-da-puta que me censuraram a RT, por exemplo  --, ao atribuir a cidadania russa a Edward Snowden, pondo-o a salvo da tortura que há anos os nossos valores infligem a Julian Assange, fez mais o negregado presidente russo pelos ditos do que todos estes propagandistas de circo.  

segunda-feira, outubro 03, 2022

domingo, outubro 02, 2022

'crowdwritting'

Quando atravessamos talvez o melhor momento de sempre da BD portuguesa, pela profusão e qualidade de desenhadores e argumentistas, é de elementar justiça lembrar aqui o último abencerragem dos tempos heróicos das histórias aos quadradinhos nacionais: José Ruy (Amadora, 1930), das páginas de O Papagaio, O Mosquito, Cavaleiro Andante, Tintin, Spirou – até hoje. Apaixonado pela História e pela sua divulgação, não por acaso, a principal personagem que criou é o navegador Porto Bomvento, a singrar pelos cinco cantos do globo; e dois dos seus trabalhos mais marcantes resultem das adaptações em banda desenhada da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto e Os Lusíadas, de Luís de Camões, a que podemos acrescentar as muitas monografias sobre cidades e vilas do país, sem esquecer as várias biografias, de Charles Chaplin a Dimitrov, reveladoras desse interesse. No campo humorístico, o artista deu o seu contributo na que foi talvez a melhor revista que por cá se publicou, o semanário Tintin. Quem lhe percorreu as páginas, decerto não esquece a dupla de repórteres Clique e Flash deambulando pela redacção do hebdomadário, caricaturando com imensa graça quem a produzia semanalmente, em especial Dinis Machado e Vasco Granja, que nela tiveram influência decisiva.

Se o crowdfunding é uma prática normalizada pela comunicação das redes sociais, com A Ilha do Corvo que Venceu os Piratas (Âncora Editora, 2018), José Ruy tornou-se pioneiro do que poderemos chamar croudwriting, uma vez que a narrativa teve a participação activa dos corvinos, na composição deste relato de história antiga. No século XVII, aquela população isolada fez frente, com êxito, a um ataque duma frota de dez embarcações de piratas barbarescos – assim eram chamados os salteadores marítimos baseados em Argel e em Túnis –, que frequentemente empreendiam razias nas ilhas e no continente, em especial no Algarve, saqueando e fazendo cativos, vendidos nos mercados de escravos do Norte de África.

A narrativa parece seguir de perto as fontes documentais de que o autor lançou mão, por vezes com excesso de didactismo. Trata-se, porém, duma BD clássica de autor histórico, que à História e aos clássicos consagrou uma boa parte do seu labor.  O traço ágil de José Ruy conserva-se inalterado. As vinhetas iniciais da primeira prancha são esplêndidas em movimento e cor, dando em cheio a solidão da pequena ilha, exposta à inconstância dos elementos naturais no meio do Atlântico, e o insulamento daquela população entregue a si própria e a Deus, apenas lembrada pelo donatário, quando este exigia o tributo anual.

A Ilha do Corvo que Venceu os Piratas (Âncora Editora, 2018)

Texto e desenhos: José Ruy

(2019)

sábado, outubro 01, 2022

«Cristina»

quadrinhos


Jacques Tardi e Didier Daeninckx, Varlot Soldado (1999)