1.ª parte: deixou o Ministério público pelas ruas da amargura com a história da ausência de investigação junto do Grupo Lena; com o episódio do mail enviado de Paris (já se sabia) e do telefonema do advogado, informando que o cliente estava disponível para ser ouvido. O problema é que o Ministério Público não goza de qualquer credibilidade, pois, por culpa própria ou vítima colateral de acções de outrem, estava já conspurcado, desde o início do processo, com as fugas de informação para a imprensa (não por acaso) popular. É uma nódoa que não sai.
Não concordo com Sócrates quanto a um objectivo dissimulado de prejudicar o PS; vou mais, como outros, para a pulsão justiceirista, por um lado; e, por outro, para o oportunismo de alguns agentes judiciários, pois parece evidente que a investigação, aquando da detenção, era incipiente. E a proverbial ausência de meios não justifica tudo
Fala-se muito do caso Madoff, preso, acusado e condenado em alguns meses. O que não se diz é que, a montante, existiram anos de investigação, por forma a que a acção não se assemelhasse a este fiasco da chamada Operação Marquês.Vamos supor que Sócrates possa ser um criminoso, um corrupto, etc. Homem poderoso, inteligente e de vastas relações, ex.primeiro-ministro por seis anos, tudo isso obrigaria a que nada pudesse falhar nesta operação. Em vez disso, amadorismo (a estória de Angola é de bradar aos céus!), saloiice,
tristes figuras.
Na parte exibida hoje, embora tenham ficado assuntos por abordar (das supostas entregas em dinheiro vivo, à cena macaca da compra do seu livro pelos amigos para figurar no top de vendas -- um fait-divers, concedo --), a relação de amizade com Carlos Santos Silva pareceu-me, no geral, convincente.
Em relação ao início do processo, as coisas parecem estar a correr melhor a Sócrates, e pior ao Ministério Público.