sexta-feira, julho 29, 2022

Vasco Gonçalves, a História não se apaga, ou da inevitabilidade de um monumento

A única desculpa que a Direita tem para este ataque de tosse pelo projectado monumento a Vasco Gonçalves, da autoria do grande Siza Vieira, é a circunstância de tratar-se de um protagonista da história recente (tal como Salazar -- cujo centro interpretativo em Santa Comba Dão, enquadrado por historiadores insuspeitos defendo e defenderei). Uma história com feridas recentes, paixões ainda à flor da pele.

Só que... A figura de Vasco Gonçalves agigantou-se de tal forma no tempo em que lhe coube agir -- os dicionários passaram a registar o termo "gonçalvismo" -- que os meses em que governou, nos idos de 1974-1975, acabam por ser um dos períodos mais significativos dum estado e de uma nação a cumprir 900 anos em 2028.

Ainda hoje passei os olhos -- tão em diagonal que só tenho uma vaga ideia do título -- por um textículo do inefável Camilo Lourenço, a luminária que disse algures que a História não interessava para nada... (um retrato deste país básico, iletrado, primário -- parece que tem milhares de seguidores nas "redes"...), que obviamnte se manifestava e tentava condicionar Carlos Moedas -- como, de resto, é o seu direito num país livre.

Só que... (outra vez), isto ultrapassa totalmente Carlos Moedas, os proponenentes e os opositores do que está em causa. Acreditem que daqui a 200 ou 500 anos, os manuais e os livros de História de Portugal irão falar de Vasco Gonçalves e do gonçalvismo -- período charneira e apaixonante que não é para simplismo e para simplórios -- e ninguém irá saber quem foi por exemplo Mota Pinto. Ou Guterres, Ou Durão Barroso. Ou Sócrates. Ou Passos Coelho -- a não ser os eruditos que estudam o período.

 Resumindo: um monumento -- estátua, busto, memorial, o que seja -- a Vasco Gonçalves com o traço de Álvaro Siza Vieira? É como se já lá estivesse, meus caros, agora ou mais adiante. 

para não se dizer que não falei do Abrunhosa (ucranianas CXV)

1. Sou sempre a favor do indivíduo e contra o Estado, em especial em matéria de discurso.

2. Quando alguém insulta um qualquer representante do Poder, está a insultar esse mesmo Poder, o que é sempre salutar, e não necessariamente o homem que transitoriamente ocupa o cargo.

[Não me esqueço dum entrevista de João César Monteiro, em que afirmou que quando ouvia um juiz dizer "Levante-se o réu", a ele apetecia retorquir: "Levante-se você, seu filho da puta!»]

3. O Abrunhosa é limitado. Não percebe que esta guerra transcende o Putin, nem sabe ou quer saber o papel dos Estados Unidos. Deve comer também a papa toda que lhe põem à frente.

4. Ele lá sabe a figura que faz e estou-me-lhe nas tintas. Não tenho, nunca tive e duvido que alguma vez venha a ter um disco do artista Abrunhosa, que subiu na vida a dizer caralhadas e a fazer música para as costureirinhas de hoje. 

5. A embaixada russa deveria ter-lhe ignorado as emanações bucais. Está a dar-lhe gás, que tanta falta faz ao aos países da UE, servis da estratégia dos americanos. Embora por cá se diga que quem não se sente não é filho de boa gente, o povo também diz que vozes de burro...

quinta-feira, julho 28, 2022

«Lazarus»

"Leitor de BD"


Cerveja Depressão, de Marco del Void


 aqui

registo: Diana Krall [e Miramar], ontem em Cascais

 À medida que a voz vai acusando os anos, canta cada vez melhor. E o quarteto que liderou -- piano, contrabaixo, bateria e guitarra -- esteve perfeito. Que som e que diálogo, no Hipódromo à beira do Oceano e um vento frio que não perdoou. 

Ficaria de mal comigo se não referisse o duo Miramar (Frankie Chavez e Peixe), no primeira parte. um grande trabalho com muitas influências do folk americano e ecos do Jimmy Page, mas que vai para além disso. Se puderem ouvir «Nazaré», talvez cheguem à mesma conclusão.

A CATEDRAL, de Manuel Ribeiro (1920) cap. XI

 continuar: «Esta Santa Cecília -- dizia a condessinha para Luciano, uma tarde de visita às obras da capela nova, folheando a Legenda Aurea para a escolha das cenas dos vitrais, -- Santa Cecília é uma das santas que mais me seduzem.»

Cecília, mártir romana forçada a matrimoniar-se com um pagão, que depois converte, S. Valeriano, sendo o seu um casamento branco, acabará por constituir-se para Maria Helena o vislumbre de uma saída para a paixão declarada por Luciano, num oportuno episódio de encerramento acidental num recinto da Sé, a sós, e a que aquela, em transporte místico, obviamente  corresponde. Mas o arquitecto, diria, não lhe fica muito atrás, considerando o Amor um agente lustral, dirigindo-se à condessinha deste modo: «Amar é purificar-se. Quando o amor entra uma porta da alma, sai a impureza por outra. Amar é avistar Deus.»

terça-feira, julho 26, 2022

«Bach to Baïsso»

seja como for, gosto deste papa -- e até bastante


 Francisco acolhido num tipi

caracteres móveis

 «Tem uma crença elementar em Deus, e acha que "os padres são precisos", embora não saiba porquê: "Então quem é que nos haveria de casar? e encomendar?"»

José Rodrigues Miguéis (1901-1980), «Gente da terceira classe», Gente da Terceira Classe (1962)

segunda-feira, julho 25, 2022

«Only The Brave»

afinal foram mesmo os russos (ucranianas CXIV)

 Ao contrário do que alvitrei há horas, os russos confirmaram o ataque ao porto de Odessa. Se se tratou de uma bravata, como o ataque a Kiev durante a presença do Sec-Geral da ONU e a Lviv quando Biden estava na fronteira da Polónia com a Ucrânia, foi arriscado e de mau gosto, no primeiro caso. Porém -- e este porém é importante --, tratando-se de objectivos militares unicamente visados -- um navio de guerra e uma quantidade de mísseis anti-navio -- não deixa de ser arriscado, mas está justificado, e não compromete o acordo dos cereais. Imagino que Guterres e Erdogan tenham tido um ataque de nervos cada um.

Quanto à conjectura que manifestei, estava errada mas podia estar certa. Não há anjos aqui.

domingo, julho 24, 2022

o ataque ao porto de Odessa (ucranianas CXIII)

 A encenação foi tão mal enjorcada, que nem uns mortos arranjaram para disfarçar. Ao menos aqui os ucranianos até são dignos de elogio, ao não sacrificarem os seus neste golpe propagandístico mal amanhado (Na Bósnia-Herzegovina, os "muçulmanos" sacrificavam os seus com bombas nos mercados para culpabilizar os sérvios.) Como notava ontem o major-general Carlos Branco, que estranho um ataques daquela envergadura, sem que houvesse mortos. As rápidas e muito sentidas condenações de americanos e britânicos têm a assinatura da vigarice. Só é pena o ministro Cravinho ter-se juntado ao coro. Ou não sabe o que anda a fazer, ou sabe-o muito bem.

Uma nota: voltei a ver o repórter Bruno Amaral de Carvalho na cnn/tvi. 

«Oh Baby»

sábado, julho 23, 2022

sexta-feira, julho 22, 2022

«Miriam Montague»

limites para a indecência -- um louvor a Augusto Santos Silva

 Embora compreenda as reticências de quantos manifestam dúvidas acerca da pertinência de Augusto Santos Silva comentar as intervenções dos deputados, há limites para o uso da linguagem chula e dos modos abarracados como aqueles que um boneco como André Ventura utilizou. Por muito menos, o velho Vasco da Gama Fernandes cortou a palavra a Acácio Barreiros, então deputado único da UDP, pelos modos como se referiu ao então embaixador dos Estado Unidos, Frank Carlucci, outro patife que, desta vez por mero acaso -- e só por mero acaso, e porque Portugal era então um peão na disputa das superpotências -- representava o "lado certo" ou contribuiu que na altura não passássemos para o lado errado das chamadas "democracias populares" do socialismo irreal, rodeadas de pides por todos os lados, a bem do proletariado, já se vê. 

paciência estratégica (ucranianas CXII)

Os russos, como já se tinha percebido, não estão pelos ajustes. Usam a Ucrânia contra si, então a Ucrânia que se dane. Já nem dou grande coisa por Kiev.

A Rússia diz que, uma vez que é assim, já não se ficam pelo Donbass. Para um exército em que os soldados tinham de fazer crowdfunding para as botas, diziam as televisões, e depois da derrota na "Batalha de Kiev" (estes americanos não fazem por menos), não está nada mal.

Lembram-se dos comentadores (alguns) no início da guerra? Comiam a papa que lhes punham à frente para debitar aos indígenas. Como não têm vergonha na cara, continuam a debitar. Ainda esta manhã na rádio: "Como eu sempre disse"... etc.

Por falar em comentadores: uma senhora que comenta veiculando as posições americanas achava muito mal Portugal e a Espanha terem dito que não alinhavam com a proposta da lamentável Ursula com a redução do consumo em 15%; Espanha acrescentou que medidas destas não se tomam ou anunciam sem se consultar os países. Quanto falta para esta tipa  ir borda fora mai-lo speedy gonzález catalão, o inefável congeminador do conceito "paciência estratégica"? Aliás, segundo ela estamos já em guerra indirecta com a Rússia. Querem tanto, pois querem...

quinta-feira, julho 21, 2022

«It Is You»

"Leitor de BD"



A Bomba (vol. II), por Didier Alcante, Laurent-Frédéric Bollée e Denis Rodier

aqui

»El Dulce Gavilan«

quarta-feira, julho 20, 2022

Jafar Panahi

 Não diabolizo o Irão, mas o facto é que não gosto de padres na política, a não ser quando estão ao lado do povo para combater ditaduras, coisa que raramente sucede. A Teologia da Libertação na Igreja Católica é muito mal vista. O João Paulo II preocupava-se muito mais com ela que com a pedofilia ou as traficâncias do Vaticano no mundo da finaça.

No caso destes meninos aiatolas, foram os patifes dos americanos (sempre eles) quem lhes deu o gás todo nos anos 50, para o derrube do Mossadegh, e em '79 eles aí estavam no poder.

(Parênteses: este americanos foram sempre tão estúpidos: alimentaram os aiatolas, os mujaidines, empurraram Cuba e os sandinistas para os braços da União Soviética; uns bojardeiros, exactamente como hoje, com os idiotas domésticos a defendê-los)

Claro que o Irão é um apoiante da Rússia, está portanto do lado certo -- ou menos errado, se quiserem. Mas não podemos em nome disso fechar os olhos àqueles igualmente patifes dos aiatolas (muito menos, porém, do que a tralha do Golfo) 

O cinema iraniano, se não é o melhor do mundo é de longe do melhor que tenho visto nos últimos anos, e Jafar Panahi é um dos seus grandes nomes. Está a arriscar seis anos de cadeia por delito de opinião. Por mim, podem conspirar à vontade para derrubar os aiatolas.

«Anything For Boo»

terça-feira, julho 19, 2022

segunda-feira, julho 18, 2022

«Stapora do Diabo»

caracteres móveis

  «Recorro à literatura, porque a literatura é experiência concentrada.»  

Fidelino de Figueiredo (1886-1967),  «O gosto de coleccionar», Um Coleccionador de Angústias (1951)

domingo, julho 17, 2022

sábado, julho 16, 2022

os nossos valores - como é bela a democracy


Para quantos batem continência aos nossos valores
(Alguém se lembra do Iémen, a Ucrânia da Arábia?)

 

sexta-feira, julho 15, 2022

«Lockdown»

os nossos valores (ucranianas CXI)


Para já, o link
vou escrever algo sobre a censura a que somos sujeitos sobre a guerra na Ucrânia, 
e não vou ser nada meigo
Quanto à conversa fiada de valores e liberdade, podem enfiá-la no cu.
 

«Leitor de BD»




A Bomba (vol. I), por Didier Alcante, Laurent-Ftédéric Bollée e Denis Rodier

 aqui

quinta-feira, julho 14, 2022

«Imbecile Thoughts»

caracteres móveis

 «Escunas, corvetas, pequeninos cutters, fragatas, lugres, brigues, hiates... O que lá vai passado de leveza e graça!... Substituem-nas, ás graças leves, os feios escaravelhos de ferro e pixe; a elas que viviam de brisas, os negros comedores de carvão, bicharocos que mungem roncos de touro enrouquecido. / Progresso amigo, tu és cómodo, és delicioso, mas feio...»

Monteiro Lobato, «Os faroleiros», Urupês (1919)

«Addicted to Your Love»

quarta-feira, julho 13, 2022

ucranianas (CX)

A Ucrânia não vai recuperar território nenhum, vai até perder mais -- a não ser que a Rússia colapse (como?, onde?, quando?...) -- cartada que os americanos jogaram e os ucranianos executam. Na conversa de "reconquista" do Zelensky só os ingénuos acreditam. Mais depressa os russos arrasam Kiev, se quiserem.

Estou a ouvir os palermas do costume: "pois, querem que a Ucrânia capitule..." Ora convém sempre dizer que foram os dirigentes ucranianos que meteram o país neste buraco, de onde já não vão sair ilesos, quando aceitaram fazer de joguete dos americanos. E, portanto, o país vai sempre ficar mal nisto: mais pequeno, mais pobre, com menos gente.

E porquê? Porque o Putin é especialmente perverso, louco, uma espécie de Hitler, como a propaganda mediática americana ao serviço do Pentágono (como aquela fraude do Zakaria da cnn internacional, etc.) procura confundir os pobres de espírito? Não forçosamente; mas talvez porque a estratégia dos falcões de "enfraquecer a Rússia" tenha ido demasiado longe ao crer abarbatar-se  com o território às portas do Kremlin.

"Quem são o invasor e o invadido?" A pergunta dirigida a mentecaptos, feita por incompetentes, terá desenvolvimento depois.

«4am Fried Chicken»

terça-feira, julho 12, 2022

a arte de começar

«Pois que toda a literatura é uma longa carta a um interlocutor invisível, presente, possível ou futura paixão que liquidamos, alimentamos ou procuramos. E já foi dito que não interessa tanto o objecto, apenas pretexto, mas antes a paixão; eu acrescento que não interessa tanto a paixão, apenas pretexto, mas antes os seu exercício.»

Maria Isabel Barreno (1939-2016), Maria Teresa Horta (1937) e Maria Velho da Costa (1938-2020), Novas Cartas Portuguesas (1972) 

segunda-feira, julho 11, 2022

«Cala-te e Dança»

 Aqueles olhos segredando de amor, / aquelas mãos alongando-se de amor, / aquele corpo todo ondulando de amor, / e em mim / só um vago desejo de dormir no seu regaço. – Jorge de Sena, 40 Anos de Servidão (póstumo, 1979)

domingo, julho 10, 2022

quarta-feira, julho 06, 2022

«Sabbath»

por falar em pincher: au au au! (ucranianas CIX)

1. Por falar em pincher: quando vejo o Stoltenberg, lembro-me do galgo afegão dos meus sogros, Puzak da Rotlândia, esguio e estúpido que nem uma casa. Um cãozito de fila, menos desagradável, porém que o Borrell, que parece um daqueles rafeiros minúsculos com cauda revirada e ar de morcegos. Chamar àquilo cães é uma afronta à espécie. O mesmo com a inestimável Úrsula, cujo perfil é de chacal, e deve ser corrida o quanto antes. 

2. Por falar em UE: é impressionante como  o verdadeiro líder, o Boris Johnson, se desfaz lentamente aos nossos olhos (ministros e secretário de estado batem com a porta enojados), um pouco como está a acontecer com a Ucrânia, cujos líderes foram na cantiga dos americanos.

3. Por falar em Ucrânia, parece que a reunião de angariação de fundos se destina à futura região autónoma de Lviv, um protectorado polaco.

4. Por falar em Polónia, um filete na TVI(CNN (o canal enigma) "noticiava" ontem: "Polónia prepara-se para invasão da Rússia, e destacou 15 mil soldados para a fronteira." (Não garanto o ipsis verbis)

5. Por falar em Rússia: os soldados russos já conseguiram dinheiro para as botas por crowdfunding, ou andam a conquistar a Ucrânia descalços?

«Only Love»

terça-feira, julho 05, 2022

caracteres móveis

 «Madame tem um olhar muito doce, pestanudo e submisso. É (ou melhor, foi) realmente muito bonita, um rosto de linha delicada, as carnes suaves, mas, a ajuizar pela simples inspecção visual, bastante amolecidas pelo excesso de uso.» 

José Rodrigues Miguéis, «Gente da terceira classe», Gente da Terceira Classe (1962)


«Leitor de BD»




Bernardo Majer, Estes Dias 


aqui

da ideologia de género pregada às criancinhas ao "machismo tóxico" de Putin

Ponto de partida: a ideia de que numa sala de aulas apareça um mamífero a pregar às criancinhas conceitos abstrusos como a fluidez de género é um atentado grave à autodeterminação sexual da criança como indivíduo, e portanto deveria ser criminalizado, como o são o atentado ao pudor, para não falar no resto.

Com crianças e mulheres a serem mortas agredidas e mortas todos os dias, o  Ministério Público preocupa-se em subtrair a uma família a responsabilidade (não escrevo autoridade, porque é uma palavra feia) pela educação dos filhos.

Isto porque os pais discordam que os seus educandos sejam sujeitos à inculcação de ideias abstrusas e doentias como, por exemplo, a fluidez de género... Como se isto fosse ou tivesse sequer dignidade de matéria curricular. Não tem nenhuma.

Direitos humanos, dizem as aventesmas. A coberto da dignidade da salvaguarda da liberdade e da não discriminação, promove-se a inculcação, com a cumplicidade cobarde dos poderes públicos, e o próprio fechar de olhos e assobiar para o lado da Igreja, que tem os seus colégios (normalmente para famílias com posses), onde obviamente estas badalhoquices não entram -- o que não significa que estejam desatentos aos problemas que a sociedade levanta. Por acaso não estão; mas como também estão na defensiva, reservam-se.  

Eu sei que a cobardia, o oportunismo, o carreirismo, o não fazer ondas é que paga. Mas isto precisa de um sobressalto asseado (sem Chegas e ordinarices parecidas); ou seja, que o bom senso se faça ouvir, à direita e à esquerda, a esquerda que pensa pela sua cabeça, que não vai em carneiradas e que não aceita mais esta americanice. Ribeiro e Castro, como conservador que é, já se manifestou, e bem. É preciso não o deixar sozinho. É que já não se trata de garantir a liberdade sexual para todos, mas de impedir a perseguição de quem acha que a Escola não é o local para haver inculcação de formas mais do que questionáveis de encarar a individualidade sexual, e de que, já agora, a família ainda é o lugar onde se deve educar. (Claro que não me estou a referir às família desestruturadas pelo capitalismo selvagem e badalhoco, que organizações como a fox servem; essas coitadas, são as primeira vítimas deste sistema em que tudo se compra e vende, a começar pelas consciências.)

P.S. Ainda não me inteirei bem sobre o caso do professor de Aveiro, até que ponto ele foi longe de mais ou não -- ou seja: em que medida a s suas convicções pessoais expressas no facebook colidem com a função de professor universitário. parece que se passou com a campanha da fox sobre o assunto, conversa de chacha merdosa e arrogante, rematada com um "aprender faz parte". Vamos transformar isto numa maravilhosa América, um nicho de elites, com a vasta massa bestializada, governada por lóbis e cujo desporto nacional é andar aos tiros uns aos outros.

P.S.2 Parece que o dito prof. gosta do Putin, por não deixar esta canalha organizada expandir-se à vontade (como o Orban, de resto, o que motivou crepes arco-íris no Expresso, essa referência). Eu também não tenho dúvidas de que o lóbi gay detesta o Putin, e que está metido até ao pescoço, e de há muitos anos, na campanha. Independentemente de outros problemas, onde o Putin se revela verdadeiro estadista é na protecção das crianças russas desta matilha. É mesmo uma das razões por que o acho tão apreciável.

P.S. 3 um boi como o Boris Johnson, que já teve a polícia em casa por violência doméstica, falou por estes dias do machismo tóxico do Putin, a propósito do troco nu, que tanta confusão lhes faz. Mas a resposta do mesmo Putin à piadola deste bicho e do insuportável Trudeau do Canadá esteve mais do que à altura. 

quadrinhos


segunda-feira, julho 04, 2022

«Jam Txgá»

o jornalismo que se nega a si próprio (ucranianas CVIII)

Uma das grandes batalhas da NATO & Associados tem sido a de manter a espumar a opinião pública ignara. Portanto, como se não chegasse os horrores da guerra e a população civil sacrificada aos interesses que não são os seus, é preciso estimular os sentimentos naturais das pessoas de compaixão, solidariedade e outros menos nobres.

Os russos tomam Lysychansk, o título desta folha de couve é "Kiev aponta à reconquista de Lysyschansk"

Não me lembro de o jornalismo andar tão por baixo, ser tão incompetente e servir objectivamente, não a informação, mas a propaganda e os interesses de uma potência, que alegadamente são também os nossos. Para os palma cavalinhos e demais analfabetos, talvez sejam. O que o jornalismo deve fazer é relatar os factos; dizer que Kiev aponta a reconquista de uma cidade perdida é zero de informação; vale tanto como dizer que Lisboa aponta à reconquista de Olivença, ilegalmente ocupada por Espanha, sem grandes problemas para quem lá vive.

Post-Scriptum: já há algum tempo que quero corrigir uma apreciação inicial positiva que fiz de Sónia Sénica, comentadora na CNN/TVI, que continua a ser o canal cuja parte portuguesa melhor trabalho faz (os enlatados da casa-mãe, são mera propaganda para um público embrutecido.) Enganei-me e revogo. Na área das Relações Internacionais e arredores, dos que tenho visto -- e é impossível ver todos --, o mais isento e equilibrado tem sido, claramente, Tiago Ferreira Lopes, da Universidade Portucalense, no mesmo canal.

Como tenho dito, é possível ter opinião, tomar partido por um dos lados, e ser-se honesto e competente. Há alguns casos, poucos.


a arte de começar

« O comboio parara finalmente na estação de Portalegre. De novo o cavalheiro amável se dirigiu a Rosa Maria:»

 José Régio (1901-1969), Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941)

domingo, julho 03, 2022

uma ternura de foto


Não é todos os dias que Marcelo se encontra com uma grande figura.
E Lula ganhou uns bons voto hoje. É o que se quer.

 

«Ideia 1»

sábado, julho 02, 2022

caracteres móveis

 «O velho monaquismo era uma fuga da angústia, da angústia da desfiguração inevitável do nosso verdadeiro ser no convívio do mundo, e era a ânsia da posse plena da consciência, tal como ela se deixava colher na solidão e no silêncio.»  Fidelino de Figueiredo (1886-1967),  «O gosto de coleccionar», Um Coleccionador de Angústias (1951

sexta-feira, julho 01, 2022

Fogo Fogo, «Ca Ta Da»

nunices

Quem ontem ouviu João Joanaz de Melo sobre a questão do futuro aeroporto, não pôde deixar de ficar estarrecido e desgostoso. A saber: 

1. os últimos estudos sérios e aturados que se fizeram, ocorreram quando da ponderação Ota-Alcochete;

2. Em Alcochete existe uma reserva estratégica aquífera, que será certamente afectada com a construção do aeroporto.

3. O Montijo, que este governo irresponsável quer a todo o transe levar por diante -- com a justificação grosseira e merceeira de o país estar a perder milhares de milhões de euros --, toda a gente sabe que

a) é perigosíssimo, pelo risco de colisão com aves;

b) é um risco para milhares de moradores na região, tal como o é em Lisboa;

c) situação transitória: o risco de inundação da pista.

Portanto, neste país tomam-se decisões levianas, por medo de fazer e medo de não fazer; medo de perder votos, entenda-se. É este tipo de gente -- e aqui refiro-me a todos os governos de há trinta anos, pelo menos -- que desqualifica a democracia.

Estes gajos que nos calharam em sorte, não estudam, porque as prioridades são outras. João Joanaz de Melo, ontem disse aquilo que todos sabem: Beja é mais barato (já está feito); um comboio está a uma hora e um quarto de Lisboa [num TGV (que forçosamente teremos, o que não sucede por causa da baixa cozinha da politicalha e do tal medo), em bem menos.  Sem falar nos aeroportos mais pequenos à volta de Lisboa, com pista para receber voos intraeuropeus, como Tires.]

Resumindo: não há estudos, mas decide-se. Um governo sério e a sério, compromete-se com um calendário e com estudos à prova de bala, para que não haja dúvidas É isto que distingue os estadistas. Estudar e debater, mas executar, e uma legislatura chega para tudo, incluindo iniciar as obras, sem outros problemas. O que agora se faz é uma cena à Infarmed: muda-se o serviço para o Porto, numa jogada demagógica e politiqueira, e depois logo se vê.