A banalidade do lugar-comum foi sempre algo a que tentei fugir. A família, como célula natural em que cada indivíduo é concebido, é (ou deveria ser) à partida o lugar do amor mais puro, do amor sem porquê. Obviamente que sei que nem sempre é assim -- e que pode ser, nos piores casos, um inferno. No entanto, estou convencido de que, em muitos casos que tiveram o azar de lhes calhar o pior possível, há a nostalgia do que poderia ter sido e não foi; e que alguns daqueles vão, por sua vez, tentar e dar aos seus o que não lhes coube. Porque a família é, ou deveria ser sempre, o lugar do amor, do amor sem porquê. Não faço ideia se isto esteve na cabeças os nas intenções de Walter Salles; mas "Ainda Estou Aqui", que mostra como a violência das ditaduras pode cair como um raio no seio familiar, é um hino de amor à família como primeiro e último reduto de amor, humanidade, felicidade e até alegria no vórtice do turbilhão da História, que se desenrola cega, sempre.
Fernanda Torres: já tudo foi dito. Ela, a mãe-de-família durante o terror da História, é o filme -- que é muito e intenso.
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