[..] a lama que te apanhou, meu querido, são as borras do Portugal velho, a enxúndia dos possidentes, a escória dos burocratas-juízes-finaceiros, a escuma dos ancestrais-professores-de-direito-de-Coimbra, a baba escorrente dos frades-barões do Almeida Garrett, a ralé dos fidalgos-terratenentes-parasitários das terras e das aldeias do Júlio Dinis, o cuspo dos bacharéis-administradores-de-concelho do Eça, o escarro dos cónegos-abades-vigários do Camilo, o babadouro dos directores-superintendentes-capitães do Raul Brandão, a escória dos desempregados-da-Índia do Pessoa e dos loucos-lúcidos-alucinados do Sá-Carneiro, a gosma dos reitores-professores-funcionários-ignorantes do Vergílio Ferreira, a gentalha-canalha dos medíocres-interioreâneos-cobiçosos-das-oportunidades-na-cidade-grande, como o ministro das contas, do Régio, o refugo dos chupistas-patrões que engolfam e não partilham do Ferreira de Castro, os descendentes-embrutecidos das casas fidalgas do Norte da Agustina, o rebotalho dos banqueiros-protegidos-do-regime do Lobo Antunes, os aljubeiros cegos de presos cegos do José Saramago, as vísceras podres das personagens vernaculares do Mário Cláudio, o restículo miguelista dos dons João V e VI sugando o ouro do Brasil e enforcando Gomes Freire de Andrade, é da diarreia dos dejectos deles que este fogo é feito, não do fogo da vida, que não queima e não mata [..]
O Último Minuto na Vida de S.