A ecologia merdificada do espaço público gera caralhices noticiosas como a do incidente ocorrido na Festa do Avante!, que não interessam a ninguém. E não interessam porque, a não ser que haja provas, é a palavra da alegada vítima contra a do PCP. Como não conheço a vítima nem o PCP, não faço fé em nenhuma.
Mas já que estamos no domínio do picaresco, apetece-me elaborar sobre o assunto (tive sempre uma estranha atracção pelo grotesco...).
Para começar, sou um adepto de bicos em espaço público, versão hetero, mas nada contra o homo. Sou adepto, em locais próprios para o efeito ou em sítios em que não haja grandes possibilidades de uma família andar a passear tranquilamente e se depare com cenas macacas. Sendo um entusiasta daquilo a que os brasileiros chamam boquete (saravá, leitores desse lado!), sou-o também da Festa do Avante! (não há relação; não há contradição...) Não falhei uma edição das que se realizaram no Alto da Ajuda, in illo tempore; e, hélas!, só me desloquei uma vez à Quinta da Atalaia, por preguiça. Quais festivais, qual carapuça!, aquilo é que é -- toda a gente se sente lá bem e ninguém anda a ver se somos camaradas ou não.
Assim, sobre as duas versões vindas a público, apetece-me escrever o seguinte:
versão 1) dois homens trocaram um beijo em público no recinto da festa e foram agredidos por elementos da organização. A ser verdade, tal é uma selvajaria e o PC tem que tomar medidas para que não volte a acontecer um episódio semelhante. É violência e homofobia odiosa.
versão 2) dois marmanjos (ou um casal hetero -- para o caso tanto faz) ajavardam o espaço público. Nesse caso, a organização não só faz bem em expulsá-los, como (embora seja ilegal, concedo mas quero lá saber) uns calduços bem aviados nos elementos masculinos é altamente recomendável, para que para a próxima pensem duas vezes antes de partilharem a boçalidade com a público.
Homofobia? Não me fodam. Lembra-me um episódio passado com um amigo, que, ao aproximar-se do portão da casa, dá com um tipo a mijar-lhe à entrada. Ao perguntar-lhe se ele também fazia isso à porta da casa dele (e provavelmente a pergunta foi feita com umas asneiradas à mistura, compreensivelmente), o rapaz, que por acaso era negro, respondeu-lhe: "Epá, isso é racismo!"...