quarta-feira, novembro 30, 2022

terça-feira, novembro 29, 2022

os maiores criminosos de guerra: a Nato (au au, faz o cão!) e a clique que ela controla -- seguido de duas notas a dois comentadores (ucranianas CXLII)

 Depois de não terem cumprido os Acordos de Minsk, a seguir a servirem de títeres aos Estados Unidos (presença a descoberto da subsecretária de estado americana e do embaixador no golpe que depôs o governo legítimo e subsequente infiltração e paleio com todos os aptos ao serviço, a começar pelos neonazis -- vai a bold, que é para não ficar esquecido --, talvez poucos, mas ainda assim maus); depois de se prepararem para atacar os russos do Donbass -- esses tais que não lhes estava a apetecer continuar na Ucrânia sendo russos, o que estão plenissimamente no seu direito: chama-se autodeterminação -- depois disso tudo, da falta de vergonha do Zelensky à imbecilidade (ou cobardia) da maioria dos eurodeputados -- pérola que ficará nos anais do ordinarismo em política internacional, preparem-se para as imagens da população das cidades da Ucrânia, em especial velhos e crianças a congelar (um prato sempre apetitoso na guerra da informação).

Esta obscenidade, com o alto patrocínio da Nato e do Pentágono, leva-me a repetir uma ideia curta e precisa, que já por duas vezes ouvi ao major-general Carlos Branco, cito de cor: "Quem não quer guerra, não as provoca."

No outro dia, por acaso, passando pela sic, ouvi o Marcos Faria Ferreira, homem das RI, a propósito da idiotice (palavra minha) do Parlamento Europeu, ao considerar o estado russo como patrocinador do terrorismo, uma observação de puro bom-senso, que poderá ser subscrita por quantos estejam de boa-fé nesta guerra: ao cavar ainda mais o antagonismo entre a Europa e a Rússia, enfraquecendo os laços diplomáticos (através dos quais o diálogo se exerce) e mostrando-se incapaz de reverter a situação militar (quem achar que a Rússia irá largar o Donbass, levante o dedo), a União Europeia colocou-se a si própria num beco sem saída. 

As consequências da miséria estratégica da UE, a de servir de cão dos americanos quando o calor aperta, não devem ser nada boas. Numa guerra como esta, em que dois imperialismos se defrontam, a União Europeia poderia ter aprendido um pouco com a China e com a Índia, que contêm a Rússia sem a hostilizar; pelo contrário, a União Europeia, a presidente da comissão e agora o PE, presidido por uma inepta, já disseram esfola, mesmo antes de o dono dizer mata!

As dificuldades já estão a fazer-se sentir não apenas entre nós, mas na generalidade dos povos europeus. Quando as coisas começarem a dar para o torto internamente, se tiveram vergonha na cara, não se desculparão com os russos e a sua "guerra ilegal" (outra pérola), ou com o inimigo interno ou lá o que queiram chamar-lhes. A verdade é que mesmo com censura dos canais russos e uma manipulação merdiática da opinião pública como nunca se viu, quando a classe média empobrecida começar a recorrer ao Banco da Fome, garantido um lugar no Céu à senhora que o inspira, duvido que continuem a achar graça ao tele-Zelensky diário e à sua banha da cobra. E depois logo se vê: ou cai Putin ou cai a UE; e claro o amigo americano sempre a faturar.

 

segunda-feira, novembro 28, 2022

quadrinhos


 

caracteres móveis

«A cauda ergueu-se num ápice, formando volta que nem cano de guarda-chuva;  a cabeça levantou-se também e nela luziram os olhitos até aí amortecidos.» Ferreira de CastroA Lã e a Neve (1947)

«Cansado da mesquinhez das terras arrendadas, o pai trabalhava agora na mina de volfrâmio dos ingleses como carpinteiro-escorador.» José Marmelo e Silva, Adolescente Agrilhoado (1948) 

«Coice do morto, assim chamado, porque vem em pantufa de fantasma, ninguém espera, ninguém vê, e dá em cheio no vivente desprevenido que é para o caso o bom Elias.» José Cardoso PiresBalada da Praia dos Cães (1982)

domingo, novembro 27, 2022

sábado, novembro 26, 2022

caracteres móveis

«Como centro do mundo, Vila Velha era um lugar relativamente abrigado das contingências e caprichos da História.» Álvaro Guerra, Café República (1983)

«De súbito o chefe apitava, a locomotiva respondia, os carregadores batiam uma continência marcial e o comboio arrancava, inclinava-se a fazer a curva, desaparecia entre os taludes.» J. Rentes de CarvalhoA Amante Holandesa (2003)

«A labareda gigante da siderurgia lá longe na Outra Banda e ali à mão rolas a arrolhar de papo em beirais pombalinos e gatos narcisos a lamberem-se ao sol.» José Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães (1982)

sexta-feira, novembro 25, 2022

«Revival»

pois claro (ucranianas CXLI)

L'Express


A vigarice deste gajo e dos que nele mandam tem sido tão notória, que o L'Express, agora que isto vai doer, fez manchete com a sugestiva imagem acima, a ilustrar um texto patético. 
Se eu fosse um grande malcriado, diria que os franceses ganharam o triste troféu dos primeiros a serem enrabados por este amigo americano, e sem vaselina; para o resto da UE, o nosso Biden conta com o auxilio da dominatrix alemã e os dois monos que a acolitam.  

caracteres móveis

«Elias, com lume brando e desencanto que baste, aquece o leite da manhã.» José Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães (1982)

«Como dizia D. António Lencastre, o nobre lavrador da Quinta das Toupeiras, quando do alto da milorde parada à porta do café, ao sábado à tarde, debitava pródigas e audazes verdades, republicanos, em Vila Velha, havia três, um barbeiro, um judeu e um estafeta, quando muito quatro, contando com o Praga de Mãe, "que nem é homem nem mulher".» Álvaro Guerra, Café Central (1983)

«Da linha do comboio de via estreita, abandonada, ficaram os carris a marcar a presença, e um ou outro poste, donde pendem os fios do telégrafo.» J. Rentes de Carvalho, A Amante Holandesa (2003)

quadrinhos


 

quinta-feira, novembro 24, 2022

caracteres móveis

«Aqui e além bocados de vinha, casebres perdidos, rochedos cobertos de musgo, aldeias tão longínquas que são apenas manchas brancas na paisagem.» J. Rentes de Carvalho, A Amante Holandesa (2003)

«Cozinha, pia de pedra e janela para as traseiras onde há varandas com pombais e roupa estendida a secar; vasos e caixotes de flores nas janelas, ervas selvagens a crescerem nos telhados por onde passeia a rataria, antenas de televisão.» José Cardoso Pires, Balada da Paia dos Cães (1982)

«Embora se conhecessem os seus dedicados serviços à monarquia apeada em 1910, ninguém contestava a autodefinição que ele apregoava, depois do advento da República: "Nem monárquico, nem republicano -- homem de bem ao serviço da coisa pública."» Álvaro Guerra, Café República (1984)

o terrorismo dos imbecis (ucranianas CXL)

 Qualquer pessoa de bom senso que acompanhe minimamente a guerra na Ucrânia há-de perguntar-se sobre a vantagem de 494 idiotas no Parlamento Europeu terem declarado a Rússia como estado patrocinador do terrorismo (e de caminho, sancionar, não sei como, quem contrariar a versão publicamente). Uma declaração que vale zero, e que arrasta a UE progressivamente para a guerra. 

Tenho a certeza de que haverá maluquinhos iguais ao Boris Johnson apostados numa boa pancadaria com a Rússia, até lhes cair uma termobárica nos cornos. Talvez tenhamos a sorte do bom senso do velho de Washington, ao contrário dos falcões (e abutres) que o rondam, a exemplo do que sucedeu no caso dos "dois mísseis russos" disparados sobre a Polónia), e mande calar esta inenarrável úrsula e os dois macaquinhos amestrados (sem falar na anedota que preside ao PE).

Quanto aos grande estados populacionais, a Alemanha faz o que quer; a França não se percebe o que faz; a Itália demasiado ocupada em fascizar, a Polónia, entre o receio do grande urso e a tentação de abocanhar algum despojo. Como se tudo não fosse já complicado, Orbán enverga um cachecol com o mapa da Grande Hungria...

Entretanto, como disse então, um conveniente atentado atribuído do PKK em Istambul (outra grande aldrabice), deu mesmo jeito para tratar da saúde aos salientes curdos da Síria, que os da Turquia estão reprimidos q.b.  

Claro que isto já não interessa a ninguém, os curdos. É o Zelensky, não é?, e primeira dama... Desde a comparação com o Churchill às capas das revistas para os pobres de espírito, Ficará para outro post, também para vermos em que se está a transformar a UE. 


P.S. Apreciei o facto de quatro deputadas do PS se terem abstido, o que já é muito nesta conjuntura. Mostraram que pensam pela sua cabeça e não são meras marionetas. Não gostei nada da abstenção do Bloco, porém esperada. Obviamente, a posição mais decente é o voto contra do PCP contra esta provocação inócua. 


* De notar que com o rigor jornalístico a que já nos habituaram, as televisões em rodapé anunciavam que o PE qualificara a Rússia como estado terrorista, que apesar de tudo não é a mesma coisa. No entanto que há para admirar numa classe cheia de toscos, iletrados e papagaios do poder?

quarta-feira, novembro 23, 2022

«Geni e o Zepelim»

caracteres móveis

 «Muito seu continua o jeito de como ao falar cerra os olhos em duas fendas chinesas, antes risonhas, agora insondáveis.» J. Rentes de Carvalho, A Amante Holandesa (2003)

«O primeiro grande massacre do século ia começar mas, em Vila Velha e em muitos outros lugares, ninguém sabia de nada.» Álvaro Guerra, Café República (1984)

«Viu no fundo duma cova uma conspiração de cães à volta do cadáver dum homem; alguns saltaram para o lado assim que ele apareceu mas logo retomaram a presa; outros nem isso, estavam tão apostados na sua tarefa que se abocanhavam entre eles por cima do corpo do morto.» José Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães (1982)

terça-feira, novembro 22, 2022

«Yolanda»

Boris Johnson veio falar aos indígenas

 Uma criatura com credibilidade abaixo de zero, um clown da política, de quem parece os tories gostaram, até carregarem no autoclismo, veio a Lisboa falar aos pategos sobre a Ucrânia.  A densidade do bípede é mais ou menos esta:



segunda-feira, novembro 21, 2022

«Emilie»

o primeiro Tintin, o Tintin de sempre


Lisboa, 1925. Durante as semanas em que o Repórter X enviava as suas reportagens de Moscovo, o interesse dos leitores era tal, que a revista
ABC publicava uma segunda edição e acrescentava na capa: “Revista Portuguesa na Rússia”. Não se sabe se Reinaldo Ferreira, o homem por detrás do ‘X’, esteve de facto na pátria dos sovietes, os historiadores dividem-se; no entanto, pela verosimilhança do relato, o mais famoso enviado do jornalismo português sabia do que falava.

Também o jovem Hergé (1907-1983) nunca pusera os pés na pátria de Lénine, mas o relato do recém-criado Tintin foi um enorme êxito popular. Surgido no Petit Vingtième, suplemento infantil do jornal católico Le Vingtième Siècle, de Bruxelas, a partir de Janeiro de 1929, Tintin no País dos Sovietes conheceu uma edição em álbum, logo se esgotando; no entanto, só em 1973 a editora Casterman faz sair uma nova edição, com Tintin no Congo e Tintin na América, sob a designação de «Archives Hergé». Por um lado, o pendor antibolchevique não caía bem na intelligentsia ocidental complacente com o regime, com a designação de anticomunista a revestir-se de anátema incómodo; por outro, a circunstância de Hergé, simpatizante do movimento rexista belga, ser detido após a libertação sob a acusação de colaboracionismo, também não facilitara as coisas. No início da década de 1970, porém, Hergé já era consensual, e Tintin uma personagem reconhecidamente humanista. Além disso, o prestígio que a União Soviética exercera na década de trinta, vinha ruindo paulatinamente, também por obra de escritores como Koestler, Orwell e Soljenítsin.

O que há do Tintin que todos amamos neste trabalho de juventude é o que veremos na próxima semana.

***

O que faz de Tintin uma série tão apreciada ao longo das gerações, perguntávamos na semana passada?

Desde logo, as características da personagem, herói moderno com virtudes antigas: Tintin é corajoso, é leal, é intrépido, é justo, é compassivo e é casto. E deve acrescentar-se a mestria de Hergé: um engenho aprimorado da narrativa, misturando o apelo da actualidade com uma visão humanista e um apurado sentido do gag. Milu é a perfeita personagem adjuvante, função que mais tarde repartirá com o Capitão Haddock.

Todas essas qualidades aparecem em Tintin no País dos Sovietes. Sim, é um trabalho dum jovem, mas o talento já se manifesta, apesar das puerilidades e da influência do catolicismo reaccionário. Se as pranchas são vulgares quanto à disposição das vinhetas, estão bem conseguidas no dinamismo da composição, contribuindo com eficácia para o ritmo vertiginoso da narrativa, nas suas 137 folhas: na segunda prancha deparamos com o primeiro vilão e a primeira explosão; na terceira, a primeira detenção; na quinta, a primeira cena de pancadaria e o primeiro disfarce; à sexta, a primeira perseguição automóvel…

Obra de propaganda, é verdade, mas se pesquisarmos os delírios propagandísticos que se seguiram, veremos que Tintin no País dos Sovietes é mesmo aquilo que é: uma brincadeira de crianças.


Tintin no País dos Sovietes

Texto e desenhos: Hergé

Difusão Verbo, Lisboa, 1999

Agosto de 2019







sábado, novembro 19, 2022

sexta-feira, novembro 18, 2022

quarta-feira, novembro 16, 2022

quadrinhos


 

José Saramago, centenário

 É um dos grandes, o Nobel fica-lhe muito bem, como ficaria a vários outros antes dele, portugueses e brasileiros.

Além de ser dos grandes é único: só Saramago é Saramago; há que escreva à Saramago, como houve quem escrevesse à Eça, por exemplo; mas o que distingue um verdadeiro escritor é o seu estilo único e reconhecível.

As minhas preferências vão para em especial para Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982) e O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984). E ainda, mas menos, Ensaio sobre a Cegueira (1994) e A Viagem do Elefante (2008).

Curiosidades: Manual de Pintura e Caligrafia (1977), quando Saramago era igual a tanto outros, um suficiente + (não sou professor); Terra do Pecado (1947), juvenília promissora.

Romances falhados: A Jangada de Pedra (1986) e Ensaio sobre a Lucidez (2004), duas boas ideias, mas uma vai perdendo força e a segunda estampa-se por completo a meio da narrativa.

 Do pouco que li dos Cadernos de Lanzarote (1994-1998), salvam-se umas pepitas: muito distantes, porém, dos magníficos diários do Régio e do Torga; abaixo, inclusive, dos do Vergílio Ferreira, que não logra o nível dos primeiros. 

Do teatro, li há décadas A Noite. Guardo uma sensação agradável, mas nada de marcante; ao contrário de As Pequenas Memórias, muito conseguidas. A propósito: um dia, se tiver tempo, paciência e disponibilidade, farei o inventário dos vários paralelismos dos percursos de Ferreira de Castro e José Saramago, do nascimento à morte, há vários, e curiosos). Por falar em biografia: 

Não tenho nenhum livro de poesia dele. Recordo-me muito bem da «Fala do Velho do Restelo ao Astronauta», dos bancos da escola...

O Conto da Ilha Desconhecida (1997) não me ficou.

Saramago foi, ainda, um excelente blogger, embora não fosse ele a postar. Tenho de comprar o livro onde isso está reunido, O Caderno (2009).

Sentimentos de culpa: não ter lido ainda a História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), Todos os Nomes (1997), As Intermitências da Morte (2005) e Caim (2009). Curiosidade pelos restantes, em especial Clarabóia (2011, póstumo), também do ainda jovem José Saramago, que nasceu na aldeia da Azinhaga do Ribatejo -- que conheci bem na infância -- faz hoje 100 anos.

Não recomendo a biografia de Joaquim Vieira, que se perde no gossip, em histórias de saias que não interessam a ninguém. Mas eu quero lá saber se o Saramago era femeeiro?  A vida pessoal é o que menos interessa num escritor, por muito relevante e movimentada que tenha sido, o que acontece com poucos (alguém já pensou na chatice de vida que teve, por exemplo, o Vergílio Ferreira?) Numa biografia, nada deve ser escamoteado (salvo por razões atendíveis), mas o que importa mesmo é o que o biografado fez e deixou. É por isso grande a expectativa com que vou agarrar a de Filomena Oliveira e Miguel Real.


digamos que o Zelensky se comporta como um patife (ucranianas CXXXIX)

 Ninguém se atreve a dizer o que se passou na Polónia, se destroços de antiaérea, se um incidente. Pelo contrário, água na fervura, a começar pelos polacos e a acabar nos americanos -- excepção para os estados bálticos, tal é o pavor. E Zelensky, que não perde uma oportunidade para nos arrastar a todos, sabendo-se que chefia um estado que se presta ao papel de concessionário e procurador dos Estados Unidos nas questões russas. Insuportável.

terça-feira, novembro 15, 2022

JornaL

1. Bomba em Istambul. Do PKK? Tenho quase a certeza que não. O PKK é uma força política, não um bando de jihadistas infectos. Que eu saiba os seus alvos não são civis, mas sim elementos do estado turco, que ocupa uma boa parte do Curdistão, que só nos interessa quando o daesh nos assusta. Atenção às movimentações de exército turco, nos próximos dias. 

2. "Reconquista" de Kherson. Vai assim e entre aspas, por ser a aldrabice mais criativa desde a chamada "batalha de Kiev". A vigarice palerma generalizada. Fica para uma próxima. 

3. Putin ausente de G20 é sinal de pouco à-vontade, mas ele tem obviamente mais com que se preocupar. À tagarelice do Sunak (com bastante melhor aspecto do que o boi e alface que o antecederam), Putin envia uma ameixas mais, talvez para responder aos media imbecis que andam a vender que a cimeira vai condenar a Rússia. Está-se mesmo a ver.

4. Estou cansado de ouvir idiotas e vígaros, da meia-tigela noticiosa à cúpula política. 


segunda-feira, novembro 14, 2022

a arte de começar

«1.º AMIGO (bebendo conhaque e soda, debaixo de árvores, num terraço, à beira-d'água) Eça de Queirós, O Mandarim (1880)

 «Disse a crítica pela boca de Boileau: / Rien n'est beau que le vraie, / e não tardou que as fábulas, arabescos exóticos e exageros, oriundos principalmente de tempos heróicos, perdessem toda a soberania dantes exercida na ampla esfera das boas-letras.» Álvaro do Carvalhal, Os Canibais (1866)

« Já não posso com estes tipos.» Raul Brandão, O Pobre de Pedir (póstumo, 1931)

«Moonlight»

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domingo, novembro 13, 2022

Raimundo, quase música para os meus ouvidos

Não sendo disciplinado e aparelhista, detestando a hierarquia e a autoridade, que não a dada pelo exemplo e pela vida, avesso a catecismos, direi que os fragmentos ouvidos do discurso de Paulo Raimundo, novo secretário-geral do PCP, foi quase música para os meus ouvidos: a caracterização da hiena capitalista, essa que se ri enquanto despedaça carcaças, o desmascarar da politicalha manobrista, do PS ao CDS (não ponho a lepra do Chega no mesmo saco, já a História ensina esse erro fatal), a denúncia do belicismo norte-americano, com a domesticação da UE (também aqui divirjo do PCP, e dou por mais do que justificada -- e até necessária -- a acção da Rússia na Ucrânia, campo de tiro do Pentágono). 

Mas o que me agarrou logo, mal comecei a ouvi-lo -- suponho que pouco passava do início do discurso --, foi a afirmação de que os comunistas lutam por uma sociedade em que as crianças tenham, entre outros, o direito a brincar. Alguém imagina esta pureza vinda do Costa, do Montenegro ou dessa caricatura do liberalismo que dá pelo nome de Cotrim? 

Em tempo: ouvi-o no Telejornal; gostei bastante. Julgo perceber a escolha de Jerónimo

«Loves Missing»

sábado, novembro 12, 2022

sexta-feira, novembro 11, 2022

o acordo russo-americano (ucranianas CXXXVIII)

 Parece que a guerra entre a Rússia e os Estados Unidos está com novos desenvolvimentos: de acordo com o major-general Agostinho Costa, que ouvi ontem na RTP3, os russos deixaram de atacar centrais elétricas e outras estruturas vitais, em contrapartida os ucranianos facilitam a retirada para a margem esquerda do Dniepre, sem fustigações de artilharia na travessia do rio, em balsas, o que provocaria uma hecatombe russa.

Muito me ri ontem a imaginar as cambalhotas do comentariado incapaz ou esportulado pelos americanos, pelo contorcionismo a que assistirei nos próximos dias; os analfabetos dos jornalistas e pivôs (com honrosas excepções), esses ainda não devem ter percebido.

Eu cá estarei, espero, no fim dos combates (ou no início das negociações), para ver onde falhei e acertei. Nem me darei ao trabalho de apontar o dedo aos incompetentes das RI e aos generais-Nato, que andam a vender banha-da-cobra desde Fevereiro..

Pelo que parece, correndo o risco de ser prematuro, os americanos preparam-se para tirar o tapete aos ucranianos, coisa que fazem com grande à-vontade, como é do seu cadastro. E como se trata duma guerra entre a Rússia e a América, com ucranianos e europeus usados para interesses que não são os seus, com o colaboracionismo, e até traição, da cúpula política dirigente -- sacrificando os interesses próprios aos do Pentágono e ao complexo militar-industrial de que a benemérita organização é braço institucional --, as superpotências militares tratam entre si: o conselheiro de defesa americano foi a Kiev dizer ao Zelensky para pôr-se fino; Putin mandou os militares realizar um fake, quase tão mau como uma série portuguesa.

É e será assim?: muito provavelmente sim. Cá estaremos.

quinta-feira, novembro 10, 2022

«Labirinto ou não Foi Nada»

caracteres móveis

«Agora, quero morrer tranqüilamente, metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro.» Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

«Empoados como no tempo galante dos Luíses, pusemos pé na plataforma da estação, claramente alumiada pelas grandes lâmpadas foscas que dão ao sítio uma luz de luar, pálida e triste.» Coelho Neto, A Capital Federal (1893)

«Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fora a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: "Se não era formado, para quê? Pedantismo!"» Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915)

quarta-feira, novembro 09, 2022

terça-feira, novembro 08, 2022

qualquer tipo decente deveria boicotar o mundial do Qatar

Como nem sou muito de futebóis, o sacrifício não é grande. A participação de qualquer selecção nacional, após os milhares de mortos  de imigrantes que trabalharam na construção de estádios e infraestruturas, é aviltante. Espero bem que as autoridades nos poupem às romarias a Belém e S. Bento.

«Hollywood Ending»

segunda-feira, novembro 07, 2022

caracteres móveis

 «A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: "Alice, olha que são horas; o major Quaresma já passou."» Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915)

«E eu, a ouvir-lhe as suaves palavras, via as árvores passarem vertiginosamente, como se os campos e os montes assustados fugissem diante do comboio rápido.» Coelho Neto, A Capital Federal (1893)

«E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as dúvidas nem as ânsias do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo.» Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)


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domingo, novembro 06, 2022

sexta-feira, novembro 04, 2022

"Sintra, lugar de Ferreira de Castro" - 12 de Novembro - Programa


12 de Novembro de 2022

Museu Ferreira de Castro – 10-18 h.

 

Programa

10 h.: Apresentação dos Encontros

10,15h. Vítor Viçoso, «A Lã e a Neve e o Imaginário Neo-Realista: convergências e divergências»

11,00 h. Manuel Matos Nunes: «Tiago, o “Estica”, em A Selva, de Ferreira de Castro»

11,45 h.:  Fernando Ramos Machado, «Ferreira de Castro e os Grão-Mestres de Malta»

12,30 h: Debate

 

14,15 Annabela Rita, «Ferreira de Castro e a globalização»

15h. Ana Cristina Carvalho, «Rigores de Inverno em romances Castrianos: Cenário, personagem e mensagem»

15,45h. Clara Campanilho Barradas: «O teatro de Ferreira de Castro»

16, 30h Carlos Jorge F. Jorge, «Traços do destino e projeções da natureza humana nas representações da água em Ferreira de Castro»

17,15h : Debate


Entrada livre, mediante inscrição prévia

dbmu.museu.fcastro@cm-sintra.pt


 

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