segunda-feira, setembro 30, 2019

«Leitor de BD»

sobre Entre Cegos e Invisíveis (André Diniz) e
Classificados (Laerte)

domingo, setembro 29, 2019

«Canto do Amanhecer»

orquestrais & concertantes: Copland, AN OUTDOOR OVERTURE (1943) / Valero-Castells

vozes da biblioteca

«Aquele que na hora da ganância / Perdeu o apetite.» Sophia de Mello Breyner Andresen, «Salgueiro Maia», Musa (1994)

«Morre-me a boca por beijar a tua.»  Camilo Pessanha, «Soneto», in Eugénio de Andrade, Eros de Passagem - Poesia Erótica Contemporânea (1968)

«Nascer morrer só pelas folhas ser ficar / e ser sempre por dentro o que se for por fora» Ruy Belo, «Guide Bleu», Boca Bilingue (1966)

sexta-feira, setembro 27, 2019

na estante definitiva

Há tempos, a caminho do Museu do Aljube, deparo-me, à direita, com a Sé, aonde não vou há anos; e logo, voltado para o edifício medieval, vem-me à cabeça o formoso romance de Manuel Ribeiro, A Catedral (1920) -- sinal de que perdurou na minha memória e confirmação do agrado com que o li pela primeira vez. É um romance realista, e não inova do ponto de vista do estilo ou da estrutura. Também o Concerto para piano n.º 2, de Rachmaninov, não o faz. No que não vem mal ao mundo, pelo contrário.
E depois, há todo o interesse da figura pública de Manuel Ribeiro (1871-1941), alguém que vai mudando de campo político, sem nunca (se) trair. Ferroviário de profissão, é como anarco-sindicalista que intervém enquanto publicista; a ele se deve a tradução de A Conquista do Pão, de Kropótkin. Nas duas primeiras décadas do século XX é uma das grandes referências do ideário anarquista. Entusiasmado pela revolução bolchevique de 1917, na Rússia, abandonada a Confederação Geral do Trabalho (CGT), funda em 1919 e torna-se o principal dirigente da Federação Maximalista Portuguesa, precursora do PCP, partido de que é um dos fundadores, em 1921. Alguns anos passados, em data que não apurei, converte-se, defendendo a ideia de uma igreja social, mantendo as mesmas convicções humanistas.
Data de posse: Dezembro de 1992.

Manuel Ribeiro, A Catedral [1920], Lisboa, Guimarães & C.ª Editores [1935?], 280 págs.

quinta-feira, setembro 26, 2019

50 discos: 1. LOUIS ARMSTRONG PLAYS W. C. HANDY (1954) - #7 «Ole Miss»



vozes da biblioteca

«A luz parecia desprender-se, como um véu, da imensurável cavidade, deixando ainda vermelhar a telha francesa das casas abastadas, enquanto os negros telhados dos pobres se somavam já à escuridão que avançava.» Ferreira de Castro, A Lã e a Neve (1947)

«Mas não podendo o sempre durar sempre, como explicitamente nos tem ensinado a idade moderna, bastou que nestes dias, a centenas de quilómetros de Cerbère, em um lugar de Portugal de cujo nome nos lembraremos mais tarde, bastou que a mulher Joana Carda riscasse o chão com a vara de negrilho, para que todos os cães de além saíssem vociferantes, eles que, repete-se, nunca tinham ladrado.» José Saramago, A Jangada de Pedra (1986)

«Ser homem ou mulher é apenas a natureza; chamar-se João ou Manuela já é a natureza mais a vida inteira: é o problema.» José de Almada Negreiros, Nome de Guerra ([1925]1938)

quarta-feira, setembro 25, 2019


sobre Filhos do Rato (Luís Zhang & Fábio Veras)
e 60 Gags de Boule et Bill (Roba)


criador & criatura


Christian Godard e Martin Milan

domingo, setembro 22, 2019

estampa CCCLXXII - Mary Cassatt


Pequeno Almoço na Cama (1897)

sábado, setembro 21, 2019

livros que me apetecem

No Devagar Depressa dos Tempos, de Marcello Duarte Mathias (D. Quixote)
O que Eu Ouvi na Barrica das Maçãs, de Mário de Carvalho (Porto Editora)
O Zen e a Arte da Escrita, de Ray Bradbury (Cavalo de Ferro)

no papo:
Caim, de José Saramago (Porto Editora)

orquestrais & concertantes: Beethoven, SINFONIA #4 (1806) - I. Adagio. Allegro vivace / Bernstein

sexta-feira, setembro 20, 2019

«Pantagruel's Nativity»

a decisão dum aeroporto no Montijo é própria duma república das bananas

Por tudo o que se tem dito, da satisfação dos interesses duma empresa estrangeira concessionária da Ana (herança de Passos Coelho) a todas as gravíssimas consequências que deste atropelo adviriam (aqui já não é herança de P.C., mas miopia e voluntarismo em excesso, para ser simpático, de Costa). Já estudaram Beja? Vão estudar.
(Ah, e é de ler a notícia sobre a cidadania informada e patriótica do comandante dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia, Miguel Cardia, a quem tiro o meu chapéu.)

quinta-feira, setembro 19, 2019

50 discos: LIVE AT LEEDS (1970) - #7 «Happy Jack»



a culpa do padeiro na agonia da III República

Tenho tudo a favor de padeiros na política, padeiros e todas as profissões. Acho até que a corrupção generalizada do país tem muito que ver com os chamados profissionais da política, vindos das juventudes partidárias, cuja grande competência na vida é a de saberem arranjar-se, a si e aos amigos.
A administração ganharia muito em limitar drasticamente os quadros políticos que acompanham membros do governo nos gabinetes. «Sim, senhor ministro», apesar de caricatura, faz muito mais sentido do que esta feira indecorosa que minou a nossa democracia. É isto que cria os populismos, que enoja uns, lançando-os nos braços do demagogo mais habilidoso, e que espevita outros para a chicoespertice. 
É preciso um grande sentimento de impunidade para passar por aquelas cabecinhas deformadas pelos esquemas em que permanentemente vivem e congeminar consultas públicas para o fornecimento de kits  antifogo a empresas de bordados e de electrodomésticosValha-nos o Ministério Público, apesar de todas as asneiras, e, agora e sempre, a liberdade, nomeadamente a de imprensa. A verdade é que atingimos um patamar de degradação nos partidos de poder já sem remédio, a não ser com o fim da III República e a instauração de uma IVª. Uma autodissolução seria uma atitude sábia, aproveitando no dia seguinte a memória dos erros da véspera, para que nunca mais o Estado pudesse ser colonizado pelos grupos de pequenos e grandes interesses que capturaram os partidos. Mas obviamente que não vai acontecer assim; só com um susto valente. Mal comparando, é como o aeroporto dentro da cidade de Lisboa: enquanto não cair um avião em cima dos edifícios, é para expandir. Pois, o crescimento, o turismo -- mas isto já não é corrupção, mas outra coisa que para aqui não é chamada.


vozes da biblioteca

«A lua / tropeça nos juncos» Eugénio de Andrade, «In memoriam», Primeiros Poemas (1977)

«A morte é a verdade e a verdade é a morte.» «Quasi flos», Ruy Belo, O Problema da Habitação -- Alguns Aspectos (1962)

«Mas explicai-vos ou primeiro ouvi-me, / Que a um tempo assim braceando, assim gritando, / Assim chorando não nos entendemos.» Alberto de Oliveira, «Floresta convulsa», Poesia - 3.ª série (1913) / Evatisto Pontes dos Santos, Antologia Portuguesa e Brasileira (1974)

quarta-feira, setembro 18, 2019

criadores & criatura

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Greg, William Vance e Bruno Brazil
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terça-feira, setembro 17, 2019

erotica


Irella Konof

«Leitor de BD»

sobre Riad Sattouf e José Projecto e Jorge Magalhães


segunda-feira, setembro 16, 2019

50 discos: 4. LITTLE GIRL BLUE (1958) - #7 My Baby Just Cares For Me



eu cá, votava lá nela

Jo Swinson makes a speech

Jo Swinson ("Stop Brexit"), escocesa, líder dos Lib Dem


Corbyn a encanar a perna à rã, nem o pai morre nem a gente almoça, nem...


vozes da biblioteca

«Espiava por entre as árvores mirradas a ver se descobria palhotas, deitava uma mirada ao trilho onde assentava os pés.» Carlos Vale Ferraz, Nó Cego (1983)

«Lembrava-se vagamente de ter visto, pelo seu casamento, um rosto comprido de menino obstinado, onde brilhavam uns olhos escuros e zombeteiros e se desenhavam uns lábios talvez demasiado grossos, de expressão desdenhosa.» João Pedro de Andrade, A Hora Secreta (1942)

«Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (póstumo, 1900)

sexta-feira, setembro 13, 2019

livros que me apetecem

Agnes Grey, de Anne Brontë (Relógio d'Água)
Criminal 1 - Cobarde, de Ed Brubaker e Sean Phillips (G. Floy Studio)
Junto à Pedra, de Fernando Guimarães (Afrontamento)
O Nu na Antiguidade Clássica, de Sophia de Melo Breyner Andresen (Assírio & Alvim)

quinta-feira, setembro 12, 2019

na estante definitiva

Um livro terrível e belo sobre a condição humana, em particular a feminina. Não é ficção, mas está escrito como se fosse, tal como sucede com Se isto É um Homem, do Primo Levi. A badana da capa dá-nos a forma, de modo justíssimo:
«Alexievich criou um novo género literário de não-ficção que é inteiramente seu. Escreve "romance de vozes". Desenvolveu este género livro após livro, apurando constantemente a estética da sua prosa documental, sempre escrita a partir de centenas de entrevistas. Com uma notável concisão artística, a sua perícia permite-lhe enlaçar as vozes originais dos testemunhos numa paisagem de almas.»
Por detrás da miséria e do sofrimento surge, em todo o seu esplendor, a beleza da fragilidade, da abnegação e do heroísmo humanos.
Não gostei da tradução, infelizmente, mas o alcance do livro ultrapassa esse senão.
Data de posse: Julho de 20017.
Svetlana Alexievich, A Guerra não Tem Rosto de Mulher [1985], trad. Galina Mitrakhovich Amadora, Elsinore, 2016, 332 págs.

terça-feira, setembro 10, 2019

«Leitor de BD»




sobre Émile Bravo e Will Eisner

segunda-feira, setembro 09, 2019

criadores & criaturas

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Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, Valérian e Lauréline

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domingo, setembro 08, 2019

orquestrais & concertantes: Brahms, SINFONIA #3 (1883) .- IV. Allegro. Un poco sostenuto / Feddeck

silva

«As cidades perdiam os nomes / que o funcionário com um pássaro no ombro / ia guardando num livro de versos.» Carlos Drummond de Andrade, «Registro Civil», Brejo das Almas (1934)

«É terrível ter o destino / da onda morta na praia» Ruy Belo, «Para a dedicação de um homem», Aquele Grande Rio Eufrates (1961)

«Encostei meu ombro naquele céu curvo e terno» Francisco Alvim, «Hora», in Heloisa Buarque de Hollanda, 26 Poetas Hoje (1976)

sábado, setembro 07, 2019

olha, gostei de ouvir o André Silva,

em especial pela crítica final que faz ao Costa: barragens, que vão encher os bolsos à EDP e à Iberdrola, lixando os  rios selvagens; incentivo à extracção de minério (deve referir-se ao lítio, não sei se a outros). a agricultura intensiva (também foi boa aquela de ser a cap quem manda no ministério da Agricultura); e esqueceu-se (ou não teve tempo) de falar no projectado aeroporto e ampliação do Humberto Delgado. Dinheiro, crescimento económico, ou seja:  destruição, desertificação, hipoteca da qualidade de vida dos vindouros. Mas quem quer saber de quem andará por cá daqui a cinquenta anos?

«Coming In From The Cold»

sexta-feira, setembro 06, 2019

isto é que importa mesmo



A condenação a dez anos de cadeia de uma dirigente política da oposição turca, Canan Kaftancıoğlu , psiquiatra, feminista e obviamente laica.
É pena a política externa da UE estar desacreditada, com Ucrânias, Venezuelas, Kosovos e outros fretes aos americanos, de qualquer administração (então no 'caso Guaidó', o Santos silva até metia dó).

2 elogios a Cristas 2

Não sendo a minha praia política, registo a recusa da cooptação numa alegada geringonça de direita do espertalhão do Chaga ou do Besta, não sei bem; e também a recusa, ontem, no debate com Rio, a responder a uma pergunta cretina sobre género e casas de banho, ou lá o que era. Deveria a moderadora ter, em seguida, inquirido Rio sobre a posição do PSD a propósito das alterações ao código da estrada no que respeita à prioridade nas rotundas; ou a posição do PSD sobre a utilização de anabolizantes por crianços nos ginásios; ou a posição do PSD sobre a saída de Maria Cerqueira Gomes das manhãs da tvi; ou a posição do PSD sobre... Tenho a certeza de que se perguntasse ao Costa, ele respondia.
nota: soube da existência de Maria Cerqueira Gomes graças àqueles agregadores de notícias da net, em que metade delas não interessam a ninguém. Poderia dizer o mesmo acerca das que envolvem a pessoa em causa, mas não digo, apesar de só a conhecer de vista; estou até agradecido aos respigadores de futilidades (oh, sim, parece uma nota sexista; será? muito provavelmente. paciência, é prò lado que durmo melhor, e pesadamente. A seguir, hei-de escrever uma coisa mais séria. Está-me a apetecer, ambrósios, qualquer coisa sobre o Domingos Abrantes e o alegado museu do Salazar, com todo o respeito pelo primeiro, claro está.)

erotica


Jane Fonda, por Peter Basch

terça-feira, setembro 03, 2019

«Leitor de BD»








Sobre José Carlos Fernandes & Roberto Gomes e Alan Moore & Brian Bolland

estampa CCCLXX - Juan Gris


Guitarra numa Cadeira (1913)

domingo, setembro 01, 2019

na estante definitiva

Lê-lo, é deixar-se impregnar pela coragem de pensar -- "pensar contra si próprio" é o título de um capítulo --, tal como sucede, por exemplo, com Nietzsche; é não querer terminar e é perder a noção do tempo. É tentar, sem êxito, escrever qualquer coisa que se aproxime.

ficha:
E. M. Cioran, A Tentação de Existir, Lisboa, Relógio d'Água, s.d.
tradução: Miguel Serras Pereira e Ana Luísa Faria.
ano da edição original: 1956.
185 págs.

orquestrais & concertantes: Beethoven, SINFONIA #3 (1804) - IV. Finale - Allegro molto / Bachmann