(E. M. Melo e Castro)
segunda-feira, agosto 31, 2009
da campanha
* A propósito de asfixia democrática: ainda me lembro da RTP quando o primeiro era Cavaco, Marques Mendes o sec. da PdoCdeM e José Eduardo Moniz (sempre esse homem fatal) director da informação dela.
* O país vive um ambiente de intriga e falsas verdades, diz Manuela Ferreita Leite. Ora bem, pelo menos desde o tempo da Inquisição que tal sucede. E a intriga no Estado Novo, com pides e bufos? Um ambiente retemperador.
* Numa coisa, pelo menos, eu dou um viva a Ferreira Leite: parece que se propõe a acabar com as famigeradas taxas moderadoras aplicáveis a internamentos e cirurgias. Uma nódoa do actual Governo.
* Portas defende um compromisso entre empregadores responsáveis e trabalhadores responsáveis. A campanha também se faz de música celestial.
*Eu embirro com o Louçã, suponho não ser o único. Mas regalo-me quando o oiço a chamar os (verdadeiros) bois pelos nomes. Enfim, são pequenos lapsos.
domingo, agosto 30, 2009
Figuras de estilo - José Duarte
Noite quente de São João, costas quentes de vergastadas, a de Choque descera a colina a bater, varrera Alfama de inocentes culpados, sardinhas e vinho tinto. Invocada que foi uma perigosa concentração popular, com muitos estudantes, ao luar da festa do Santo, o arraial de tareia inundou vielas e becos, eles de capacete e bastão, nós de desespero e revolta, ceia interrompida e uma ou outra viola para acompanhar o nosso fado triste.
Cá em baixo, no largo, estava o resto da força a fechar o cerco. Todos comemos, residentes e visitantes, analfabetos e estudantes, velhos e novos, e pela medida grande. Nesse tempo não havia Cartão Jovem.
Jazzé e Outras Músicas
da campanha
* Pina Moura diz que o programa económico e social do PSD é mais focado. A economia, para mim, encerra mistérios semelhantes aos da existência de Deus ou do motor de explosão. Mas, sobre o assunto, tenho a dizer que acho mais preciso o enfoque de Moita Flores.
* Ana Drago, com transportes de visionária, quer os alunos menos sentados e com voz mais activa no seu próprio projecto de desenvolvimento. Estou a vê-los.
* Jerónimo de Sousa não quer o PSD no Governo. Nem eu.
sábado, agosto 29, 2009
domingo, agosto 16, 2009
sábado, agosto 15, 2009
Antologia Improvável #395 - Fernando Pessoa (4) / Alberto Caeiro
sexta-feira, agosto 14, 2009
aborrecimentos
Blogger do 31 da Armada constituído arguido, por causa disto?
Eu, que me estou nas tintas para a questão do regime -- mas nãopara a sua essência democrática --, aborrece-me é que sejamos o país mais iletrado da Europa e não só (os marroquinos lêem mais jornais que nós); aborrece-me o espaço ocupado pelo futebol (apesar de benfiquista), aborrece-me Fátima, aborrece-me a sic e a tvi, aborrece-me o etc. e o etc.
Houve invasão não autorizada do espaço público? Pois houve -- crime gravíssimo. Houve danos materiais ou pessoais? Apenas um funambulismo gracejador e inofensivo.
Como para mim a liberdade de expressão só pode ser posta em causa quando se agridem terceiros (campanhas racistas ou xenófobas, por exemplo), sinto uma grande repugnância por atitudes destas, autoritárias e inquisitoriais. O respeitinho está-nos no sangue.
quinta-feira, agosto 13, 2009
Caracteres móveis - Ernest Hemingway
Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem el mar, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque, não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como nas mulheres, pensava ele.
O Velho e o Mar
(tradução de Jorge de Sena)
quarta-feira, agosto 12, 2009
Antologia Improvável #394 - Martins Fontes (7)
CANÇÃO CARIOCA
Beijo na boca quer dizer desejo,
Desvario, volúpia, adoração!
Nele, todos os beijos, num só beijo
Se incendeiam no fogo da paixão!
Há nesse beijo, em súbito lampejo,
O esplendor imortal da criação!
Beijo nos lábios quer dizer desejo,
Beijo nos olhos quer dizer perdão.
Quem beija os olhos, duplamente beija,
Esquece, apaga a sombra malfazeja
Com que o ciúme enodoa o coração...
Vertiginoso ou redentor, o beijo,
Dado na boca, quer dizer -- desejo!
Dado nos olhos, quer dizer -- perdão.
Guanabara / Poesias Completas
Beijo na boca quer dizer desejo,
Desvario, volúpia, adoração!
Nele, todos os beijos, num só beijo
Se incendeiam no fogo da paixão!
Há nesse beijo, em súbito lampejo,
O esplendor imortal da criação!
Beijo nos lábios quer dizer desejo,
Beijo nos olhos quer dizer perdão.
Quem beija os olhos, duplamente beija,
Esquece, apaga a sombra malfazeja
Com que o ciúme enodoa o coração...
Vertiginoso ou redentor, o beijo,
Dado na boca, quer dizer -- desejo!
Dado nos olhos, quer dizer -- perdão.
Guanabara / Poesias Completas
terça-feira, agosto 11, 2009
segunda-feira, agosto 10, 2009
sábado, agosto 08, 2009
O meu encontro com Raul Solnado
Há vinte anos eu era estagiário no semanário Se7e. Celebrava-se então o vigésimo aniversário do mítico «Zip Zip» e, para assinalar a efeméride, fiz uma série de entrevistas aos autores do programa: Solnado, Fialho Gouveia, Carlos Cruz e José Nuno Martins, o responsável pela lufada de ar fresco musical que então se verificou na estação dirigida por Ramiro Valadão.
Entrevistei o Raul Solnado na sua casa do Bairro Azul. Estava nervosíssimo. Era novo e tinha desde criança uma enorme admiração por ele. Ainda guardo um single, salvo erro intitulado «Cirurgia Plástica» -- Solnado ao melhor nível. Apreciava as suas posições políticas, sempre muito sensatas e verificara que era um homem culto e fino. Era uma estrela sem o menor pedantismo. A recordação dessa tarde é talvez a mais grata que guardei da minha curta carreira de jornalista. Raul Solnado foi de uma grande afabilidade e tudo fez para deixar há vontade um rapaz que não se sentia muito bem no papel de intruso, mesmo quando a intrusão era agendada.
Estive com ele mais algumas vezes, no Estoril, onde viveu por alguns anos. Mas essa tarde em que conversámos no Bairro Azul é que me ficou de lição. A grandeza nunca se exibe.
Retrato de Raul Solnado por Maluda.
Caracteres móveis - Jack London
Dormiste em camas fofas, vestiste bons fatos, e comeste boas refeições. Quem fez essas camas? E esses fatos? E essas refeições? Não foste tu, não. Tu nunca fizeste nada com o teu próprio esforço. Vives de rendimentos que o teu pai ganhou. És como o albatroz, que rouba o peixe que as outras aves caçaram. Pertences ao número dos homens que impuseram aos outros aquilo a que chamam governo, que são donos de todos os outros homens e que comem a comida que os outros ganham e que gostariam de poder comer. És tu quem usa as roupas quentes. São eles que as fazem, mas tiritam nos seus farrapos e pedem-te emprego a ti, ao teu advogado ou ao teu procurador.
O Lobo do Mar
(tradução de João Guerreiro Boto)
sexta-feira, agosto 07, 2009
quinta-feira, agosto 06, 2009
Antologia Improvável #393 - J. Santos Stockler
PANORÂMICA I
Para o bracarense
Dr. Victor de Sá
Do aroma das estevas
da raiz do vento
da voz do silêncio
do voo das aves
da mansidão dos rios
da poeira dos caminhos
das brasas do choro
da gravidez do sol
das manhãs sepulcrais
e das asas da felicidade que não temos
de tudo isso ressurgirá amanhã
o mundo que há muito pisa
a nossa ausência
Poemas do Meu Tempo
Para o bracarense
Dr. Victor de Sá
Do aroma das estevas
da raiz do vento
da voz do silêncio
do voo das aves
da mansidão dos rios
da poeira dos caminhos
das brasas do choro
da gravidez do sol
das manhãs sepulcrais
e das asas da felicidade que não temos
de tudo isso ressurgirá amanhã
o mundo que há muito pisa
a nossa ausência
Poemas do Meu Tempo
quarta-feira, agosto 05, 2009
caderninho
terça-feira, agosto 04, 2009
O Vale do Riff - Anita O'Day, «Love For Sale»
segunda-feira, agosto 03, 2009
Caracteres móveis - Harold Pinter
Futebol Americano
Uma reflexão sobre a Guerra do Golfo
Aleluia!
Funciona.
Rebentámos-lhes com aquela merda toda.
Rebentámos-lhes com a merda pelo cu acima
Até lhes sair pela porra das orelhas.
Funciona.
Rebentámos-lhes até com a merda.
Eles sufocaram na própria merda!
Aleluia.
O Senhor seja louvado por todas as coisas boas.
Desfizemos aquela porra toda em merda.
Estão a comê-la.
O Senhor seja louvado por todas as coisas boas.
Rebentámos-lhes os tomates em estilhaços de pó,
Na porra de estilhaços de pó.
Conseguimos.
Agora quero que venhas aqui e me beijes
na boca.
Uma reflexão sobre a Guerra do Golfo
Aleluia!
Funciona.
Rebentámos-lhes com aquela merda toda.
Rebentámos-lhes com a merda pelo cu acima
Até lhes sair pela porra das orelhas.
Funciona.
Rebentámos-lhes até com a merda.
Eles sufocaram na própria merda!
Aleluia.
O Senhor seja louvado por todas as coisas boas.
Desfizemos aquela porra toda em merda.
Estão a comê-la.
O Senhor seja louvado por todas as coisas boas.
Rebentámos-lhes os tomates em estilhaços de pó,
Na porra de estilhaços de pó.
Conseguimos.
Agora quero que venhas aqui e me beijes
na boca.
Guerra
(tradução de Pedro Marques, Jorge Silva Melo e Francisco Frazão)
Antologia Improvável #392 - David Mourão-Ferreira
SERENATA DO ADOLESCENTE
Que doentia claridade
a que me invade e me obsidia,
durante a noite e à luz da tarde,
à luz da tarde, à luz do dia!
Que doentia aquela grade
de insone e ténue claridade,
sob a avançada gelosia!
Passo na rua e nada vejo
senão a luz, a luz e a grade.
Ó lamparina do desejo,
porque ardes tu, até tão tarde?
E às vezes surge, entre a cortina,
aquela sombra vespertina
que me retém nesta ansiedade.
Se tens trint'anos? ou cinquenta?
Quis lá saber a tua idade!
Sei que em meus olhos se impacienta
fome da luz daquela grade!
Sei que sou novo, e que me odeio
porque me tarda -- ante o teu seio --
queimar tão pobre mocidade!
Os Quatro Cantos do Tempo
Que doentia claridade
a que me invade e me obsidia,
durante a noite e à luz da tarde,
à luz da tarde, à luz do dia!
Que doentia aquela grade
de insone e ténue claridade,
sob a avançada gelosia!
Passo na rua e nada vejo
senão a luz, a luz e a grade.
Ó lamparina do desejo,
porque ardes tu, até tão tarde?
E às vezes surge, entre a cortina,
aquela sombra vespertina
que me retém nesta ansiedade.
Se tens trint'anos? ou cinquenta?
Quis lá saber a tua idade!
Sei que em meus olhos se impacienta
fome da luz daquela grade!
Sei que sou novo, e que me odeio
porque me tarda -- ante o teu seio --
queimar tão pobre mocidade!
Os Quatro Cantos do Tempo
domingo, agosto 02, 2009
caderninho
Se alguma vez acontecer que te empenhes nas coisas exteriores, com intenção de agradar a alguém, fica sabendo que perdeste o rumo da tua vida. Alegra-te, por isso, em ser perante tudo um filósofo; e se também quiseres ser visto como tal, mostra a ti mesmo o que és, e de facto conseguirás sê-lo. Epicteto
A Arte de Viver (tradução de Carlos A. Martins de Jesus)
sábado, agosto 01, 2009
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