quinta-feira, setembro 19, 2024

tempo de romance - Machado de Assis

«Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio.» Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) 

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«Nas leiras onduladas de morro para morro, o centeal dormia debaixo do codo, a meio as pedras intonsas e impressionantes como cabeças mortas saindo debaixo dum lençol. As giestas projectavam uma sombra muito escura, o que o levou a notar que a sombra que o seu vulto também projectava era tão retinta e desengonçada como se levasse um fantasma à mão direita. Não se enxergava vivalma nem de homem, nem de bicho, nem de ser nado que fosse. Mas, pela lua que caminhava sempre, o sete-estrelo muito rútilo, a rija imobilidade da planície, sentia-se a terra presa a amarras que não quebram nem se rendem.»
Aquilino Ribeiro, "Terras do Demo". Romance. (1919)