Convençam-se lá disto: a Ucrânia, tal como apareceu após a queda da URSS, acabou. Não há qualquer possibilidade de a Rússia ceder sobre os seus interesses e sobre o que considera ser a sua segurança.
A única maneira -- altamente improvável, para não dizer irrealista, como se tem visto -- de a estratégia americana resultar, ou seja, a implosão do poder russo por dentro, mesmo que à custa dos ucranianos, e agora dos europeus, como alguns falcões celerados do Pentágono aspiram -- seguidos por alguns fantoches do lado de cá do Atlântico --, está a falhar clamorosamente.
A Rússia destruiu as forças armadas ucranianas, e não destrói o país porque não quer. Nunca admitirá, por todas as razões, a começar pela geopolítica e a acabar no seu nacionalismo, que Kiev esteja nas mãos de marionetas dos americanos. Nunca o aceitará.
Desde o princípio, por motivos que tenho alvitrado ao longo deste ano, a liderança ucraniana não hesita em arrastar-nos para a guerra, perante a aceitação bovina dos políticos europeus -- com raras excepções --, onde se contam também os manobristas profissionais, que arrastam os pés e proclamam o que os Estados Unidos e os seus cúmplices gostam de ouvir, mas cuja atitude é a de folgar as costas de nós todos, enquanto o pau vai e vem: "algo acontecerá que resolva o problema por si". O problema só se agrava; e tudo o que nos têm dito se revela mentira e propaganda.
Quando começaram os problemas em 2014, escrevi aqui que não acreditava que o mundo mergulhasse numa guerra por causa da Ucrânia. Hoje não estou tão certo, porque os estúpidos não só governam, como invadiram o espaço mediático. Por cada comentário, crónica ou reportagem decente -- ou seja, ponderada, rigorosa, isenta e informada -- que aparece na imprensa, temos de levar com uma meia dúzia de ignaros, patetas e incontinentes que não se enxergam, que ainda não perceberam nada, ou pior, que não querem perceber, porque o que é remunerador é estar com o poder, qualquer que ele seja, e de onde vêm os dividendos, para o bolso, a carreira ou a vaidadezinha da própria insignificância, trate-se de embaixador altissonante, catedrático acaciano -- et il y en a assez --, general quadrado ou refugo merdiático.
2 comentários:
Há dias vi e ouvi na CNN a cena seguinte:
As imagens mostravam Macron a discursar e apareciam em letras garrafais as suas solenes declarações: "NA UCRÂNIA JOGA-SE O FUTURO DA EUROPA", "A RÚSSIA NÃO PODE NEM DEVE VENCER". A apresentadora ia dizendo "Há história a escrever-se". Por minha vez, eu pensava: "Estúpida, não vê que assim nunca ninguém irá ler esta história"!
ahahah! deve ter sido adestrada na mesma falcoaria...
(mas há pior)
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