sábado, fevereiro 15, 2025

ucraniana CCLXXX - o telefonema de 7 minutos de Trump a Zelensky e o 'jornalismo' doloso

Se o jornalismo era já uma actividade pouco prestigiada e prestigiante, não obstante a percentagem reduzida de grandes profissionais que sempre se verificou existir, é já uma banalidade referir o quão fétida e cadaverosa está uma actividade que deveria ser nobre, mas que se degrada e prostitui todos os dias, a todas as horas. Ainda hoje ouvi um rui qualquer do Expresso, que pouco mais deve saber do que contar até dez a evolucionar verbalmente sobre a Conferência de Munique... 

No que respeita à guerra da Ucrânia os exemplos de incompetência e principalmente ignorância são diários -- e estou a referir-me apenas a jornalistas, dos pivôs, quase todos uma desgraça, aos patéticos enviados especiais.

Mas há subtilezas que mostram a má-fé e o propósito de confundir e esconder. Por exemplo: os já célebres telefonemas de Trump a Zelensky. Nessa madrugada ouvi num canal, que neste momento não posso jurar qual tenha sido (muito zapping tenho feito nos últimos dias), que amalgamava os dois telefonemas, referindo-se à duração de hora e meia. No fim, ficara com uma estranha sensação de que Trump falara longamente com ambos, achando estranho a coincidência da duração idêntica de ambos, a tal hora e meia, foi assim que a coisa ficou a pairar. Às vezes há coincidências... Foi preciso, no dia seguinte, ouvir Agostinho Costa, para ficar a saber que de facto, a conversa com Putin durara noventa minutos, enquanto Zelensky foi despachado em sete-minutos-sete.

É risível? Quase, mas não há aqui nenhuma novidade. Estes três anos de guerra não se caracterizam apenas pela manipulação da informação que as partes fazem, mas da activa participação nesse renegar do jornalismo sério em que tem participado uma extensa parte dos profissionais, todos os dias e a todas as horas.

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