Desde o início da guerra entre os EUA e a Rússia na Ucrânia que muito se tem falado em Munique '38 e o nefasto apaziguamento de Hitler, que se verificava já pelo menos desde 1936, com a reocupação do Ruhr. A equiparação é fácil de entender, Putin o novo Hitler, e, claro, associando-lhe características idiossincráticas e ideológicas do estafermo austríaco: insânia, espaço vital, superioridade rácica e todo o folclore, para sugestionar simplórios. Que pivôs feitos jornalistas à pressão ou uns quantos pobres de Cristo do direito ou das relações internacionais o digam, ao fim de três anos de estupidez começa a ser tradicional; que historiadores de meia-tigela venham com comparações fáceis mas erradas, é uma nódoa de que não poderão limpar-se.
(Lembram-me outros historiadores que no seu activismo se esqueceram de que o eram, contestando a palavra/expressão Descobrimentos para designar uma parte fundamental das navegações e expansão portuguesas. Que estúpidos...)
Mas... -- há sempre um mas. Se enquanto vigorar a Nato, um ataque, por exemplo, aos países do Báltico ou à Polónia seria suicidário (e para quê, o ataque?...), não se segue que, no momento, presente Estónia, Letónia e Lituânia, com uma forte minoria de nacionais russos entre a sua população (num dos países, quase chega aos 50%), não devam ter em atenção o tipo de política que a estes é dirigida, e não fazer como na Ucrânia, perseguição, proibição, massacre até -- sem dúvida o que levou as autoridades russas a falarem com merecido desprezo da necessidade de desnazificação. (Também há para lá nazis, embora os propagandistas de cá digam que não).
Ontem ouvi o major-general Agostinho Costa referir-se a este pormaior; e seria bom que estes mini-estados resistissem à tentação fácil. Se é a guerra que eles querem -- como se fartam de gritar -- começá-la será facílimo. Imitem a Ucrânia. Destas provocações, sim, é preciso ter medo.
2 comentários:
A analogia é o mais fraco dos argumentos. Essa de Munique já a ouvi repetida ad nauseum, mas é muto fraquinha, até porque vem acompanhada da falácia Reductio ad Hitlerum. São situações completamente diferentes porque em Munique não havia uma guerra que já se prolongava há mais de 10 anos, como é agora o caso. Não vale grandemente a pena levar os pascácios à séria. Na sua vasta maioria reagem emotivamente e do alto de uma mais do que duvidosa superioridade moral a factos que o que requerem é uma abordagem racional. Se os pascácios, os dos media e os das políticas Europeias, com o prestimoso impulso do lunático Biden, tivessem ponderado as coisas de forma diferente, agora não estaríamos, nós Europeus, no actual beco sem saída. Porém, para isso precisavam de ter estudado, por exemplo Bismarck e o conceito de realpolitik; como só frequentaram as universidades da treta e as novas schools of business, deu nisto. Um bom dia Ricardo.
E em que beco, meu caro...
Também para si.
Enviar um comentário