domingo, abril 06, 2025

os debates da pré-campanha e o Conceito Estratégico de Defesa Nacional

Estamos num momento raro em que a realidade se altera diante dos nossos olhos e em que tudo pode estar em causa, incluindo as próprias Nato e União Europeia. Sobreviverão? Não sabemos. E se sim, de que forma, com que relevância?

O Conceito Estratégico de Defesa Nacional, cuja última revisão data de 2013, está datado e desactualizado. Mas há duas coisas que não mudam: a Geografia, mais ou menos desde a Pangeia -- estaremos sempre no extremo ocidental do continente euro-asiático, na Península Ibérica, virados para o Oceano Atlântico --; e a História, o que passou e nos deixou vínculos extra-europeus, sem os quais a nossa identidade não se completa. Eu sou mais português quando me relaciono com angolanos, brasileiros, moçambicanos, caboverdianos, etc. e Portugal, que afirmou a sua independência em 1128, e é estado, nação, língua, cultura -- e parece querer continuar a sê-lo -- é muito mais pequeno sem esse vínculos que se organizam em torno da CPLP. Esta é tão importante para nós quanto a União Europeia -- pois se há coisa que também somos -- muito antigos e decisivos na história do Velho Continente --, se há coisa que também somos e nunca deixaremos de ser, é europeus.

Mas não basta querer, é preciso saber e poder. Por isso, numa situação tão volátil e incerta, nestes debates deve ser perguntado aos líderes partidários de que modo concebem a independência de Portugal no actual quadro e que fazer no caso de uma desagregação das organizações que integramos, nomeadamente UE e Nato.

É evidente que o país tem problemas gravíssimos -- mas nenhum interpelará tanto o país como o que se pode estar a desenhar. Portugal tem interesses permanentes, entre a Europa e o Atlântico. O que têm os líderes políticos a dizer? E que perguntas têm os jornalistas a fazer? É o que veremos, a partir desta segunda-feira nos debates.


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