terça-feira, agosto 06, 2024

tempo de novela

«Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução e tenho obrigação de correr constantemente todo o país. Ando no caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante.» Branquinho da Fonseca, O Barão (1942) § «O comboio parara finalmente na estação de Portalegre. De novo o cavalheiro amável se dirigiu a Rosa Maria: / -- Chegou. Faça favor de descer que eu passo-lhe as suas coisas. / -- Muito obrigada! -- disse Rosa Maria descendo. / O cavalheiro amável estendeu-lhe a caixa do chapéu, o embrulho do presente da velha Leocádia para a menina Lá-Lá, e a pequena mala de couro em que Rosa Maria trazia o indispensável para o primeiro dia.» José Régio, Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941)

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

«(...) Aquilino Ribeiro é hoje, entre nós, a mais poderosa afirmação desses alicerces fundos, dessa tradição que nada tem de convencional ou retórico, dessas raízes que não inibem nenhuma originalidade, desses elos vivos entre passado, presente, futuro. Nos tempos do humor negro, da pintura abstracta e da música e poesia concretas, das novas vagas, da resolução da vida em absurdo, da criação artística pelas experiências na mesa anatómica da arte, mestre Aquilino continua a ser o que mais ou menos se anunciava há cinquenta anos: um dos mais admiráveis trabalhadores da nossa língua -- irmão dos nossos grandes escritores do século passado, no qual tem vindo cunhando, para a nossa relativa eternidade, a sua medalha viva de duas faces: o homem primitivo e o letrado.»
JOSÉ RÉGIO, "Saudação a Mestre Aquilino: Nos 50 anos de vida literária de Aquilino Ribeiro" (1963)

R. disse...

O Régio, um dos autores mais completos da nossa literatura, foi um crítico notabilíssimo. Este excerto arguto e justo comprova isso mesmo.