1. A ganhar
a) Ao fim de um mês de guerra, e alguns anos de preparação para ela, os Estados Unidos ganham em toda a linha. Enfraquecem a Rússia e reforçam o poderio económico e militar. Preparam-se para fornecer gás à Europa, e em especial rebentam com o famoso Nord Stream 2, como era seu objectivo. A NATO ganha um propósito estratégico, que havia terminado com a Guerra Fria, um maná para a indústria armamentista, não apenas americana. Se a Rússia colapsar, a sua vitória será total, podendo, a seguir, ir tratar da vida aos chineses.
b) Ganha uma identidade nacional a Ucrânia, ao alto preço que elas comportam. A identidade nacional portuguesa foi adquirida através da guerra, do antagonismo com o leonês, o castelhano, o "espanhol" (não há espanhóis); quando veio o francês, ela era já velha de séculos.
c) Reforça-se uma coesão, que será sempre precária, a da União Europeia, por maus motivos.
d) A Turquia, em toda a linha: diplomática e estratègicamente, de mãos livres no Curdistão, em relação aos quais, curdos, sírios, etc., não houve carinhas com as cores da pátria pintadas e lágrima fácil.
2. A perder
a) A Ucrânia, em parte dizimada, vamos ver até onde quando; o povo ucraniano, sacrificado pela geopolítica e por lideranças abaixo de cão.
b) A Rússia, não tanto para já com as célebres sanções, como pelo triunfo esmagador da propaganda anti-russa que veio a ser delineada desde que perceberam que o Putin não era o boneco que os Estados Unidos gostariam que fosse; mas também pelo evidente retrocesso (esperemos que transitório) da liberdade na Rússia, algo que os russos só conheceram, ainda que imperfeitamente, com o mesmo negregado Putin. Liberdade e prosperidade geral como nunca acontecera até então. No entanto, a não ser que haja um colapso ou um golpe de estado, a Rússia terá sempre uma semi-vitória: a neutralização da Ucrânia como base para os americanos. Outra possibilidade ainda, desde o início, é a partilha da Ucrânia. Já faltou mais. Basta não haver um debâcle russa. Por outro lado, o recuo da liberdade e o reforço do poder do líder, se não for invertido no pós-crise (e normalmente não o é), será uma derrota para a sociedade civil russa, que é o que mais interessa, e não tanto a reactivação do Mcdonald's. (Em tempo: o reforço da Nato, uma óbvia derrota, se não foi antecipado.)
c) Os países fronteiriços: muito nervosos os estados bálticos e a Polónia, compreensivelmente, embora desnorteados, tal como Zelensky a pretenderem arrastar o mundo para uma guerra (se alguém acha que a guerra ficará pela Europa, é um optimista doente).
d) Nós todos, cidadãos europeus e não só, manipulados como bonecos e intoxicados por propaganda insidiosa.
2 comentários:
Mais ou menos isso mas parece-me cedo para balanços porque faltam aí muitos personagens.
Entretanto uma nova anedota que rola na Rússia:
Madeleine Albright chega ao barqueiro Caronte no rio Estige e oferece-lhe uma moeda (um sexto de um dracma) para atravessar o rio.
Caronte abana a cabeça em desacordo e responde-lhe: "Só aceito rublos".
(Postado por smoothiex12 às 22h07 160 Comentários)
Para me rir ainda tenho melhor: as bojardas dos pivots dos telejornais, ou da Márcia Rodrigues, a pedir já não sei a quem, opinião sobre aquilo a que chamou a "capitulação" do exército russo... São tão estúpidos, que acreditam na propaganda que veiculam.
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