terça-feira, março 08, 2022

coisas que fascinam: os grandes corações e mais notas (ucranianas XXXIX)

1. Parece que fui desconectado por uma entidade que exibe o seu grande coração e atributos solidários cheios de azul e amarelo e imagens lacrimosas pela Ucrânia. (Vamos acreditar que aquilo é sincero e não uma artificiosa demonstração de empatia para ficar bem, vamos acreditar.) Há simplismos que não percebem que o não vir para aqui chorar, ou fazê-lo muito pouco, e procurar ver por detrás das imagens e das mensagens insidiosas não é compactuar com a guerra, mas procurar pensar, sem fazer figura de parvo ou, pior, de aldrabão. De qualquer modo. aliviado por se me despegarem os idiotas úteis e os campeões dos sentimentos pios. Lerem aqui que a actual guerra ocorre entre a Rússia e os Estados Unidos, com o povo ucraniano a servir de carme para canhão, deve ser demais.

2. Zelensky, dirigindo-se ao parlamento inglês, volta a destratar a NATO, e é bem feito. Diz que lhe prometeram aviões de combate, o que só reforça a minha suspeita de que a cúpula ucraniana foi ludibriada pelos  do costume.

3. Por falar em vigaristas, o sec. de estado americano é desmentido hoje pela Polónia, que nega ceder qualquer base para aviões pilotados por ucranianos intervirem na guerra. Ele tinha estado ontem na fronteira com o homólogo ucraniano, dizendo depois que ia ver se os migs polacos podiam sair da Roménia ou da Bukgária. Percebem-se agora as invectivas de Zelensky no parlamento inglês, que aplaudiu de pé, depois de o presidente ter chamado ao países da NATO, por outras palavras, medrosos e mentirosos.

4. A retórica da guerra nuclear e do maior envolvimento militar da NATO, que até agora se  limitou a criar as condições para o conflito, é muito perigosa. A da Ucrânia e a dos que a manobraram passa por aí. Nos últimos dias, quando ligo o computador, aparece um push alusivo à guerra. Hoje dizia qualquer coisa como isto "Ukraine is fighting for the world". Ou seja, há gente mesmo interessada na escalada; não lhes basta o aumento dos orçamentos militares cujo destino será os seus bolsos.

5. Pela primeira vez ouvi ontem o que todos quantos acompanham estes assuntos têm obrigação de saber: que a Geórgia atacou militarmente a Federação Russa quando Putin estava assistir à abertura dos Jogos Olímpicos de Verão, em Pequim. Disse-o João Soares. Até agora só ouvira o contrário, e garanto que já começava a duvidar da minha memória. Mas ouvi "especialistas" afirmarem o contrário (incompetentes ou aldrabões?). A Geórgia atacar militarmente a Rússia, não sei se estão a ver. Quem lhes terá aquecido as costas? A resposta foi a que se conhece, os tanques russos passeando-se pela cidade onde nasceu o Zé Estaline.

6. Antes que alguém se exalte: uma coisa não justifica a outra, porém alguém se lembra de se falar das crianças de Bagdad nos telejornais quando os americanos matavam aos milhares por causa das armas de destruição maciça que o Durão Barroso viu (uma legítima defesa, já se vê)? Pois não. Os inocentes que são mortos nesta guerra não servem apenas para todos mostrarmos que somos solidários (alguns, efectivamente são, os que vão para o terreno auxiliar); servem também para alimentar a propaganda, para que a guerra continue, uns quantos se encherem e inocentes com as vidas destruídas.

7. Ainda não li nem ouvi, mas disseram-me que o Zelensky (por quem, por vezes, nutro simpatia) disse que já não fazia questão de entrar na NATO, como exigiam os americanos. Foi preciso destruírem metade do país?... 

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