Os novos heróis do mundo livre, das democracias liberais, de tudo aquilo de que tanto gostamos, da liberdade para sermos aldrabados e enxovalhados, ou seja o Batalhão de Azov, acusou os russos de usarem armas químicas em Mariupol. Deve ter o mesmo grau de veracidade com que na Síria a administração democrata, então presidida por Obama, tentou culpar Putin pela mesma utilização -- sabendo-se já então que os Estados Unidos, na sua disputa com a Rússia, se servia do Estado islâmico no terreno, tal como hoje se serve dos neo-nazis. É a conhecida ética capitalista.
Não é muito relevante saber que os neo-nazis são uma minoria na Ucrânia, como gostam de dizer os inocentes e os arregimentados; o que importa é quanto um bando de marginais perigosos organizados em milícias pode condicionar a vida política de um país, em especial com as costas aquecidas pela CIA.
Os russos estão obviamente longe de ser santos, e até acredito que os do Donbass tenham contas sérias a ajustar. Nas guerras nunca há bons e maus de um só lado. E isto serve também para a liderança política: se Putin se tornou um conservador ortodoxo e nacionalista (nacionalismo e religião dá sempre merda), do lado americano, nem sequer sabemos a quem pertence a liderança, que não é obviamente ao senil do Biden e muito menos à tonta que serve de vice-presidente.
A propaganda que condiciona opiniões públicas brutalizadas pelo viver (ou sobreviver) quotidiano, pelo escapismo imbecil e grosseiro das televisões e da torrente de insignificância online serve às mil maravilhas. A amoralidade capitalista nunca olhou a meios, e eles aí estão em larga escala a servirem-se das massas, acríticas e amorfas, como é da sua condição. Mesmo com a inegável liberdade de imprensa de que dispõem -- uma vantagem sobre qualquer ditadura, diga-se de passagem --, a brutalização é tal, que essa imprensa livre fica sempre circunscrita a um nicho. E a massa move-se ao sabor de quem a comanda, do mais simples cidadão ao pivô analfabeto de um telejornal qualquer.
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