Desconheço a proporção de tropa regular, mercenários e neo-nazis que compõem as forças que resistem em Mariupol. Se é dever dos soldados sacrificarem-se pela pátria, de acordo com o seu código, já os mercenários por condição e os neo-nazis, por aversão russa, estão condenados, portanto, não têm outro remédio que não dar luta.
Hoje de manhã, na rádio, duas curiosidades: António José Telo a exaltar o "heroísmo" dos resistentes, comparando-os aos espartanos das Termópilas, com um saboroso anacronismo, para um historiador: os espartanos não eram democratas, mas sacrificaram-se pela Grécia, cuja Atenas era uma democracia (apenas para os atenienses claro, mas isso são pormenores, e não sou eu que vou cair no anacronismo que tanto critico).
Nesta senda de branqueamento dos "ditos" (sic) neo-fascistas, o inefável Bruno Cardoso Reis, no mesmo programa, dá um exemplo contrário, para infirmar essa visão alegadamente distorcida do Batalhão de Azov, os tais cujo símbolo se inspira na benemérita SS: um professor inglês seu conhecido tinha um aluno marxista que, por querer combater num corpo de elite, aí se alistou... E pronto, com historiadores a funcionar assim, estamos descansados quanto ao contexto.
Não é que a Rússia não deva ter carregado a nota sobre a real dimensão dos neo-nazis na Ucrânia, o comando russo ainda não é composto por santos, embora sejam muito religiosos. No entanto, uma coisa é tentar pôr as coisas em perspectiva, outra bem diferente é atirar areia para os olhos. Para isso já temos a propaganda.
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