domingo, janeiro 03, 2021

os debates

Marcelo Rebelo de Sousa-Marisa Matias. É a candidata mais empática, mais despida dos artifícios performativos da actuação política. Seria talvez a melhor presidente, mesmo vinda de um partido que cada vez mais me é desagradável. Foi envolvida por Marcelo, essa velha raposa. Estiveram ambos bem, num debate que não acrescentou nada, a não ser a explicação convincente relativamente à "falta" para com a viúva do imigrante assassinado por agentes do Estado, Ihor Omeniuk. O moderador, sempre em correria, cansou-me. Candidato à pergunta mais idiota: a de saber se um mau resultado prejudicaria a eventual pretensão de Maria a coordenadora do BE. A intriga, o sarro de politica-lha com que se entretêm entre si e só interessa esse tipo de parasitas que se nutrem à volta dos jogos de poder.

André Ventura-João Ferreira. Se é uma questão de decibéis e falta de vergonha, Ventura ganhou o debate, mesmo quando Ferreira expõe o carácter mentiroso do oponente e lhe lança no fim com os três votos sobre o Novo Banco: contra, abstenção e a favor. Nunca visto. Claro que o atirar das torpezas do bolchevismo e a impossibilidade de João Ferreira de demarcar daquilo, não o favorece. Este devia ter sido mais incisivo no destapar dos financiadores de Ventura, de quem este é testa de ferro, fantoche. A moderadora, que aprecio como pivot, foi muito atacada. Não é fácil pôr ordem naqueles galifões. mas a acusação de que as perguntas estavam montadas, até pela suspeição de que um dos financiadores de Ventura é accionista da TVI é gravíssimo. O jornalismo nunca foi grande coisa neste país, mas está assim tão baixo?

2 comentários:

Jaime Santos disse...

Pois não, não o favorece. Vai uma grande distância (por enquanto, mas é deixá-los chegar ao poder) entre Le Pen e Salvini e Maduro ou o PC Chinês.

O PCP perde sempre o debate quando se agarra à crítica, mesmo que justa, aos desmandos do imperialismo americano ou da relação de forças dentro da UE, porque não é nada difícil encontrar um amigo ou antepassado deles que tenha feito bastante pior.

Claro, no dia em que se livrar da tralha leninista, o PCP corre o risco de acabar (é uma espécie de credo de Nicea para eles, o que mostra no que a ideologia se torna quando passa a religião), mas é triste olhar para um Partido com o património de luta pela liberdade do PCP e em que sabemos instintivamente que a maioria dos seus quadros por acaso já não acredita nada na ditadura dos ditos (a começar por João Ferreira) a que o PCP chama 'democracia avançada' e ver que não saem daquilo.

O radicalismo de Esquerda (no melhor dos sentidos, daquilo que vai ás raízes) teria muito a ganhar se o PCP (e o BE, já agora) fosse capaz de pensar o que é uma sociedade pós-capitalista sem estar a olhar para fórmulas que faliram de alto a baixo.

R. disse...

De acordo, caro.