terça-feira, novembro 19, 2024

correspondências

(Eugénio de Andrade a Jorge de Sena) .../... «Deixe-me dizer-lhe, hoje, antes de mais nada, que você pensou o que era de pensar de mim -- aceito perfeitamente, sem o menor ressentimento ou conflito, a vossa decisão, e estou convencido que ela foi justa, por muitíssimo ponderada. Sabia já das decisões, e tinha a certeza que hoje ou amanhã chegaria carta sua, pois isso, e só isso, a sua amizade me devia.» .../... Cartas de Eugénio de Andrade a Jorge de Sena***

(Teixeira de Pascoais a Raul Brandão) «29-Maio-914 / Amarante // Meu muito estimado Amigo: // Acabo de ler o El-Rei Junot. É uma obra admirável, um grande Drama! // Brevemente lhe enviarei, manuscritas ainda, as minhas impressões sobre a sua Obra que sairão na "Águia" de Julho. Não pode ser primeiro. Tenho tido muito que fazer. Desculpe. / Com os maiores agradecimentos, sou sempre fervoroso admirador e amigo. // Teixeira de Pascoaes» Correspondência**

(José da Cunha Brochado a desconhecido) «O respeito que sempre tive e devo ter à pessoa e ao carácter de V. Ex.ª, me levou sempre à veneração de suas altas prendas pelo seguro caminho de uma pura e fiel contemplação, entendendo que, como V. Ex.ª é todo espírito e todo inteligência, mais se pagaria das respeitosas meditações da minha fé, que das intrometidas assistências da minha dignidade.» .../... Cartas*


(3) Cartas de Eugénio de Andrade a Jorge de Sena (ed. António Oliveira, 2015)

(2) Raul Brandão - Teixeira de pascoais, Correspondência (ed. António Mateus Vilhena e Maria Emília Marques Mano, 1994)

(1) José da Cunha Brochado, Cartas (ed. António Álvaro Dória, 1944)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

Porto, 20 de Setembro de 1872
Meu Amigo
Envio-te hoje um opúsculo, uma verdadeira 'pochade', atirada aí para a tempestade de uma questão muito séria. Acho péssimo o litígio; e, se eu pudesse matá-lo com a irrisão, teria feito um grande serviço à moral pública, e não menor obséquio às mulheres francesas que têm vindo com o seu óbolo para esta suja contenda. Parece-me que o folheto não te cairá fora de ponto entre um discurso de Cícero e outro de Demóstenes. As leituras profundas condensam a sensibilidade no espírito ou no coração: é mister chamá-la à periferia do sorriso. Não te assevero que o nosso pedagogo João Inácio Luís Minas Júnior (esqueceu-me o nome de meu avô; e não há olvidar-se-me o daquele guerreiro que nos ensinava o Lobato de barretina!) me transmitisse aquela máxima. Dele ou de Platão, peço-te que a tenhas muito à flor da tua arte de ser feliz.
Tens tu saúde, meu caro amigo? Nada te pergunto do que se faz ou pensa a respeito da tua liberdade. Os rumores públicos alegram-me; mas o conhecimento que tenho da índole dos perseguidores assusta-me, não pelo êxito, mas pela demora.
Basta por hoje a estafa que te envio nas 50 páginas impressas.
Teu afectuosíssimo
C. Castelo Bco.
"Camilo Íntimo-Cartas inéditas de Camilo Castelo Branco ao visconde de Ouguela" - Clube do Autor, SA (2012)