Na década de 1930 Tintin suscitava reservas ao conservadorismo: não tinha família, não estudava, era demasiado livre. A revista Coeurs Vaillants propõe assim a Hergé uma série com crianças normais, inseridas numa família tradicional. Nascem então Jo, Zette et Jocko – Joana, João e o Macaco Simão, em português –, os gémeos da família Legrand, composta pelo pai engenheiro, a mãe doméstica, e um chimpanzé.
O Vale das Cobras em curso de publicação em 1939, foi interrompido e só retomado na década de 1950, pelos Estúdios Hergé, concluído por Jacques Martin (Alix, Lefranc) e Bob de Moor (Barelli, Cori, o Grumete), saindo o álbum em 1957.
Numa estância de neve na Alta Sabóia, Joana, João e Simão cruzam-se com o Marajá de Gopal, rei dum país imaginário nos Himalaias indianos. O marajá merece, por estupidez própria, figurar na galeria das grandes personagens secundárias de Hergé, que o qualificava como um Abdalá (O País do Ouro Negro) adulto. Entra em conflito com os miúdos porque estes ousam ultrapassá-lo no ski, e como se não bastasse ainda apanha com uma bola de neve em cheio na cara. Qualquer contrariedade tinha como punição mínima o açoitamento do infractor, pelo que as coisas não poderiam correr-lhe de feição, quando intervém o pai Legrand. Sanados os hilariantes incidentes, o engenheiro é convidado pelo soberano a construir uma ponte numa região remota do país. O que ambos não sabem é que o seu vizir pretende dar um golpe e ser marajá no lugar do marajá…
Mesmo a seis mãos, trata-se de puro Hergé, dando ideia, ao virar de cada página, de que Tintin vai aparecer por ali...
Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão – O Vale das Cobras
texto e desenhos: Hergé (com Jacques Martin e Bob de Moor)
edição: Difusão Verbo, Lisboa, 1981
(Novembro, 2019)
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