quinta-feira, novembro 28, 2024

ucraniana CCLXXII - um bisneto do Tólstoi a propósito da guerra da Ucrânia, com um pensamento melancólico na miséria deputal do Velho Continente

Bem sei que Piotr Tólstoi é vice-presidente da Duma e pertence  ao partido de Putin. É irrelevante para a clareza do seu pensamento, e do que a Rússia quer e é. Como ele próprio diz, a sua preocupação são os interesses da Rússia, não os dos Estados Unidos ou da União Europeia. Isto, para a miséria deputal, seja no Parlamento Europeu seja no nacional, é mesmo em estrangeiro.

2 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Existe de facto e desde o princípio uma enorme incapacidade em perceber os pontos de vista da Rússia. Bem pelo contrário o que tem existido de forma sistemática é uma deturpação e uma projecção dos pontos de vista do Ocidente sobre as intenções russas. Repara-se na expressão repetida ainda hoje e ad nauseam da "invasão em larga escala", coisa que nunca sucedeu, porque ninguém invade em "larga escala" com uma força inicial de 150 mil soldados um país da dimensão da Ucrânia. Mas nada disso interessa para os delírios incompetentes das "elites" ocidentais. Estas sempre desejaram a guerra com a Rússia porque, segundo mito de que Rússia não passava de uma bomba de gasolina disfarçada de país, bastaria dar um pontapé na porta para tudo aquilo cair aos bocados. O objectivo, como não poderia deixar de ser, era apoderarem-se dos vastos recursos naturais do maior país do mundo (geograficamente) e colocar em cheque aquilo que as forças imperiais globalistas consideram o verdadeiro inimigo: a China. Quando Biden avançou com as suas "sanções de choque e espanto" estava totalmente convencido de que tudo não passaria de uma questão de meses; quando o criminoso de guerra Boris foi sabotar o acordo de Istambul a leitura era a mesma; quando se lançou a contra-ofensiva de 2023 julgou-se que em dois meses se estaria a passar férias na Crimeia. Nada disso sucedeu, bem pelo contrário. No entanto, as "elites" ocidentais persistem no erro, na escalada. Como diria um comentador que ouço quase diariamente, Alex Christoforou, o problema é que o Ocidente não tem "marcha atrás", continuam a achar que será o Ocidente a ditar as condições, segundo a lógica maniqueísta e infantil de Ocidente/Ucrânia bons, Rússia maus. Nem isso é verdade, nem vai ser o Ocidente a ditar as condições coisa nenhuma. E quanto mais tarde perceberem isso, pior será. As condições russas são claras e cristalinas e é sobre estas que se poderá tentar obter algumas concessões. É isso ou pior, a III Guerra Mundial. Por tal, parece-me que, ao nosso nível nacional, há pelo menos um partido que deve seguir uma linha diferente, uma posição, por exemplo, alinhada com o partido de Sahra Wagenknecht na Alemanha. Se, nos primeiros tempos da histeria propagandística tal partido teve uma posição relativamente lúcida e por tal foi demonizado (PZP) está na altura de tirar as luvas de pelica, desmontar o discurso belicista, realçar todos os prejuízos económicos que este trouxe e condenar de viva voz todas as forças que nos trouxeram até aqui. Terá esse partido medo de o fazer? A julgar pelos últimos resultados eleitorais e pelas sondagens, o que tem esse partido a perder? Pelo contrário, talvez tivessem uma surpresa, então se relacionassem a ida dos cidadãos aos supermercados e às bombas de gasolina com os cabrões dos belicistas, essa surpresa poderia vir a ser bem maior. Tanta argumentação que poderia ser desenvolvida. Perguntas simples que podem e devem ser colocadas: como pretendem acabar esta guerra? Porque é que Portugal continua enfaticamente a apoiar a continuação do conflito? Quando do dinheiro dos nossos contribuintes já foi para armas? Porque demónio devemos comprar mais armas se não temos, objectivamente, inimigos às portas? A lista podia continuar e devia ser proposta da forma mais estridente possível, para não ser ignorada/censurada mas talvez o comité central não veja as coisas desta forma e pretenda continuar a enfiar a cabeça na areia até não ter representantes na Assembleia República.
Uma boa semana Ricardo.

R. disse...

Obrigado pelo comentário.
Não acompanho de perto a actividade do PCP; porém gostei muito como o João Oliveira se referiu a esta vigarice na campanha para o PE, com a assertividade que se impõe. Ainda gostei mais de lhe dar o meu voto.
Também para si.