quinta-feira, maio 12, 2022

sobe a parada (ucranianas XCII)

Como é público e notório, o que me interessa é que os Estados Unidos não ganhem esta guerra com a Rússia. Até porque, a acontecer e com uma Rússia enfraquecida, em poucos anos haverá uma outra no Pacífico, com a China.

Não sei o que irá acontecer. Neste momento, a minha convicção é de que a Ucrânia pode dizer adeus ao Donbass, ficando possivelmente sem acesso ao mar, o que seria um castigo pesado, embora tudo aquilo seja russo desde o século XVIII, as cidades, a maioria da população.

Que as coisas não correram militarmente bem a Putin no início, creio que é uma evidência, salvo opinião mais abalizada. Não vou atrás da propaganda massiva e nunca vista desencadeada sobre a opinião-pública ocidental, mas pelo facto singelo de a operação ter mudado de comando poucas semanas depois de iniciada.

Pelo que tenho ouvido dos militares, a progressão no Donbass tem sido consistente, embora lenta, e parece-me que tem avançado rapidamente no sul.

A utilização do armamento da Nato poderá fazer a diferença, mas, como tem sido dito, será preciso que ele chegue lá e haja gente que o maneje. 

O pedido de adesão, principalmente da Finlândia, à Nato, é uma derrota de Putin, claramente. E, do meu ponto de vista de português à beira do Atlântico, não de um finlandês sobre o Báltico, creio que se trata de um erro, de uma grossa asneira, para o qual contribuiu o compreensível sentimento de insegurança dos cidadãos, que, como todos os cidadãos desinformados em qualquer lado, não compreendem a razão desta invasão, embora ela exista. E com o desenrolar do terror da guerra e da propaganda pesada, os 70% que eram contra a adesão da Finlândia passaram a 20% ou menos. Ou seja: a Finlândia resistiu à União Soviética, mas não resiste a Putin. Ridículo.

Entretanto, numa hábil jogada, hábil e audaz, o peão inglês dos Estados Unidos assina um tratado de aliança e assistência militar, comprometendo-se a entrar na guerra em caso de agressão ou invasão, a pedido dos países invadidos. 

Tal como a maior parte dos observadores, não penso que a Rússia invada a Finlândia, mas pode atacá-la destrutivamente (tal como poderia ter facilmente arrasado Kiev...). E ficar à espera das botas inglesas, sem atacar esta, país da Nato.

É evidente que os analistas do Kremlin estudaram todos os cenários, mesmo se surpreendidos por uma resistência ucraniana com que parece não terem contado. Ou seja: se não desde o início, há semanas que os russos estão à espera disto.

O que vai acontecer? Não sei. O arrastar da guerra na Ucrânia é altamente indesejável para a Rússia, mas não me parece que os ucranianos possam sonhar tirá-los de lá. (Uma situação de guerra de baixa intensidade pode manter-se, mas isso não causará uma tão grande mossa à Rússia, suponho). Ou podem querer, num acto de desafio ainda mais arriscado do que o inglês, fazer pagar caro à Finlândia com um ataque brutal.

Apesar de tudo, espero que não. No entanto, Rússia e Estados Unidos já estão frente a frente.

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