quarta-feira, maio 18, 2022

o milagre da transformação da rendição em retirada (ucranianas XCV)

Rendição. Todos vimos a rendição de tropa ucraniana aos soldados russos, vindos dos estaleiros em Mariupol.  Tropa essa que seguiu para território ocupado pela Rússia. Que as autoridades ucranianas e aliados tivesse querido minimizar a derrota, falando em retirada em vez de rendição, estão no seu papel, compreende-se. Que as televisões embarquem na propaganda, não espanta, tem sido sempre esse o seu papel, pelas razões que tenho aduzido. Felizmente há os militares, que não estão, na sua maioria para se prestar ao jogo sujo, não se deixam utilizar nem se intimidam com a pressão analfabeta das "redes"..., e falam no óbvio, que toda a gente viu: a rendição. Além de Agostinho Costa e Carlos Branco, que se dão ao respeito, respeitando que os escuta, também o general Pinto Ramalho, ex-CEME, se referiu à rendição. Claro que também ouvi o historiador António José Telo a dizer parvoíces, sustentando de que não, de modo algum, não se tratava de uma rendição mas do cumprimento de instruções superiores. Eu já o tinha ouvido delirante falando na resistência heróica deste pessoal. Descontando o facto de quererem salvar a pele, pois há contas a ajustar relativas a 2014, o heroísmo está todo na cabeça de Telo. E essa das instruções superiores que terão recebido, é de rir. Instruções superiores para se entregarem ao inimigo que nome tem? Não é rendição?

"Heróis da Ucrânia". Ainda mais branqueados os neo-nazis do Batalhão de Azov, agora transformados em heróis da Ucrânia. Claro que os americanos e os seus homens de mão não têm escrúpulos. Mas fazer desta tropa fandanga heróis (o heroísmo foi o de se barricarem nos estaleiros, apesar de tudo), vem até dar razão ao Putin: que raio de país este que faz dos neo-nazis heróis... Claro que a maioria dos ucranianos não é nazi, até pelo que sofreram na II Guerra Mundial. Mas que eles estão ao serviço do Pentágono, e dos agentes que estão no governo da Ucrânia, lá isso...

O interesse da Europa. Pinto Ramalho foi, aliás, claríssimo no que respeita ao interesses da Europa, que não são exactamente os mesmos dos Estados Unidos, criticando aquele ímpeto anglo-americano exortativo: a Ucrânia vai ganhar a guerra. Talvez já não seja até ao último ucraniano, como planeado, mas até ao último europeu. Os militares já viram o filme todo há que tempos, e porque estudam e sabem, sem andarem a mandar bocas nas "redes", são os mais preocupados.

Derrota estratégica. O ministro João Gomes Cravinho, a propósito do pedido de adesão da Finlândia e da Suécia à Nato, afirmou que a Rússia sofrera uma derrota estratégica. É indesmentível. Mais uma razão para não deixar a Ucrânia na mão dos americanos, como estava até aqui. Portanto, para já, meia derrota.

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