segunda-feira, maio 23, 2022

a experiência dos mèrdia (ucranianas XCVIII)

1. Quem já não sabe de cor as "notícias" atiradas pela imprensa, nomeadamente as televisões, a propósito da guerra na Ucrânia? 

Como se fôssemos todos muito analfabetos, carinhas larocas que fazem o lugar de pivôs das estações lançam para uma audiência que supõem igualmente burra e iletrada: "fontes ucranianas avançam que foram destruídos x tanques russos (sempre uma data deles) e mortos não sei quantos soldados". Mas esta nem é a melhor: é particularmente delicioso ouvir coisas como esta: "Segundo o Ministério da Defesa Britânico, o exército russo (...)" (segue-se uma tragédia qualquer). 

2. Entretanto, os negregados militares -- os honestos ou competentes, independentemente  da avaliação que façam -- dizem claramente: a Ucrânia está a perder -- como sucedeu ontem com o coronel Mendes Dias, que assume a sua posição pró-Nato com honestidade, sem deixar de dizer as coisas como elas se lhe afiguram no momento.

Os militares voltam, por isso, na generalidade, e apesar de muto pressionados pela onda propagandística pró-Pentágono, a marcar a diferença ao contrário de uma grande parte dos comentadores e dos jornalistas. 

Já agora, insuspeitos de putinismo, tenho ouvido com agrado Miguel Szymanski (jornalista) e Tiago Ferreira Lopes (especialista em relações internacionais). Ter uma opinião, sem escondê-la dos leitores/espectadores não é incompatível com uma análise honesta.

3. Entretanto, passo pelo café, sintonizado na mtv, uma das muitas dejecções vindas da pátria da democracy, cujas redes transformam em cloacas os domicílios de quem  sintoniza. Certamente partícipe no esforço humanitário projectado por esta galáxia comunicacional, um exibia-se espectáculo ao vivo e em dialecto duma Natalia Przbzbzybzbz, para que fiquemos todos imbuídos do espírito.

4. Claro que dizer que a Ucrânia nunca quis cumprir os Acordos de Minsk ou que preparava, com conveniente assessoria nato, um ataque de Kiev ao Donbass separatista, é coisa que tem de ser dita por um destes majores-generais a quem a vigarice repugna. Mas isso também só existe graças à imprensa livre, que é uma das poucas coisas boas que nos vem de lá. Imagine-se o que seria só termos acesso aos comentários de Raquel Vaz Pinto (ouvir para acreditar) ou do Serafim Saudade da sic?

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