«Hoje! Já! Mas eu sinto que não queria que fosse hoje! Queria que fosse amanhã, um amanhã indefinido, uma amanhã absolutamente amanhã -- daqueles que nunca chegam... e tanto assim -- que ontem, véspera de hoje, quando hoje era ainda um amanhã -- não me confrangia tanto a ideia do meu internamento -- da minha cura. Pelo contrário: bazofiava de animoso e, com pimponice de valente, afirmava a decisão enérgica de desenclavinhar da carne, do sangue, dos nervos, do espírito, as garras veludosas de quatro anos de morfinismo.»
Reinaldo Ferreira (Repórter X), Memórias de um Ex-Morfinómano (1933)
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