Conjunto de narrativas breves, todas começadas pelo pretérito imperfeito do verbo haver. A capa desafia logo o leitor, seguindo-se a apresentação da autora («Havia uma escritora de contos curtos onde não cabiam narrativas compridas.») Por aqui se nota o ludismo, o brincar com as palavras e os conceitos, a inventiva que atravessa todo o livro, o jogo com o absurdo -- aliás, o primeiro conto começa assim: «Havia um absurdo que não ouvia nada bem» Por vezes, quando tudo parece resolvido e com final feliz ou edificante, dá-se uma reviravolta na página seguinte, com remate ora irónico, ora malicioso, por vezes sardónico... como sucede com aquela cidade desconhecida: «Havia uma cidade que ninguém conhecia porque permanecia anónima. Um dia um paparazzo apanhou-a nua, num barco de férias, ao lado do presidente da câmara da cidade rival. Ficou logo famosa.» (p. 34)
Joana Bértholo, Havia -- Histórias de Coisas que Havia e de Outras que Vai Havendo, Lisboa, Caminho, 2012
Joana Bértholo, Havia -- Histórias de Coisas que Havia e de Outras que Vai Havendo, Lisboa, Caminho, 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário