terça-feira, julho 01, 2014

deformidades

«Na sala pegada, de tecto abaulado, um candeeiro de petróleo alumia outras figuras. São as visitas de enterro: velhas, dois homens, um padre, todos de negro, hirtos e solenes, em roda, nas cadeiras da sala e no canapé de palhinha. De quando em quando uma boca mastiga no escuro. A luz bate-lhes de chapa, ilumina-os como retratos: certos pedaços de fisionomia ressaltam, avançam, outros recuam na sombra. As figuras cerimoniosas são disformes, lembram caricaturas, e os traços exagerados exprimem egoísmo, avareza e secura.»

Raul Brandão, A Farsa (1903)

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