Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel García Márquez, Dinis Machado (1984)
Começando por dizer que não se trata bem de um conto, mas de uma micro narrativa ficcional, é-o num modo puramente dinismachadiano (tem de ser assim, atendendo ao D. Dinis e ao Machado de Assis...). Toma de início a maneira de García Márquez -- então no auge da glória nobelizada -- para rapidamente se libertar para umas cores menos tropicais e mais atlanto-mediterrânicas, da paleta que o romancista de O que Diz Molero consagrou, em 1977. Dinis Machado à solta, portanto, livre como num argumento onírico de Van Hamme para Mr. Magellan, que Machado publicara na revista Tintin, de sua direcção, e que tanto marcou a minha geração, e as contíguas. Como o Dinis Machado, só alguns, muito poucos.
O incipit: «Antigamente, eram os barcos.»
1 comentário:
« -- Pois vai, vai -- pronunciou meu mestre, subindo os degraus --; manda-te a gratidão e é também um pequeno seguro contraído sobre o porvir. Ninguém tem tão temperada a viola da ventura que em má hora se lhe não quebre corda. Ainda mais que Portugal inteiro é um retábulo das almas do Purgatório. Tudo anda de mãos postas a pedir! Ora, já que é esta a condição dos portugueses, tenhamos boas madrinhas e D. Estefânia está na volta da idade em que é agradável ser fada. Adeus, cá te espero para o jantar.»
Aquilino Ribeiro, "A Via Sinuosa" (1918)
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