Sobre estas criaturas de mau aspecto não tenho grande coisa a dizer. Alguns nem sei quem são; outros, tenho-os por indivíduos incensados pelos merdia, empreendedores, gestores e todo esse género de fauna que os jornalistas da área adoram, e as business pimping schools dão como exemplo. (É tão bonito, ao folhear, por exemplo o Dinheiro Vivo, suplemento do Diário de Notícias, ver-lhes as carinhas e os títulos com que se apresentam, normalmente em estrangeiro: head não sei do quê; ceo não sei do que mais, e a puta que os pariu, de tão saloios que são.) No outro dia, em zapping pela televisão do Correio da Manha, ouvi a transcrição de uma escuta daquele tipo de óculos escuros, assim de maneira muito breve. Nem tenho ideia de ter ouvido referir alguma ilegalidade; apenas se espojava um predador sem escrúpulos e ganancioso, e agora, segundo a imprensa, também um corruptor confesso. São estas ratazanas que transformam o país num esgoto, feras que compram políticos, jornalistas, académicos debitantes em espaço público, à sua mercê, e que muita inveja causam a tantos do povoléu que gostariam de ser como eles, mas não passam de material calcante onde os seus ídolos pisam e sentam os valiosos cus, sem que tenham a beleza dum Bugatti.
Uma coisa boa, dir-se-ia: as autoridades estão atentas e as feras estão enjauladas ou manietadas. Não sou tão optimista. Por cada vígaro deste tipo que a polícia prende e a justiça tenta julgar, muitos outros e ainda outras negociatas destes mesmos se escoam pelos off-shores, paraísos de gatunos a funcionar nas barbas de todos nós. É como os traficantes de toda a espécie.
Concluindo: os alegados criminosos acima estampados (supondo que todos o sejam), não conheço, e só de dois sabia da existência. Como bandidos, reservo-lhes o lugar e dispenso com eles o tempo que dou aos que matam as mulheres, traficam droga e por aí fora -- ou seja, nenhum. Muito mais grave, os plumitivos que lhes tecem loas -- nunca desinteressadamente --, ou a politicalha que os serve, que tanto podem ser tipos que se dizem "socialistas" como os que se dizem "cristãos" de direita mais ou menos extrema e papam hóstias nas missas de domingo de manhã ou sábado à tarde: além de traidores às ideias que dizem seguir, não passam de serventuários à espera dos restos do jantar dos senhores para quem fuçam, assim como cães.
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