sexta-feira, julho 21, 2023

Miles Davis, «Deception»

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

No dia 21 de Julho de 1948 faleceu Tomás Leal da Câmara insigne caricaturista.

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/leal-da-camara-caricaturista-de-renome/
"Exposição de pintura, desenhos, caricaturas e mobiliário, em off, leitura, ao longo do programa, de texto extraído da biografia "Leal da Câmara (vida e obra)", escrita por Aquilino Ribeiro".

LEAL DA CÂMARA
«O seu talento de artista era opulentissimo. Da caricatura transitava para a pintura de género tão facilmente como um compositor de raça passa dum "impromptu" para uma sonata. O manejo da água-tinta era-lhe familiar desde o início da sua carreira. Com o tempo, utilizou-se do óleo e do pastel. Em tudo mostrou garra, senão personalidade. Os pastéis que trouxe do Porto, onde estanciou durante largos meses, descrevem-nos o velho burgo de Arnaldo Gama no seu fácies recatado, esse que se entrega apenas aos olhos amantes ou feiticeiros. A luz, a tonalidade, o "quid" local feito de pequenos nadas, de imponderabilidades, ele as traduzia com o seu olho gázeo de "loup-garou".
Quando se deixa penetrar da melancolia das coisas é poeta. Os seus parques, fundo das tragédias românticas dos "pierrots" são poesias de Chénier ou Eugénio de Castro. Já dissemos que Leal da Câmara tinha poetas na família, não é pois de estranhar esta sua veia lírica. Alfa está no círculo sem fim das coisas ao pé de ómega, como o truculento caricaturista dos reis e dos "marlous"está junto do delicado paisagista do Outono e dos saloios joviais, dos saloios inocentes acabados de sair da arca de Noé, bêbados e de pernas bambas como o patriarca. A sua verve era inesgotável e a tudo refrescava, a tudo trazia seiva e luz como uma linfa penetrada do sol-nascente.»
Lisboa, Inverno de 1951.
Aquilino Ribeiro, "Leal da Câmara-Vida e Obra"

R. disse...

Curiosa incursão do Aquilino.